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30 dezembro 2021

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Antes Que o Ano Acabe

30 dezembro 2021 0 Comentários

O I.N.E. (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA) DIVULGOU MAIS INFORMAÇÃO DEMOGRÁFICA RELATIVA AO ÚLTIMO RECENSEAMENTO DA POPULAÇÃO.


A freguesia de Montalvão conta com 290 habitantes: oito crianças até aos 14 anos, catorze adolescentes até aos 24 anos, 95 adultos até aos 64 anos e 173 idosos com 65 ou mais anos!

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29 dezembro 2021

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Repórter TVI

29 dezembro 2021 0 Comentários

A PROPÓSITO DA EXIBIÇÃO DE UMA REPORTAGEM NO «JORNAL DAS OITO» DO CANAL DE TELEVISÃO TVI.




Exibida em 28 de dezembro de 2021 com filmagens realizadas entre 31 de outubro e 7 de novembro deste ano de 2021.

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17 dezembro 2021

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A Carreira (Parte I: Viação Murta)

17 dezembro 2021 2 Comentários

EM FINAL DOS ANOS 30 O TRANSPORTE DE PASSAGEIROS E MERCADORIA LIGEIRA (ENCOMENDAS) CHEGA A MONTALVÃO.



Num território muito isolado, pela rede hidrográfica conjugada com o solo com afloramentos rochosos de grande dimensão que dificultam a circulação dentro do vasto território quanto mais sair dele. A rede de caminhos - para pessoas e um animal sempre foi muito utilizada - para "carretas e carros de parelha" já menos e com muita dificuldade entre meados do Outono e outro tanto na Primavera. Mas havia ligações diretas para Castelo Branco (via Lomba da Barca para atravessar o rio Tejo), Cedilho (atravessando o rio Sever em alguns locais desde a confluência da ribeira de São João até à foz no rio Tejo), Castelo de Vide (via Póvoa e Meadas), Alpalhão (aproveitando uma fase plana do Ribeiro de Fivenco e da Ribeira de Nisa a montante destas) e Nisa (via ponte de pedra da Senhora da Graça, caminho onde se desenvolveu o Pé da Serra por ficar numa cumeada e na encruzilhada do caminho para a Salavessa e Montalvão). Mas foram as estradas (clicar) que permitiram que não fossem apenas os almocreves e os bufarinheiros a sair e entrar de Montalvão vindos de outras localidades ou os «riques» de Montalvão utilizando os seus cavalos e éguas. 


(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)


Apesar de ainda ser um mapa em que havia pouco rigor por não haver "triangulações geodésicas" que só em meados do século XIX foram usadas em Portugal não havia a estrada que há na atualidade bem como a ponte da mesma na ribeira de Nisa. A circulação entre Montalvão e Nisa fazia-se pela ponte de pedra da Senhora da Graça
A ponte de pedra sobre a ribeira de Nisa junto da Ermida de Nossa Senhora da Graça


Coube a uma empresa de transportes de Portalegre a «Empresa de Viação Murta» começar a explorar comercialmente a norte da cidade, utilizando as estradas para ligar as localidades mais importantes. Os "Murtas" já tinham vasta experiência no transporte de passageiros quando estudaram a forma de ligar Portalegre com Montalvão e localidades próximas conseguindo paragens em cinco localidades com os autocarros de passageiros a pernoitar em Arez. Cada viagem ou percurso demorava cerca de três horas e meia, de manhã e outro tanto à tarde. Sete horas de trabalho para os empregados da «Empresa de Viação Murta». Havia a preocupação em fazer ligação - mesmo não direta - com percursos ferroviários na Linha do Leste por ligação ao Ramal de Cáceres (por Castelo de Vide) e ao Ramal de Portalegre (por Portalegre) pois «Os Murtas» iniciaram a atividade, em 1927, estabelecendo percursos com estas estações ferroviárias.

Todos os dias, 365  ou 366 dias por ano. De manhã: partida de Montalvão pelas 08:33 horas chegando a Portalegre pelas 10:10 horas. Montalvão passou a estar a 37 minutos de Nisa, 17 minutos de Póvoa e Meadas, 42 minutos de Castelo de Vide, uma hora e sete minutos de Portagem e 1 hora e 37 de Portalegre. À tarde: saída de Montalvão às 18:32 horas para chegar a Arez pelas 19:25 horas. Nisa a 37 minutos e Arez a 53 minutos
Portalegre (10$00), Portagem (6$50), Arez (5$50), Castelo de Vide (5$00), Nisa (3$50) e Póvoa e Meadas (2$50). Havia o mais importante transportes mas só para quem tinha grande necessidade (não era "barato" para o que se ganhava à jorna nos Anos 40) e compensava largamente, em tempo, comodidade e gastos em comida para muito mais horas de viagem. Na «apanha da azêtona», em meados dos Anos 50, a jorna (diária) era de 5$00/6$00 para as «mulhés»  e 8$00/10$00 para os «hómes». Os «riques» até eram os que pagavam menos. O meu avô materno - Ti Zé Caratana (carpinteiro) mas com cerca de mil oliveiras - tinha de contratar ajudantes pagando 6$00 e 9$00 ou 10$00 (para «catchópes» já adultos aos domingos) quando questionado, desta incongruência, respondia com o seu tom irónico: "Então porque é que achas que eles são ricos?" 
Em cima: Internacional de 1935 (AD-42-37) com 33 lugares. O autocarro de passageiros (ou poderia ser outro semelhante) que fez a primeira viagem comercial a ontalvão, em 8 de maio de 1939. Em baixo: Ford de 1941 (EI-11-54) com 30 lugares
Com base no mapa que existia em 1939 - embora algumas estradas já tivessem tido melhoramentos - o percurso entre Arez e Portalegre e vice-versa que consumia, respetivamente, duas horas de 35 minutos e duas horas e 25 minutos
10 de setembro de 1952. A placa da paragem da "Viação Murta" (assinalada a azul) na parede de um dos edifício, do lado esquerdo, de quem sobe a rua de São João, ou seja, no sentido do trânsito a descer, embora os autocarros de passageiros não passassem para lá deste local, ou seja, não subiam o Arrabalde. Chegada da comitiva oficial a Montalvão subindo a rua de São João para inaugurar as novas instalações da Casa do Povo, num edifício construído exclusivamente para tal, na antiga "Horta da Ramalhoa" na rua de São Pedro. Com a "Transportadora Setubalense" a paragem passaria para o lado contrário - do outro lado da rua, no sentido do trânsito a subir - embora paralela a esta

Com a melhoria nas estradas e nos veículos além de encurtar horários foi possível gastando o mesmo tempo chegar a outras localidades. Por isso os "Murtas" estudaram possibilidades para chegar mais longe indo mais depressa tentando outra ligação com os caminhos de ferro - Linha da Beira Baixa, em Belver. Por dificuldades várias só quase 20 anos depois foi possível Montalvão ter ligação direta, com regularidade diária, a Belver. 

Do melhor que havia em Portugal nos Anos 50: Maudslay/AEC Regal IV com 42 lugares (GA-18-86) e Berliet com 33 lugares (IA-20-93) 
O autocarro Daimler de 1954, com 43 lugares, que deve ter "visitado" Montalvão em alguma viagem até 1957 continuando depois desta data a transportar pessoas e "encomendas" pela «Transportadora Setubalense». A frota estava modernizada - quando comparada com os autocarros do inicio da «Empresa de Viação Murta» - como se comprova na imagem superior, com autocarros Magirus, Berliet e Maudslay

A empresa desmoronou-se por morte de pai e filho num curto espaço de tempo, tendo a família decidido vender veículos e autorizações de exploração de percursos, para passageiros, a João Cândido Belo com a sua poderosa «Transportadora Setubalense» ("Os Belos") a adquirir a «Empresa de Viação Murta» em 1957. Mas isso é outra história.



Próxima Paragem (parte II): Transportadora Setubalense. 


NOTA FINAL: Agradecimento a Luiz da Trindade Martins Murta e ao seu filho, Artur Pereira Martins Murta, donos da «Empresa de Viação Murta», pelo modo como permitiu quebrar o isolamento de pessoas e mercadorias em Montalvão possibilitando que este grande povoado e território a Norte do norte alentejano se ligasse ao Mundo. Obrigado.

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11 dezembro 2021

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Antas

11 dezembro 2021 1 Comentários

UMA DAS QUATRO FOLHAS EM QUE O VASTO TERRITÓRIO MONTALVANENSE ESTEVE DIVIDIDO DURANTE SÉCULOS.



Talvez que desde a formação da localidade já com características de povoação para lá de um lugarejo, entre finais do século XIII e início do século XVI.


Carta Corográfica de Portugal; Folha 28 (Nisa); Escala 1/100 000; Instituto e Geográfico e Cadastral; Edição de 1960; Lisboa

Aquando do inventário para avaliar os danos causados pelo terramoto de 1 de novembro de 1755, da Corte em Lisboa, foi enviado um inquérito aos párocos de todo o País, aproveitando para saber de cada paróquia - povoações e territórios - as características geográficas, demográficas, históricas, económicas, religiosas e administrativas. O aviso (perguntas) data de 18 de janeiro de 1758, assinado pelo Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino (equivalente ao atual primeiro ministro), Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro «Marquês de Pombal» em 1769 depois de ser «Conde de Oeiras», em 1759. A resposta de Montalvão surge em 24 de abril de 1758, pelo Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça.


A pergunta é:



5. Se tem termo seu: que lugares, ou aldeas comprehende, como se chamaõ? E quantos visinhos tem?


A resposta (texto inicial):



5. Tem termo proprio dividido em quatro folhas - a saber Diagueiros, que tem huma legoa de comprimento para as partes de Castello de Vide = a folha de Magdalena, que tem outra legoa de comprimento para as partes de Nisa - A folha das Antas que hé a menor de todas terá três quartos de comprimento para as partes de Castella = finalmente a folha da Barreyra, que tem huma légoa para as partes da Beira, e finalisa no rio Tejo = ...... continua com a descrição e dimensão dos lugares


A folha das ANTAS deve o nome, certamente, à enorme variedade de construções megalíticas, com origem nos primeiros Seres Humanos que ocuparam a região na Pré-história, que existiam em ambas das margens do rio Sever e cujas lajes e pedras foram depois aproveitadas pelos montalvanenses para fazer palheiros, currais, poços e pedreiras. Apesar de ser uma "folha" pequena é a que era mais generosa em água, quer de nascentes, quer de água corrente (rio Sever). Era nesta "folha" que se localizavam quatro dos principais poços que abasteciam de água a povoação, além de um generoso chafariz (clicar). Dotada de inúmeros pequenos cursos de água (barrocas) que desaguam no rio Sever, mesmo os dois ribeiros - «Marí Neta» e «Dourédes» não têm grande extensão e correm pouco tempo no Inverno. Mas era uma "folha" com facilidade de ligação a Castela, depois Espanha nas proximidades de Montalvão. Além disso havia as azenhas (moinhos de rio) e uma grande variedade de peixes. "Folha" pequena mas com variedade de utilização e amplas e diversas possibilidades. 



As três pequenas sub-bacias:

Ribeira da Marí Neta;

Ribeiro dos Dourédes;

Barroca de Vale do Forno.



Em Montalvão, um chafariz é uma nascente com uma bica em que a água corre para uma pia onde animais de grande porte (vacum, cavalar, muar e asinino) podem saciar a sede. Uma fonte pode ser um poço - água tirada a caldeiro - mas ficando sempre num espaço público. Uma nascente com bica mas sem pia a que tenham acesso animais de grande porte também é uma fonte, por isso há dois tipos de fonte: com bica e com caldeiro (forma de poço, mas em espaço público). O Chafariz de Santa Clara é a melhor nascente em toda esta folha das «Antas». 



A folha das «Antas» tinha grande importância pois permitia a ligação a Espanha embora devido ao encaixe do leito do rio Sever - as «Barrêras do Rio» são imponentes - apenas em determinados açudes e pégos (portos) com destaque pelo do Artur que se localiza no seguimento da Porta de Baixo. A descrição do rio Sever, publicada em 1803, merecerá destaque em breve, completando o que dele se escreveu (clicar). 



Apesar de pequena - relativamente às outras três folhas (Diagueiros, Madalena - nesta há muitíssimo para "dizer" até porque Santa Maria Madalena é padroeira (protetora) dos Templários - e Barreiras) a folha «Antas» tinha dois caminhos estruturantes. Para Oeste, o dos Moinhos - servindo essencialmente a azenha do Artur - e para Norte o caminho da Foz que era junto a Montalvão o caminho para a Lomba da Barca, ligando o Alentejo com a Beira Baixa praticamente todo o ano, exceto em dias de invernia que tornassem o rio Tejo perigoso devido à corrente e materiais arrastados que pudessem provocar rombos na Barca. No troço final o «Caminho da Foz» deixava de ser uma linha de festo, topos ou cumeada e seguia junto ao leito da Barroca de Vale do Forno.




Num território que pertencia a Montalvão, numa das quatro folhas em que estava dividido junto aos caminhos que estruturavam este espaço e permitiam a sua utilização e atravessamento - o caminho dos Moinhos com ligação a Espanha todo o ano pela azenha do Artur - localizava-se a Ermida de Santa Margarida. Todas as quatro folhas tinham um caminho estruturante e uma Ermida importante.


Conhecer a evolução de cada uma destas quatro folhas é perceber como se conseguiu assegurar a subsistência de uma povoação como Montalvão. É tão interessante perceber a evolução agrária destes espaços do vasto território montalvanense como perceber a evolução e crescimento dos arruamentos do povoado.


Numa área dominada pela média e grande propriedade com destaque para o «Monte da Foz», tendo como últimos proprietários António Ferro (morava na rua da Barca) depois dos filhos «Jaquim Ferro» - solteiro morou com ele - e Domingos Ferro, habitava a casa do sogro o senhor Jaime (Regedor durante décadas) na casa da Praça da República (Monte da Foz que agora, consta, são eucaliptos do Novo Banco) há a curiosidade de a sul dessa propriedade e a norte dos Dourados existir um núcleo de olival em minifúndio - cerca de uma centena de «tchões» bem longe de Montalvão, aproveitando as vertentes de duas barrocas do «Muro da Porta» e do «Brás Neto». Esta "folha" como é a menor torna-se mais fácil de perceber quem eram os proprietários: ascendentes da família do senhor António Ferro e da esposa do senhor António Louro. Um dos maiores terratenentes montalvanenses - António Ferro - viu terminar a descendência, a viver em Montalvão, com a morte trágica do neto - um filho (Joaquim Ferro) nunca lhe deu netos e o outro - Domingos Ferro - teve um descendente que faleceu na Guerra Colonial (norte de Angola), em 21 de novembro de 1964, a quatro dias de completar 23 anos (clicar) além de uma filha que casou com um espanhol indo viver para Espanha. 


Só pode existir uma povoação e esta ter desenvolvimento durante séculos (sete) porque há um território que lhe deu subsistência e sustentabilidade, bem como a existência de água. Sem água não há vida.


Assim se foi fazendo Montalvão...

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03 dezembro 2021

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A Epopeia da Água (Parte 1: Localização)

03 dezembro 2021 0 Comentários

A EXISTÊNCIA DE ÁGUA POTÁVEL É FUNDAMENTAL PARA UM TERRITÓRIO SER POVOADO E FAZER CRESCER ESSE AGLOMERADO POPULACIONAL.


Montalvão tem uma localização de excelência num sítio elevado mas a água escasseia. A distribuição canalizada, a partir de 1965, resolveu o problema mas até esta existir chegou a ser problemática a falta de água quando o povoado atingiu quase três mil pessoas, em meados da década de 40.




No início do século XIX há descrições e considerações acerca da água, quantidade e qualidade.  Foi o então Oficial do Real Corpo de Engenheiros, José Maria das Neves Costa, nascido em Carnide (atualmente pertencente a Lisboa) que fez o reconhecimento militar da fronteira do Nordeste Alentejano, a deixar um conjunto de memórias descritivas e uma carta topográfica pormenorizada que mesmo sendo trabalhos para o exército (Inspeção Geral das Fronteiras e Costas Marítimas do Reino). Apesar de ser realizado sob o ponto de vista do interesse militar, o trabalho documenta com preciosidade e minucia o que eram e que condições tinham os montalvanenses no início do século XIX. Em 1803 foi publicado o seguinte:


Até à adoção do sistema métrico decimal (francês) em que a légua passou a equivaler a cinco mil metros (decreto de 13 de dezembro de 1852) uma légua era um múltiplo da polegada sendo superior aos atuais 5 000 metros, variando entre 5,5 e 6,6 mil metros. Cerca de meia légua, em 1800, seria aproximadamente três mil metros atuais. As três fontes em "diferentes direções" aproximadamente a essa distância, seriam na Charneca (Oeste) ainda (talvez) a Fonte Ferranha (Sul) e para Noroeste do povoado, a Senhora dos Remédios com três nascentes: fonte atrás da Ermida (Fonte da Senhô Drumédes), Fonte Antiga e Chafariz da Venda  


A descrição é fácil de interpretar embora haja algumas questões. Se no início do povoamento com os Cavaleiros da Ordem do Templo a água não era problema, pois seriam poucos os montalvanenses, em 1800, para cerca de mil habitantes já havia escassez no final do Verão pela utilização desde o final das últimas chuvas de Primavera com as nascentes a minguar à espera das primeiras chuvadas de Outono. A qualidade não era famosa, nem é, pois são nascentes em terreno de xisto. Longe da povoação há água com melhor qualidade, em terrenos de arcoses (areia e cascalho/ponedros) como na Charneca (a Salavessa beneficia desta água) e no Monte do Pombo (que foi povoação, beneficiando desta água) noutro núcleo de arcoses que tem água de boa qualidade para as «Cerejêras» e para a "Senhô Drumédes».

 

Extrato da Carta Geológica de Portugal; folha 28-D (Nisa); 1/50 000; Direcção Geral de Minas e Serviços Geológicos; 1964; as arcoses ou terrenos de "areia e cascalho" entre a Ermida da Senhora dos Remédios e o Monte do Pombo, onde nasce a água com melhor qualidade (a par da Charneca/Salavessa) do vasto território montalvanense


A Norte de Montalvão a água é mais abundante que a Sul. Pela fisionomia de Montalvão e histórico de crescimento dos arruamentos a vertente norte foi mais intensamente povoada - considerando que o eixo fundamental Rua do Outeiro - Praça - Rua Direita - Rua do Cabo - Corredoura - abastecia-se a Norte (mesmo localizando-se no topo do Monte) - daí o número de fontes ser superior. Em Montalvão, um poço se ficar num caminho público ou azinhaga é uma Fonte. Depois há as fontes com bica e os chafarizes que têm bica ou água tirada a caldeiro mas junto há uma pia para que os animais de maior porte - gado vacum, cavalar, muar e asinino - possam saciar a sede. 




Para Norte

A norte de Montalvão ficam cinco das oito fontes (poços na via pública). A Fonte Cereja é a mais próxima (pouco mais) tendo melhor acesso por ser mais plano mas tem água salobra imprópria para beber ou cozinhar. Servia para lavagens e "dar de beber" aos animais. O grande sistema de fontes montalvanenses - quatro - ficava nas nascentes da ribeira da «Marí Neta» que teve diminuição de caudal à medida que o povoamento (e consumo de água na localidade) em Montalvão aumentou. Mais água retirada em profundidade, menos água para correr à superfície. Curiosamente estas quatro fontes tinham características diferentes - quantidade e qualidade da água - ainda que fossem todas muito próximas. Merecem um capítulo à parte, aliás dois: "As Três Fontes" e a "Barroca e Fonte de Mato».




Para Sul

A sul do povoado ficam três fontes das oito. Delas só resta uma - a Fonte Souriça - pois a Fonte Carreira e o Fontanhão foram tapadas depois de ser estabelecido o sistema de água canalizada. A água da Fonte Souriça não é própria para beber a não ser pelos animais. Mas merece destaque "por outros motivos". Aquando da construção e inauguração da "Escola Nova" (23 de janeiro de 1950: clicar) no «Burnáldine» não havendo água canalizada - só em 1966 - as raparigas que ocupavam o lado direito/norte do edifício iam abastecer a escola de água na Fonte Carreira, já os rapazes (lado esquerdo/sul) abasteciam a escola com água do Fontanhão. Colocar crianças no rebordo de poços era de uma inconsciência que nem pode ser considerada "naquele tempo era assim..." isto porque houve - pelo menos uma «catchópa» - que se indignou por obrigarem raparigas com menos de dez anos a "tirarem água a caldeiro" da Fonte Carreira, em cima do muro de pedra do poço, e pagou pela ousadia.  


1. Chafariz de Santa Clara (com bica e duas pias, uma frontal para pessoas e a lateral para animais)


Algo que causa alguma "estranheza" no levantamento efetuado, por José Maria das Neves Costa, é a não referência a duas nascentes que eram importantes - embora já longe do povoado - para quem tinha que fazer o percurso de ida e volta (este já com o peso da água em cima): o "Chafariz de Santa Clara" (a Norte) e a Fonte Judia (a Sul). Será que não existiam em 1800?  Ou foram consideradas como menos utilizadas devido a ficarem longe, para quem "ia à Água" que eram geralmente «Catchópas» que faziam um enorme esforço para trazer água dos oito poços quanto mais de nascentes para lá do aceitável quando o percurso era pedestre e havia que equilibrar as «infusas» ou bilhas na cabeça?


2. Fonte Judia (cisterna com água retirada a caldeiro) é também uma das nascentes do Ribeiro de Ficalho

A água era essencial e quanto mais crescia o povoado mais se notava a falta dela. Muitos poços em propriedades privadas foram sendo construídos tal como pedreiras. Esta é outra história. Aproveitar uma pequena nascente ou um nível freático mais superficial para abrir um espaço, em forma de meia lua, com parede do lado mais profundo.



O vai-e-vem todo o ano a caminho das «Fontes» era fundamental para ter as "infusas", bilhas e cântaros cheios. Comida e saciar a sede dependiam de ter água e da sua qualidade.



Próxima Paragem: Parte II - A Utilização


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01 dezembro 2021

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Pezinhos de Porco Com Batatas

01 dezembro 2021 0 Comentários

NUMA RECEITA HÁ MAIS DE SEIS GERAÇÕES NA FAMÍLIA, NESTE CASO À MODA DE ANA DA GRAÇA.


Em Montalvão há cerca de quatro dezenas de cozinhados, embora um terço seja o mesmo que outras terras do Nordeste Alentejano, outro tanto semelhante a outras localidades e outro igual com características montalvanenses muito próprias.

 

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25 novembro 2021

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Rio Sever 1758 (Parte I: Peixes)

25 novembro 2021 0 Comentários

A POPULAÇÃO MONTALVANENSE TINHA NO RIO SEVER UMA OPORTUNIDADE DE LAZER E VARIEDADE ALIMENTAR.



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20 novembro 2021

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Montalvão 1890

20 novembro 2021 0 Comentários

A DEMOGRAFIA MONTALVANENSE HÁ 130 ANOS ERA UM «ASSUNTO À PARTE» COMPARADA COM A ATUALIDADE. 



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06 novembro 2021

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Ribeiro de Fivenco 1803

06 novembro 2021 4 Comentários

RIBEIRO IMPORTANTE NUM VASTO TERRITÓRIO ONDE OS RIOS QUE O DELIMITAM SÃO O TEJO E O SEVER. 


A grafia do nome do ribeiro é muito variada, tendo já referências ao mesmo escritas no século XVIII (Fivelrro), no século XIX (Fevebro, Feverlo e Fevel) e no século XX (Fivelo, Fivenco e Fouvel) certamente influenciadas pela oralidade com que quem perguntava se confrontava. No século XX na Salavessa é Fiverlô e em Montalvão até se ouvia duas designações: Fevêle ou Fouvôile.«Lá pró Pé Lázar no rebêre de Fouvôile!»


Seja como for o ribeiro é estruturante para o território, primeiro concelho e depois de 6 de novembro de 1836, freguesia não só por ser uma linha de água das maiores e sem dúvida a que tem a maior superfície (sub-bacia hidrográfica fazendo parte da bacia do rio Tejo de que é afluente "direto") ocupando na freguesia a maior área muito superior a qualquer outra. Aliás o Plano Diretor Municipal de Nisa dá-lhe o devido destaque.



Mas o ribeiro de Fivenco tem ainda outras duas particularidades. 

1. É sem dúvida um dos responsáveis pelo isolamento do território durante séculos devido à dificuldade, principalmente de Inverno, que colocava em ultrapassar de uma margem para outra - ou seja, isolava Montalvão para Sul e Sudoeste - sendo a sua importância e inacessibilidade tal que é a vertente sul demarca a fronteira do anterior concelho e depois freguesia praticamente em toda a extensão. Desde a nascente quase na Póvoa e Meadas até muito próximo da foz. Até é algo surpreendente o porquê do território montalvanense ter como limite o leito do ribeiro já tão perto da sua confluência com o rio Tejo quando o setor da sua sub-bacia que não faz parte da freguesia é diminuto. Ao tempo, quanto foi feita a demarcação, entre Montalvão e Nisa (freguesia de Nossa Senhora da Graça), algo fez com que assim ficasse decidido.  




   2. O ribeiro tem importância desigual para a Salavessa e para Montalvão. Correndo a sul da Salavessa tem (ou tinha...) para esta uma importância económica que não tem para Montalvão. Tinha moinho (do Fivêrlo) e na foz uma azenha (Pêgo do Bispo) já no rio Tejo, sem dúvida o engenho mais sofisticado para moagem existente em todo o território montalvanense. Ficará para outra ocasião fazer uma espécie de radiografia do ribeiro desde a nascente até à foz - onde foi mesmo cortado uma nesga de lajes, o «buraco» - para abreviar o local onde desagua no rio Tejo. Com fotografias de vários locais, alguns bem pitorescos, incluindo as travessias centenárias, além de imagens do moinho do Fivêrlo. Serão notas com a descrição de alguém que é de Montalvão valorizando com a opinião salavessense, até porque em termos de importância, o ribeiro é "muito mais da Salavessa que de Montalvão" visto ser mais importante para a Salavessa que para Montalvão. 



Neste texto há que colocar a descrição do ribeiro feita há 220 anos por quem não era da região mas estava a fazer um reconhecimento do território.  Foi o então Oficial do Real Corpo de Engenheiros, José Maria das Neves Costa, nascido em Carnide (atualmente pertencente a Lisboa) que fez o reconhecimento militar da fronteira do Nordeste Alentejano, a deixar um conjunto de memórias descritivas e uma carta topográfica pormenorizada que mesmo sendo trabalhos para o exército (Inspeção Geral das Fronteiras e Costas Marítimas do Reino). Apesar de ser realizado sob o ponto de vista do interesse militar, o trabalho documenta com preciosidade e minucia o que eram e por onde se deslocavam os montalvanenses no início do século XIX. Em 1803 foi publicado o seguinte:

 


Santo António da Giesteira onde na realidade a fisionomia do ribeiro se altera profundamente.


E as descrições que ilustram como o ribeiro para os montalvanenses, antes da construção da estrada nacional n.º 359 que liga Montalvão a Nisa, era um forte factor de impedimento das ligações a Nisa/Pé da Serra e Alpalhão. Neste caso é de referir que antes da construção da citada estrada o caminho para Alpalhão não coincidia com o caminho para Nisa. Exatamente para aproveitar passagens mais facilitadas sobre o ribeiro de Fivenco e sobre a ribeira e Nisa.





   Próxima paragem: o ribeiro de Fivenco no século XXI


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