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18 maio 2023

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Dia da Espiga

18 maio 2023 0 Comentários
NA QUINTA FEIRA DE ASCENSÃO OS MONTALVANENSES NUNCA SE ESQUECIAM DE RECOLHER E COMPOR UMA BONITA MAIA COM AMPLO SIGNIFICADO.



Era popularmente conhecido como o «Dia da Espiga». Assinala-se 40 dias depois do domingo de Páscoa anunciando a «Sagrada Ascensão de Jesus Cristo para junto de Deus onde está à sua direita».  



Em Montalvão, até meados dos Anos 40, havia duas missas dedicadas a consagrar a «Ascensão do Senhor». A habitual logo pelas "matinas" e ao final da tarde ("trindades") anunciadas pelo toque do sino da torre norte, com o Sacristão a tocar o sino nove vezes em três séries de três toques, mas durante o dia dominava a alegria anunciando a Primavera (número de horas de dia superiores à noite) e a importância da luz para o Mundo Rural. 



Quem estava no campo aproveitava e colhia, uma planta aqui, outra acolá até fazerem uma maia. Os que não estavam, geralmente mulheres, catchópas e catchôpos, aproveitavam uma pequena folga nesse dia - podia ser logo pela manhãzinha ou pela hora de almoço - e iam ao campo colher as "peças" que faziam essa maia ter uma riqueza simbólica para o mundo rural, inigualável. É constituída por cereais, plantas silvestres, arbustos e árvores. Em Montalvão, geralmente, o cereal era Trigo. As flores campestres eram a Papoila e o Malmequer. Nos arbustos, colhia-se Alecrim e uma haste de Parreira. E um indispensável raminho de Oliveira. Fazia-se uma maia - conjunto de caules e ramos - a que se dava, simplesmente, o nome de «Espiga».



Chegados a casa colocavam-se os ramos atrás das portas que iam secando com a passagem do tempo. Só seria substituído pelo do ano seguinte.



Por vezes, ao longo do ano, em dias de aflição, como nas tenebrosas trovoadas montalvanenses, queimava-se ao lume uma das hastes ou parte dela, de alguma das suas seis componentes.






Trigo: A espiga de trigo simbolizava o pão. Que nunca faltasse à mesa até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.



Alecrim: O caule de alecrim simbolizava a saúde. Que nunca faltasse a alguém naquela casa até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.



Oliveira: O raminho de oliveira simbolizava a paz. Que nunca houvesse desavenças dentro de casa, existisse tranquilidade entre familiares, paz na aldeia e no Mundo. Que a colheita de azeitona e azeite fosse farta para não faltar azeite, na candeia e na panela ao lume, pois a fome e o breu trazem conflitos e desentendimentos. Que houvesse serenidade até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.



Malmequer: A flor do malmequer silvestre simbolizava a riqueza. Que nunca faltasse naquela casa, que fosse um ano de fortuna, mesmo apenas afortunado servia, e que cada um dos membros da família soubesse usar o dinheiro até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.



Papoila: A flor da papoila campestre simbolizava o amor. Que nunca faltasse naquela casa, nem a felicidade a todos os seus ocupantes até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.


Parreira: A haste de videira simbolizava a alegria. Que nunca faltasse naquela casa, nem a cada um dos seus habitantes os rostos alegres e joviais até à quinta feira de ascensão do ano seguinte.


Em 2024, a quinta feira de ascensão será em 9 de maio. 



Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As atividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino
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