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20 abril 2022

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A "Ilha" Improvável

20 abril 2022 0 Comentários

EM CERCA DE 40 MIL LOCALIDADES EXISTENTES EM PORTUGAL CONTINENTAL E INSULAR - ALGUMAS JÁ DESABITADAS - EIS QUE APARECE MONTALVÃO "NO MEIO DO NADA".




A referência gráfica não deixa de causar espanto e ser surpreendente.

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06 agosto 2021

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Montalvão no Mundo

06 agosto 2021 2 Comentários

OU COMO O NOME DE MONTALVÃO CORREU MUNDO ATRAVÉS DOS MAPAS NOS SÉCULOS XVI E XVII.



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04 julho 2020

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Sinais dos Tempos

04 julho 2020 0 Comentários
O QUE FOI DRAMÁTICO, NO DESENVOLVIMENTO E NA DEMOGRAFIA NO INTERIOR DE PORTUGAL, FORAM OS MELHORAMENTOS CHEGAREM TARDE.


Tal como em Montalvão, quando a desertificação demográfica e a decréscimo da atividade económica já eram irreversíveis. Ainda continua na atualidade. Mesmo a sede de concelho (Nisa) nem aparece em mapas temáticos quando estes são acerca de equipamentos e infraestruturas da modernidade. 



Nos Anos 60, na presidência da Câmara Municipal de Nisa, tendo por principal edil, o «Doutor Mário» ainda houve melhoramentos assinaláveis como um ambicioso plano de atividades para 1965.



O pontão no «Rebêre de Fevêle» foi substituído por uma ponte, entre 1965 e 1966, mas os que tanto necessitaram dela (bem como da estrada entre a Salavessa e o Pé da Serra) já tinham envelhecido e outros fugido para a emigração ou a Grande Lisboa. Chegava tudo demasiado tarde...



Séculos com uma travessia num pontão resistente mas perigoso com frequência assídua numa demografia crescente.


Carta Militar de Portugal; 1/25 000; Serviços Cartográficos do Exército; folha 314 (excerto); publicação em 1950; trabalho de campo 1946 (divisão de freguesias com base na Carta Corográfica de Portugal; 1/50 000; folha 28-B; Instituto Geográfico e Cadastral; publicada em 1982)

Décadas com uma ponte segura, resistente e adequada a uma travessia frequente mas já num território em declínio demográfico em que passará um carro "de quando em vez"! O progresso nunca peca por desnecessário e sumptuoso, só por tardio... 


Carta Militar de Portugal; 1/25 000; Instituto Geográfico do Exército; folha 314 (excerto); publicação em 1993; trabalho de campo 1989 (divisão de freguesias com base na Carta Corográfica de Portugal; 1/50 000; folha 28-B; Instituto Geográfico e Cadastral; publicada em 1982)

As duas pontes: uma antiga em derrocada (que teve muito mais pisoteio e "ouviu das boas") que outra recente praticamente sem utilização. Quando esta chegou já o povo tinha rumado a outras paragens bem mais tentadoras...



Os 2 242 dias da presidência de Mário Relvas Fraústo, como presidente do Município de Nisa, entre 30 de março de 1961 e 20 de maio de 1967... «dão pano para mangas»...

Assim se foi fazendo Montalvão 

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18 junho 2020

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Montalvão Descentrado

18 junho 2020 0 Comentários
ATUALMENTE MONTALVÃO NÃO OCUPA UMA ÁREA CENTRAL NO TERRITÓRIO QUE ADMINISTRA COMO FREGUESIA.



A localidade de Montalvão como sede de concelho e depois de freguesia ficou sempre muito periférica em relação ao centro geográfico do território que tem sob sua "jurisdição".



O «Sítio», o «Local» e a centralidade
Para Montalvão, percebe-se que o «sítio» - um lugar no topo de um "monte perfeito" (Leste/Oeste) que domina do alto o território até longas dezenas de quilómetros parece ter sido mais importante que o «local», ou seja, a posição que ocupa no território que domina. É possível calcular com rigor o centro geográfico da freguesia de Montalvão, embora seja complexo e moroso pela configuração, mas não há necessidade para o que se pretende.  O centro geográfico está algures a Norte da «Palmeirinha». Na atualidade a sede de freguesia está completamente descentrada em relação ao território da sua freguesia, mas...


Antes do «Tratado de Alcanices» (12 de setembro de 1297)
Não se sabe (ainda não se sabe...) os limites para Leste do território de Montalvão. A Vila montalvanense teria como limite Leste o leito do rio Sever ou iria mais para Este pois sabe-se que a fronteira de Portugal com o Reino de Leão era no rio Salor? Se o território de prolongasse mais dez/vinte quilómetros para Este, Montalvão seria central. Além do «sítio» justificava bem o «local».


Apesar da distorção cartográfica num mapa do século XVIII optou-se por este em detrimento de um atual, mais equilibrado mas com menos sentido. Percebe-se o porquê da escolha... 

As "descentralidade": Norte (7,5 km), Sul (8,5 km), Leste (2,5 km) e Oeste (11 km)
Principalmente na relação Este e Oeste. Entre o rio Sever (a Este) e a confluência do ribeiro de Fivenco ou Fevêlo com o rio Tejo (a Oeste) a proporção é de quatro vezes mais (440 por cento): 2,5 para 11 quilómetros. Entre a confluência do rio Sever com o rio Tejo (a Norte) e a confluência da ribeira de São João com o rio Sever (a Sul) é de 88 por cento: 7,5 para 8,5 quilómetros. Em cima da ou sobre a... raia (fronteira).



O exemplo de Nisa
A sede de concelho (Nisa) ocupa um lugar central bem condizente com o lugar territorial histórico que sempre teve. Só as localidades históricas, mas com território diminuto (o que sublinha o factor histórico a sobrepor-se ao territorial), Castelo de Vide e Marvão impossibilitam uma "quase perfeição". 



Os «vizinhos» ilustres de Nisa 
O concelho de Marvão é pouco maior que a freguesia de Montalvão e o concelho de Castelo de Vide tem pouco mais do dobro da freguesia de Montalvão. Percebe-se bem quão importante é territorialmente Montalvão.


As periferias montalvanenses
A localização de Montalvão junto do seu limite Leste (rio Sever), aliada à grande distância para o importante rio central da Ibéria (rio Tejo) num misto de "obrigação" e "funcionalidade" possibilitou a necessidade de criar lugarejos no Noroeste, Sudoeste e Sudeste do território montalvanense.



Além de Montalvão - e devido a essa descentralidade - foi necessário criar dois lugares - Salavessa e Monte do Pombo - no território junto ao rio Tejo onde havia facilidade no acesso a água e a terrenos mais "fáceis de trabalhar" que o de xisto, os das cascalheiras, ponedros e arcoses/arenitos. Nestes a proliferação de nascentes com «boa água, em qualidade e quantidade» é superior ao resto do território. Ficando estes tão afastados de Montalvão num tempo em que as deslocações eram difíceis, de Inverno muitas vezes impossíveis e com terrenos a necessitar de trabalho diário fez muito mais sentido fixar população junto a eles - que permitiram o seu crescimento demográfico - que habitar em Montalvão e depois ter trabalho rural tão longe. Houve outros lugarejos, talvez uma dúzia em toda a orla do rio Tejo à ribeira de São João, mas eram consequência de necessidades e prioridades dos seus proprietários. Foram lugarejos de circunstância que duraram pouco tempo, ou que pelo menos, nunca tiveram capacidade para fixar população durante décadas a fio... É por isso interessante perceber o que se passou em sete séculos de território montalvanense.

EM BREVE (TANTO QUANTO POSSÍVEL)

Parte II - O Sudoeste e a Salavessa

Parte III - O Noroeste e o Monte do Pombo

Parte IV - Outros lugarejos



Assim se fez Montalvão...

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06 junho 2020

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Entre Canchos, Lajes, Cascalho e Ponedros

06 junho 2020 0 Comentários
COMO FOI TARDIO E COMPLEXO O POVOAMENTO CONTÍNUO E PERMANENTE DO VASTO TERRITÓRIO MONTALVANENSE.



Há registos de presença humana no território da freguesia de Montalvão desde a pré-história. Mas isso é comum em todo o território português e europeu. Só que era esparso, sem presença contínua e mesmo quando houve um objetivo concreto em povoar o mais cedo possível, a Ordem do Templo esteve quase um século até conseguir um núcleo urbano coeso e com dimensão para ser localidade com afirmação no território português.



Povoamento e Ruralidade
A geologia do território da freguesia ilustra na perfeição, o porquê das dificuldades (nada ocorre por acaso) e justifica até a localização dos outros dois aglomerados populacionais duradouros e antigos, (Monte da) Salavessa e Monte do Pombo, embora há cerca de meio século que este esteja abandonado. Houve outros pequenos núcleos, mais de uma dezena, mas nunca passaram de um conjunto restrito de famílias e foram efémeros. 


Períodos geológicos apresentados de forma mais didática

Só o árduo trabalho montalvanense "domesticou" os terrenos
A principal razão, tendo em conta a forma de vida até à Era Industrial, foi a dificuldade em adaptar as técnicas agrárias a um espaço agrícola que tornava difícil a Vida Rural. Solos pouco férteis, débeis em espessura e secos, juntando-se a dificuldade em obter água de qualidade em abundância para consumo humano. A que enche com regularidade o «Depósito» vem de Póvoa e Meadas, outra freguesia até de um outro concelho (Castelo de Vide).


A génese e características das rochas em Montalvão adaptadas aos períodos geológicos (em cima) e um perfil geológico (em baixo) com onze quilómetros entre o ribeiro de Fevêlo (no início da delimitação com a freguesia de São Simão/Pé da Serra) e o rio Sever (a 500 metros da Barragem de Cedilho)

Canchos e Lajes (em linguagem popular, a Natureza, ao longo de milhões de anos, cozeu a lama)
A maior parte dos terrenos são de xisto (cinzento escuro) e grauvaques (acastanhada/acinzentada) com mais de 500 milhões de anos (ante-ordovícico). Rochas sedimentares (por exemplo, argilas) metamorfizadas devido à conjugação de fatores de pressão e temperatura resultantes de movimentos gerados no interior do Planeta. A uniformidade é impressionante, ainda mais considerando um território tão vasto. As intrusões filonianas - quartzosos a amarelo e micrognaníticos a vermelho, na legenda da carta - têm orientações que ilustram como se fizeram os enrugamentos das placas de xisto e grauvaques. Nos filões quartzosos de Este para Oeste e nos filões de microgranito de Noroeste para Sudeste. O resultado em termos de terrenos agrícolas é de pobreza que é extrema se houver declives (barreiras) com grande inclinação pois esta expõe os xistos e os grauvaques à superfície como se observa com frequência nos principais cursos de água que parecem correr dentro de um leito de pedra.


    
O ondulado da paisagem vista lá do topo para todos os lados
A ação das linhas de água e escorrência durante milhões de anos, sob condições muito diferenciadas, fez os principais rios, ribeiras e ribeiros correrem encaixados (vales profundos e estreitos) em meandros complexos e tortuosos, onde nem a grande capacidade dos montalvanenses se adaptarem a condições tão adversas sortiu efeito. Nunca passaram de rochas expostas ao tempo e mato, xaras e giestas, às vezes miniaturas delas...). Os xistos e grauvaques (canchos e lajes) de maior dureza resistiram mais sendo por isso os pontos mais elevados - com destaque para o Monte onde assenta a localidade - e os menos resistentes vales estreitos onde nem é possível acumular sedimentos que, a cada invernada, deslizem pelas vertentes ou que sejam transportados pelos cursos de água. Há escassas áreas com alguma fertilidade daqui resultante e as poucas foram conseguidas mais por ação humana que por dádiva da Natureza. A natureza e facilidade com que se encontram placas de xisto permitiu aproveitamento humano para fazer muros, dividindo propriedades ou criando azinhagas. Também se utilizaram para fazer paredes - depois rebocadas e caiadas se em casa de habitação humana - e lajear o chão dessas habitações.


Xistos e Grauvaques

Ponedros e cascalho em terrenos de charneca
Além do xisto dominante, com mais de 500 milhões de anos, ainda resistem nalgumas cumeadas e vertentes próximas das «Barreiras Tejo» os terrenos de areia, que são mais de areão compactado ou arenitos (arcoses) e pedra rolada solta. São depósitos recentes - pois "só" têm cerca de 25 milhões de anos - mas ainda assim recentes tendo em conta que o território é dominado a 99 por cento por terra com 500 milhões de anos. Já ocuparam uma maior extensão mas a ação da Natureza - escorrência de água depois das grandes trovoadas e chuva implacável durante tantos milhões de anos - vai rolando muito areão e ponedro encosta abaixo, daí que quanto mais na cumeada estiverem depositados mais vão resistindo. 


Arenitos/Arcoses e cascalho/pedras roladas/ponedros


Terrenos de areia permitem outro tipo de técnicas agrárias
Foi junto as estas duas grandes coberturas de ponedros e cascalho, onde na baixa das vertentes aflora água em nascentes de boa qualidade por ser de infiltração fácil e qualidade ao dissolver sais ricos em vários minerais que se estabeleceram as duas principais povoações do território (de concelho a freguesia), além de Montalvão: (Monte da) Salavessa e Monte do Pombo. Não foi apenas e só por isso, mas o resto da interpretação acerca da localização destes dois lugares fica para texto à parte a fazer no Futuro próximo. Acrescentar a este já de si complexo, ainda mais esse, ia complicar mais o texto de hoje que já por si não é fácil. A água canalizada, distribuída ao domicílio, na Salavessa é obtida na Charneca. Água de excelência. Bebi muita na "Fontinha" junto dos talhões da horta do meu bisavô materno (lado da avó). Até morangos silvestres cresciam junto a uma das nascentes.  



Charnecas em flor
Ao mudar o tipo de solos, de xistos barrentos para ponedros e areão, muda o tipo de vegetação. Os arbustos e herbáceas são de outro tipo, tais como o rosmanhinho, o sargaço, o trovisco, a carqueja e o alecrim. Muda a Natureza, muda o Ser Humano. Para lá de Montalvão, a chegar às «Barreiras do Tejo», mais para Oeste (Salavessa) ou mais para Noroeste (Monte do Pombo) restam as oliveiras, mas até estas, passaram a ser oliveirinhas, ainda que generosas em azeitona e azeite.



A paisagem ondulante
Vista lá do Monte-vão parecem ondas de terra antiga numa massa que tem tantos milhões de tempo de vida como de peso sofrido. Quando têm vegetação alta, herbáceas e arbustos, e há vento forte parecem ondular ao sabor de marés. Elas podem não se movimentar com a cadência das ondas do mar mas também fazem sonhar os montalvanenses e recordar quanto suor humano gerado em Montalvão não as domesticou e quantos animais não as calcorrearam durante séculos...



Apesar de tanta dificuldade o certo é que Montalvão foi-se fazendo no tempo!
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22 maio 2020

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Montaluaõ 460

22 maio 2020 0 Comentários
HÁ 460 ANOS, EM MAIO DE 1560, FOI PUBLICADO O PRIMEIRO MAPA CONTENDO, INTEGRALMENTE, O TERRITÓRIO DE PORTUGAL: O MAPA DE ÁLVARO SECO.



Nele consta Montaluaõ, embora lendo-se Montalvaõ, o nosso Montalvão. Ainda com pouco rigor geográfico é admirável como tendo tão poucos meios, em meados do século XVI, as posições relativas das 2 167 localidades mais importantes do País estão corretas. Algumas apenas com uma centena de habitantes. Montalvão entre a confluência do rio Sever com o rio Tejo. Mais a sul, a magnífica Castelo de Vide. Entre Castelo de Vide e Montalvão, «A Póvoa» mais afastado do rio Sever e "As Meadas» mais próximas. Só alguém rigoroso e genial como geógrafo/cartógrafo conseguia, muito antes dos topógrafos e engenheiros, com instrumentos específicos para cartografia, estabelecer o rigor que só foi possível, no século XIX, com as triangulações geodésicas, naquilo que se conhece em Montalvão, por "taleves" ou "talefes". Havia no «Mapa de Álvaro Seco» outros pormenores como a hierarquia dos aglomerados populacionais (cidades e vilas/aldeias) e a rede hidrográfica (principais rios e afluentes). "Faltou" a orografia (relevo) e a incipiente rede viária, embora assinale as escassas 38 pontes sobre cursos de água. Para saber mais do genial Fernando Álvaro Seco (CLICAR). Para ver o mapa a várias dimensões, incluindo a dimensão total, ou seja, o tamanho real (CLICAR).




Outros mapas se seguiram até aos rigorosos trabalhos de campo no século XIX. Todos tiveram o «Mapa de Álvaro Seco» por referência. Sendo o primeiro, podia merecer tantos reparos que não seria referência para os seguintes, mas não foi assim. A sua qualidade, diz tudo...



Atualmente fazem-se mapas temáticos, em 2020, a 1/600 000, ou seja, a escalas maiores (o dobro) que a utilizada por Álvaro Seco (1/1 200 000) em que nem Nisa está cartografada... muito menos Montalvão. Tema a desenvolver num próximo texto, denominado «Sinais dos Tempos».

Assim se representava Montalvão... em Portugal, em Maio de 1560.
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28 abril 2020

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Sítio do Bernardino

28 abril 2020 0 Comentários
É DE URBANIZAÇÃO MUITO RECENTE QUANDO SE COMPARA COM O QUE SE AVISTA LÁ AO ALTO: MONTALVÃO SECULAR.



A primeira construção que teve - não considerando palheiros e currais - foi o Posto da Guarda Fiscal construído em meados dos Anos 10 como "posto fixo" (merecerá destaque num Futuro próximo, assim como os outros dois postos que coordenava junto à fronteira) no antigo caminho que ligava Castelo de Vide a Castelo Branco e vice-versa.


Quando se soube que a estrada nacional 359 não passaria a Montalvão, pois seguiria do Monte Queimado para Póvoa e Meadas, foi pedido que se construísse uma variante (que seria a n.º 3) para diminuir o ancestral isolamento da localidade a Nisa e ao "Resto do Mundo" As terraplenagens para transformar o caminho em estrada, na passagem pelo Sítio do Bernardino, foram em 1932 e a pavimentação em 1936

Só com a ligação, por macadame da variante n.º 3, entre Montalvão e o Monte Queimado, da estrada nacional n.º 359 entre Abrantes (Alferrarede) e Portalegre, via Mação, Nisa, Póvoa e Meadas, Beirã e Marvão (sopé), o Bernardino («Burnáldine» em montalvanês) passou a ser local com crescimento edificado, devido à encruzilhada das duas estradas, a Sul, com ligações: uma a Castelo de Vide e a outra, a Nisa; e a planura que contrastava com Montalvão.


O Sítio do Bernardino entre 1947 com a construção da «Escola Primária» e edifícios de habitação na estrada de e para Nisa; e 1952, já com edifícios a sul do posto da GNR, na "estrada da Póvoa"; e os dois «Lagares de Azeite» junto à estrada com ligação a Nisa

Junto ao Posto da Guarda Fiscal, a sul, foi edificado o da Guarda Nacional Republicana (entre 1945/1946), a Escola Primária (1947/1949) e a instalação dos dois Lagares de moagem da azeitona (que anteriormente operava na Corredoura). Os edifícios de habitação foram sendo edificados na mais movimentada estrada, a de Nisa, do lado contrário ao da Escola. Até uma taberna abriu, a do Ti Juan Branco. Só depois se edificou para habitação, na estrada para Castelo de Vide, por Póvoa e Meadas.


A cartografia entre 1946, 1967 e 1997 da nova, que já é velha, expansão edificada em Montalvão

Antes das edificações a área, até um perímetro mais envolvente, era conhecida por ter boas nascentes - Chafariz de Páules, Fonte Judia e a dos Rafaneiros, entre outras, como a Fonte Carreira e poços com água potável boa para beber e cozinhar.


O "Sítio do Bernardino" entre 2005 e 2019. Mais rotunda, menos rotunda pouco se alterou

Atualmente é - ou tem sido - a área de expansão urbana de Montalvão por permitir construções com espaços envolventes livres, menos quintais ou mais jardins e estruturas em betão, ao contrário da tradicional edificação em lajes de xisto, rebocadas e caiadas.

E assim vai Montalvão...
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31 janeiro 2020

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Concelho de Montalvão (Falares)

31 janeiro 2020 0 Comentários
VAI-SE FALAR DO QUE JÁ NÃO PODE SER FALADO. COMO SE FALAVA EM MONTALVÃO NO SÉCULO PASSADO!


Quem ainda se lembra de frases como: «Êlhér! Magana! Antã num viste ú tê Ti Tónhe esbarrondar ú bustigue da porta com a caboiça!? Conhe! Era dar nele uma punhéda nas ventas!» Vejam lá ou Olhem para isto! .....! Então não viste o teu tio António derrubar o postigo da porta com a cabeça? .....! Devia levar um murro na cara! NOTA: .... - sem tradução. Vocabulário de Montalvão.



Em Montalvão, há 50 anos, ainda era possível ouvir montalvanenses com um léxico e uma gramática que se assemelhava ao português mas que por vezes parecia distante. Em Montalvão, havia um vocabulário muito próprio, bem como expressões únicas e fonética distinta que o diferenciavam até de Nisa, que local menos isolado, tinha um falar mais convencional. Se era assim há meio século então recuando mais cem anos e ainda mais uns quantos séculos devia haver um linguarejar muito particular.



O analfabetismo - e a iliteracia - em Montalvão eram gravíssimos, mas... Deliciava-me com 12/13 anos, sentado no banco corrido, de xisto, na fachada da igreja da Misericórdia, junto aos idosos montalvanenses, analfabetos, a falar entre eles. Tinha de fazer tradução simultânea. Eram também momentos de fantasia, ouvir as minhas avós, ambas analfabetas, a falar com outras montalvanenses, analfabetas, acerca de outros assuntos. Quem era analfabeto estava menos contaminado pelo «português normalizado». Ouvir montalvanenses, conversas entre homens e entre mulheres, complementavam-se, pois falavam de assuntos diferentes. Eu entretinha-me a fazer a tradução para os/as perceber, pois o meu domínio era já a Língua Portuguesa, ou seja, para os montalvanenses, falava «à grave»!  


                 
A Escola foi corrigindo nos mais novos o que se considerava ser o português "mal falado" - muitas reguadas devem os montalvanenses ter levado - e depois a televisão fez o resto. Entretanto o tempo, fazendo envelhecer e falecer, os montalvanenses menos contaminados por falares de outras terras, pela Escola e pela televisão, tudo levou. No início dos Anos 70 há uma história que ilustra o quão diferente era a língua falada em Montalvão. Fui passar as férias de Verão, a Montalvão transportado por um vizinho taxista que necessitava de fazer a rodagem ao carro a gasóleo. Um taxi de Lisboa, em Montalvão, na rua de São Pedro («Sam Pôidre») foi logo motivo de alarido. O taxi parou junto à casa dos meus avós maternos que saíram para me receber. Como na casa da frente vivia o Ti Xico alfaiate, barbeiro e tocador de banjo, estando em casa, logo saiu de sua habitação para falar comigo e com a minha avó. Passado algum tempo o meu vizinho taxista, o senhor Luís, lá seguiu caminho, regressando a Nisa - em Montalvão é-se sempre obrigado a voltar para trás, mesmo que se queira ir para a "frente", ou seja, Norte - para seguir rumo à Beira Baixa. Passados os dois meses e meio das férias de Verão, já em Lisboa, cruzo-me com o meu vizinho que questiona. O que é que foi dito quando o deixei à porta de casa da avó? É que estive bem lá uma meia hora compreendi algumas palavras mas não entendi o que quiseram dizer! Foi neste momento que percebi que era bilingue. Entendia o português de Lisboa e o de Montalvão. Ainda lhe respondi. E não esteve à conversa com os meus bisavós maternos do lado da minha avó. Quando o meu avô Silva e a minha avó Branca falam, nem eu percebo o sentido de algumas frases!



Pensando nesta estória a cinquenta anos de distância ela ainda é mais extraordinária. Envolve um taxista a trabalhar em Lisboa, ou seja, alguém que tinha vasta experiência em lidar a todo o momento com "falares" muito diferentes, por isso, com alguma agilidade mental e intuição para perceber (e tirar) de um palavreado o sentido. Mas não! Em Montalvão, um taxista de Lisboa, com cerca de 40 anos de idade e 20 de experiência, que nunca tinha estado na povoação, não conseguiu entender, durante quase meia hora, o diálogo entre dois montalvanenses "de gema". E passado meio século, o senhor Luís (agora nonagenário) felizmente bem de saúde ainda se recorda e fala muitas vezes nessa experiência única. Ou seja, como de repente, depois de fazer mais de 200 quilómetros, entre Lisboa e Montalvão (ainda pela reta do Cabo, Infantado, Mora, Ponte de Sor e cruzamento para o Gavião) ao sair do automóvel e ouvir dois portugueses, ficou com a sensação que estava num outro País, com uma outra Língua! Eu que fazia tradução instantânea em Montalvão (por ter adquirido o hábito em casa dos meus pais onde sempre houve léxico e sintaxe de Montalvão e de longos períodos passados na povoação) "percebo-o" muito bem!



A definição do que é uma "Língua" ou Idioma é cada vez mais complexo e difícil de estudar devido à uniformização provocada, pela Escola, mas principalmente pela televisão e antes um pouco antes desta, pela telefonia.



Nos primeiros estudos que houve em Portugal, ainda no século XIX, pelo genial José Leite de Vasconcelos este percebeu, por ser muito evidente, que havia uma região no interior, junto à fronteira com Espanha, delimitada pelo rio Tejo onde havia um "falar" com características muito próprias.



Como é evidente só estudando ao pormenor essa área que ainda tinha uma dimensão considerável se poderia saber se havia homogeneidade ou diferenças dentro desses limites que obrigassem a subdividi-la. Mais tarde houve quem desenvolvesse o trabalho do pioneiro, distinguindo-se Manuel de Paiva Boléo que permitiu a Maria Helena Santos Silva fazer um trabalho notável, estabelecendo sub-áreas.





Continuou a definir-se uma área, já mais restrita, percebendo que havia singularidades na forma de falar mas pouco mais se adiantava quando a "contaminação" em termos de massificação do modo de se expressar, vestir e comportamento que se ia formatando em função da norma Lisboa/Coimbra.  Seguiu-se Luís Ferreira Lindley Cintra que foi meu professor no início dos Anos 80 e que fez uma definição criteriosa. 



Infelizmente nunca se procurou saber nessa região remota como seriam as características bem vincadas dela e as diferenças numa região ainda mais isolada dentro desse espaço. Montalvão foi uma ilha - pela dificuldade de lhe aceder durante séculos - dentro desse espaço tão distante. Tem havido estudos mas o tempo vai tornando impossível registar o que foi o "dialeto" de Montalvão. 

Os trabalhos têm continuado, com Fernando Brissos a desenvolver atividade recentemente procurando perceber a variedade linguística desse "enclave fonético" entre Castelo Branco e Portalegre, utilizando para Montalvão inquéritos realizados em... 1957, pelo alemão Helmut Lüdtke.



O que é de lastimar é que, nos últimos anos, se tenham feito tantos trabalhos e dissertações em localidades vizinhas, quanto a mim, muito menos diferenciadas, mas a Montalvão nunca se lembraram de ir. Andou por lá um... alemão (Helmut Lüdtke) em 1957. O que tinha feito falta era um gravador e umas quantas horas de fita para registar para sempre uma pronúncia, dialeto ou idioma, fosse o que fosse. Que o "falar" em Montalvão era bem diferente de tudo o que o rodeava. Assim... tudo se perdeu.



A justificação que ouvi de alguns linguistas e até do professor Orlando Ribeiro (geógrafo), embora neste caso devido à idade avançada seria estimular outros, quando incentivados a "estudarem" Montalvão era de cartilha: Montalvão não é só aldeia de uma freguesia!? Se nem as sedes de concelho do norte do Alto Alentejo estão estudadas, porquê estudar uma aldeia! Pois, mas era nessa aldeia que estava o cerne do que interessava. Uma pronúncia, um dialeto, uma língua certamente que sobreviveu até meados do século XX por ser um território geograficamente isolado, por isso pouco contaminado. Na obra-prima de Orlando Ribeiro - «Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico», editado no final de 1945 - o conhecimento deste sendo enciclopédico era também feito a calcorrear o território, tendo sempre boas companhias, incluindo nelas José Leite de Vasconcelos. A descrição do Alentejo é magnífica parecendo que ele a fez lá do alto do castelo montalvanense. Atente-se no que escreveu entre a página 232 e a 233, na primeira edição, dessa obra-prima:



O Mapa com as divisões geográficas de Portugal é inequívoco. O norte do Norte do Alentejo ainda pode ser Alentejo mas também já tem muito, quase tudo, de Beira Baixa. Está no Alto Alentejo, mas é Beira Baixa. E Montalvão supera tudo, devido ao isolamento, quer para norte, quer para sul, ainda que seja esta a impressão de um montalvanense que não está impressa no livro, como é óbvio, por ser uma singularidade.


A Língua Portuguesa tem uma longa e lenta evolução. Como todos os idiomas (clicar).



Como este é um tema complexo - por não ter sido estudado ao pormenor, em Montalvão e na Salavessa e por já não ser possível de estudar, pois quem podia ser objeto desse estudo há muito faleceu - restam memórias e sons esparsos de algumas palavras e frases mais usadas ou que surgem na memória de um modo isolado porque espontâneo, mas sem a consistência que teve outrora. E mesmo estas vão desaparecer nos próximos anos, quando falecerem os que ainda ouviram o que restava - embora por serem escolarizados, verem e ouvirem televisão e lerem jornais e livros - sentirem-se obrigados a falar o mais próximo possível da norma (Lisboa/Coimbra). Resta indicar uma série de livros que, entre teoria, prática e colocar questões acerca da Língua, ajudam a perceber que caso tenha sido uma Pronúncia muito diferenciada em relação à norma (Lisboa/Coimbra), um Dialeto ou uma Língua, houve durante séculos um «Montalvanês» que no século XII até seria muito diferente do que foi falado no início do século XIX, pois é assim com todas as pronúncias, dialetos ou línguas do Mundo. Há a anotar que - como já tem sido objeto de referência em alguns textos - um blogue é apenas opinião. Este não foge à regra. Vale o que vale. São os leitores que o podem valorizar. Pode ter leitores e leituras a todos os níveis, desde concordar em absoluto, como discordar totalmente, mas é isso que faz a riqueza da Humanidade. Cada Ser Humano, num qualquer recanto do Planeta, ter opinião fundamentada e poder dá-la! 

1. Mappa Dialectologico do Continente Português precedido de uma classificação summaria das linguas (por A. R. Gonçalves Vianna); Vasconcellos, José Leite de; Guillard, Aillaud & C.ª; 16 pp; Lisboa; 1897;
2. O «Mapa dos Dialectos e Falares de Portugal Continental»; Boléo, Manuel de Paiva e Silva, Maria Helena Santos; Centro de Estudos Filológicos; 115 pp + mapas desdobráveis; Lisboa; 1962;
3. Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico. Estudo Geográfico; Ribeiro, Orlando; 246 pp; Coimbra Editora, Limitada; Coimbra; 1945;
4. Estudos de Dialectologia Portuguesa; Cintra, Luís Filipe Lindley; Livraria Sá da Costa Editora; 214 pp; Lisboa; 1983;
5. Assim Nasceu uma Língua. Sobre as origens do português; Venâncio, Fernando; 311 pp; Guerra & Paz; Lisboa; 2019. 

Para finalizar digitalizações de um tema interessante pois os dialetos (variantes) podem ser "Línguas" se pensarmos que as línguas latinas ou românicas (uma dezena) se podem considerar dialetos (variações) do Latim. Esta é uma língua que não se sabe como era em termos orais, pois nunca nenhum Linguista a ouviu, mas tendo em conta o isolamento de muitas das comunidades que a utilizavam para comunicar, provavelmente quem falava latim em Roma nem perceberia o latim falado nas periferias do imenso Império Romano.

 Há cada vez mais para se ler e conhecer (clicar).


«O Galego e o Português São a Mesma Língua»; Neves, Marco; Através Editora; Santiago de Compostela; junho de 2019; 127 pp; Prólogo de João Veloso; páginas 11 a 18

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