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08 outubro 2023

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Feira de São Miguel

08 outubro 2023 0 Comentários
NO SEGUNDO DOMINGO DE OUTUBRO A VILA (MONTALVÃO) AGITAVA-SE TODOS OS ANOS.



Era dia de fazer a trouxa e partir cedo para Nisa. Dezassete quilómetros bem medidos pela frente sabendo que pela tarde outro tanto estava por fazer.

A estrada de Montalvão para Nisa e de Nisa para Montalvão transformava-se numa rua. A pé, em carroças a pagar transporte em fretes com carros de mulas ou machos era rara a família (adultos) que - não estando incapacitado - ficava em Montalvão. As crianças esperavam e desesperavam por algum presentinho vindo da Feira. Por vezes a ansiedade levava-os quase até à "Casa dos Cantoneiros" esperar os pais que regressavam da Feira. E não era estar ansioso por um qualquer brinquedo, mas sim por uma peça de vestuário ou uma qualquer espécie de fruta que não existia para todos em Montalvão, como umas maçãs que mesmo bichadas e enrugadas pareciam vir de "outro mundo!"

Próximo do tempo de apanhar «medrônhe» e fazer aguardente um bom alambique faz falta mas não se compra todos os dias. Nem todos os anos. Passa de geração em geração


No segundo domingo de outubro, estava montada a maior feira do concelho. A «Feira de Outubro» ou de São Miguel («Fêra de Sam'meguel» em montalvanês). Era gigantesca pois estava a chegar o Inverno e iniciava-se o novo ano agrícola. Sempre se podia comprar o que fazia falta ou não havia como consegui-lo em Montalvão.

E tudo o que se podia comprar era compra certa. O dinheiro é que era curto.



Animais (asnos, bácoros, outras espécies que pudessem fazer criação).

Fazendas de cetim, popelina, algodão, flanelas e rendas. De couro, sapatos, malas, cintos e correias.

Panelas, tachos, colheres e tanazes. 

Cântaros, bilhas, talhas, porrões, enfusas e jarros de barro. Pratos e copos.

Cestas, cabazes, cadeiras empalhadas e bancos.



Muitas vezes, quase sempre, era mais ver com tanta oferta e sem dinheiro. Sempre se podia deslumbrar com as novidades que por muito pouco que mudasse de um ano para outro sempre havia. Em 2019 foi em 13 de Outubro. Depois de uma interrupção em 2020 devido à pandemia provocada pela Covid-19, em 2021 (10 de Outubro) foi possível retomar a tradição centenária. Mantendo-se em 2022 (9 de Outubro).






Um dia passado à volta das tendas e barracas que tudo vendiam e «ala que se faz tarde» a caminho da Vila deixando a vila de Nisa para trás.



Não diferia de muitas das feiras que se faziam por todas as sedes de concelho alentejanos, como esta em Castro Verde que iam "correndo" o Alentejo entre inícios de setembro e finais de outubro de cada ano.

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