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15 agosto 2023

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Dia da Assunção

15 agosto 2023 0 Comentários
DEPOIS DAS FESTAS POPULARES DE JUNHO EIS O MEIO DO MÊS DE AGOSTO PARA MARCAR MAIS UM DIA FESTIVO E RELIGIOSO.



A Ascensão Celeste da Virgem Maria, Mãe de Cristo. A vida de Cristo tem suporte histórico, ainda que breve, entre os historiadores romanos, mas como é óbvio, não tem datas marcadas por não ser um cidadão romano, mas judeu.



Os ritos do início do Cristianismo assinalam que ao morrer (findar a vida terrestre) Maria - Mãe de Cristo ascendeu ao Céu, facto designado como "A Assunção" do latim assūmptiō (elevação). Este acontecimento celebrado, pelo menos desde o século V, adquiriu uma solenidade importante entre os Cristãos. Quando Montalvão foi fundada, no século XIII, a celebração da «Assunção de Nossa Senhora» era um dos maiores acontecimentos do ano religioso em todo o "Mundo Cristão". Em Montalvão tinha grande significado, em pleno Verão, antes das celebrações de «Nossa Senhora dos Remédios». 



As datas do Cristianismo têm de ser compreendidas dentro do calendário romano pois não há registos precisos dos dias em que ocorreram além de muitos serem dogmas - como é a "Assunção de Maria" - sem qualquer fonte histórica a suportá-la. Só a Fé dos cristãos nas decisões infalíveis dos Papas suportam as celebrações. Os cristãos dentro do Império Romano, particularmente na capital deste, em Roma, adaptaram as celebrações dos acontecimentos da religião às festividades romanas. Uma questão de oportunidade e inteligência. Aproveitavam as comemorações - paragens do ritmo diário de trabalho - do calendário romano para estabelecer os seus rituais sendo (ainda) uma religião minoritária e depois perseguida. Natal corresponde às festividades do Solstício de Inverno (as Saturnálias que terminavam com o Sol Invicto) e as Festas Populares de junho às romanas do Solstício de Verão (com destaque para as Minervinas). A Páscoa manteve-se como festa judaica, por isso obedece ao princípio do calendário hebraico (e muçulmano) que é lunar enquanto o atual (gregoriano) é solar, daí ser uma Festa Móvel. 



A importância do dia 15 de agosto (e deste ser o dia escolhido para "A Assunção") radica no segundo calendário romano (de Numa Pompílio, segundo rei de Roma, por volta do ano 600 a. C.) antes da reforma de 46 a. C. empreendida neste calendário romano pelo imperador romano Júlio César. As reformas dos calendários eram decretadas em Roma mas levavam décadas a ser adquiridas por todos, num tempo em que a informação circulava lentamente. Aquilo que se consegue, resumidamente, afirmar - até porque é difícil entender quanto mais explanar, nem é este... esse âmbito - é que 15 de agosto correspondia a meio do ano para os romanos (o ano civil romano iniciava-se em março) e em simultâneo havia feriado em meados de agosto (as Portunálias), depois o Imperador Augusto instituiu as "Férias de Agosto" - Feriae Augusti (que ainda se assinalam em muitas cidades italianas) - e o Sol entra na constelação de Virgem. Tudo junto fez com que os cristãos, a viverem entre romanos, escolhessem o 15 de agosto para assinalar a «Ascenção da Virgem ao Céu».



Algumas breve notas acerca dos calendários romanos:


1. O ano tinha no início dez meses, depois doze meses com início em março (primeiro mês) e final em fevereiro (12.º mês). Os meses eram Martius, Aprilis, Maius, Iunius, Quintilis (depois Iulius), Sextilis (depois Augustus), Septembris, Octobris, Novembris, Decembris, Ianuarius e Februarius. Meses dedicados a deuses: março (deus da guerra, Marte), abril (deusa etrusca - antepassados dos romanos - do amor, Apro), maio (deusa da fecundidade, Maia), junho (Juno, esposa do rei dos deuses, Júpiter), julho (homenagem ao Imperador Júlio César), agosto (homenagem ao Imperador César Augusto), setembro (de sétimo no calendário juliano), outubro (de oitavo no calendário juliano), novembro (de nono no calendário juliano), dezembro (de décimo no calendário juliano), janeiro (deus da renovação, Jano) e fevereiro (deus da morte e purificação, Februo). 

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2. Os meses tinham número de dias variáveis mas só havia designação para três dias: Calendas (1.º dia de cada mês, palavra que deu origem ao termo Calendário); Nonas (5.º ou 7.º dia conforme o número de dias do mês); e Idos (13.º ou 15.º dia conforme o número de dias do mês). Depois entre cada um destes três dias, era a habitual contagem decrescente para cada dia ou o dia tinha o nome da respetiva festa religiosa romana. Por exemplo o mês de agosto, antes de ser dedicado ao Imperador Augusto designava-se por Sextilis (sexto) tinha o dia das Nonas ao 5.º dia e o dos Idos ao 13.º dia. O dia 15 de agosto era conhecido por «18 dias antes das Calendas de Setembro ou Septembris (sétimo, em latim)». Para complicar, ainda mais, não havia correspondência entre o 1 de março romano e o 1 de março atual.


   
3. Com o «Calendário Juliano» em 46 a. C., estabelecido para evitar o desfasamento que os dois calendários romanos anteriores obrigaram a ter em relação ao ciclo solar, passou a acrescentar-se, a cada quatro anos, um dia intercalar a seguir ao sexto dia para as «Calendas de Março». Sem designação passou a ser conhecido como bissexto, dando também nome aos anos que passaram a contar com ele. Com o «Calendário Gregoriano (o atual), utilizando a numeração árabe, promulgado pelo Papa Gregório XIII, em 24 de Fevereiro de 1582, o dia passou a ser 29, o seguinte a 28, mas manteve-se a designação de «Ano Bissexto».
   

4. Os dias («Dies», em Latim) da semana eram marcados nos calendários com letras de A a G. Iniciando-se como Solis (Dominica, depois da adaptação cristã), Lunae (Feria II), Martis (Feria III), Mercurii (Feria IV), Iovis (Feria V), Veneris (Feria VI) e  Saturni (Sabbatum). Dias dedicados a deuses, respetivamente: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus e Saturno. Dominica passou a domingo, em português e Sabbatum, a sábado. Feria II passou a segunda feria (feria, raiz de feriado: dia de descanso de celebrações religiosas nos templos) depois segunda-feira e assim sucessivamente. A Língua Portuguesa foi (e é) a única em que o Vaticano, apagando os vestígios romanos de dedicar os dias da semana às divindades romanas, ao Sol e Lua, conseguiu sobrepor-se à tradição ancestral latina de designar os dias conforme os deuses. A popularidade e utilização diária durante séculos nas várias regiões do Império Romano das designações não conseguiram separar os dias com nomes pagãos dos rituais diários cristãos. Só a Língua Portuguesa alterou radicalmente a tradição romana.   

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5. O facto do Sol entrar na constelação da Virgem em meados do sexto mês do calendário romano - em 2022 será às 03:16 horas de 23 de agosto - tornou simbólico a entrada da Virgem Maria no Reino dos Céus.



Apesar da dificuldade em explicar o porquê da escolha do dia 15 de agosto tendo em consideração que sendo das primeiras celebrações no Cristianismo tem de ser entendida no contexto do calendário romano, o facto de haver duas correspondências - festividades romanas (assinalar o sexto mês, o do meio do ano civil e festas das "férias romanas" de verão) e ocorrência astronómica (entrada do Sol na constelação de Virgem) - tornou este dia muito importante para os Cristãos. A «Assunção Celeste de Nossa Senhora», a sua subida ao Céu, permite justificar o recrudescimento do «Culto Mariano»: é a Virgem Maria que surge em «Aparições» terrestres e não Cristo. 



Procissão da Assunção
O percurso habitual mas com muitas colchas às janelas e nas poucas varandas que existem na aldeia. Mas as que existem estavam guarnecidas para honrar as imagens, andores, pessoas e o sagrado. A procissão com mais de meia-aldeia a formá-la iniciava-se junto das portas da Igreja Matriz, descia a rua da Barca até ao "Fundo da Rua" virava à esquerda subindo a rua da Costa até ao topo guinando à direita pela rua Direita, depois rua do Cabo. Ao chegar à Corredoura, virava à esquerda pela travessa do Bruzuneiro até ao Adro da Igreja de São Pedro seguindo pela rua de São Pedro, descendo depois a rua do Arneiro para virar à esquerda rumo às Portas da Igreja Matriz onde findava.



Em pleno Verão, mês de secura e calor extremo em Montalvão, os guarda-chuvas transformavam-se em "sombrinhas". Tal como noutras localidades:



Não deixa de suscitar alguma curiosidade que no imaginário popular as "Aparições" sejam sempre associadas ao aparecimento da Virgem Maria ("possível" pelo facto de ter "subido ao Céu") com "vestido branco" mas Cristo vestia-se também de mesmo modo, pois no seu tempo e entre os costumes dos Hebreus as semelhanças de vestuário entre homens e mulheres eram pouco significativas.


VESTUÁRIO NO TEMPO DE JESUS CRISTO – No primeiro século a roupa era muito mais simples do que é hoje. A maioria das roupas eram feitas de lã, embora o linho também fosse usado (feito de linho cultivado na área de Jericó ou importado do Egito). Tanto os homens como as mulheres usavam normalmente uma túnica e um manto. A lei judaica exigia que o manto tivesse bordas unidas aos seus quatro cantos. Cada borda era para incluir um cordão azul e foi concebido como uma forma de ajudar as pessoas a se lembrar de manter a Lei de Deus. Para ocasiões especiais uma longa roupa conhecida como ‘estola’ era usada. Eram usados geralmente sandálias de couro (ou talvez de madeira) – Fonte – http://dailylifeinthetimeofjesus.weebly.com/daily-life-at-the-time-of-jesus.html


Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. O ritmo anual da vida dos montalvanenses era pontuada pelo assinalar dos dias consagrados à religião católica
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