EM 2024 CABE AO EVANGELIZADOR SÃO MARCOS SER O SEGUNDO A SER HONRADO DEPOIS DA PÁSCOA. O PRIMEIRO FOI SÃO SILVESTRE, NO PRIMEIRO DOMINGO DESTE MÊS, EM 7 DE ABRIL.
Só quando a Páscoa é tardia, São Marcos é honrado antes de São Silvestre...o ser. Em 2019 foi, pois a Páscoa assinalada em 21 de abril "colocou" o São Silvestre a 29 de abril, com São Marcos ao "meio" (quinta-feira). Em 2024, continuará a ser depois do São Silvestre, pois o domingo de Páscoa foi a 31 de março e o domingo de Pascoela (São Silvestre) em 7 de abril. Em 2025 altera-se: Domingo de Páscoa, em 20 de abril e São Silvestre, a 27 de abril. São Marcos, dois dias antes.
E de facto é dele o «Segundo Evangelho do Novo Testamento». São quatro os Evangelhos Canónicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Em questões de Fé interessa pouquíssimo a localização histórica das figuras bíblicas. Ou se acredita ou não se tem Fé. Mas tornou-se hábito fazer "enquadramentos históricos". Pois bem. Diz-se que Marcos nasceu em Cirene (norte litoral da Líbia [clicar]) em 10 a. C. (antes de Cristo) e morreu em Alexandria (Egito [clicar]) por volta de 25 de abril de 68 d. C. (depois de Cristo) vivendo cerca de 80 anos.
Em Montalvão consta que a capela de São Marcos ficava no que foi o quintal do sr. José António Morujo mas se assim era ficava, praticamente, em frente à igreja de São João (que existiu até aos anos 20) o que é pouco provável embora possível. A Igreja Matriz e a Igreja da Misericórdia ficam em frente uma da outra!
Na verdade aquando da descrição dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de novembro de 1775 a igreja de São Marcos foi referenciada no levantamento realizado pelo Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça, em 24 de abril de 1758. A curiosidade é que entre Ermidas e Capelas era a única dentro da povoação. Todas as outras ficavam isoladas, ou seja, não havia continuidade de edifícios até junto delas, mesmo a de São Pedro e Espírito Santo, que atualmente ficam dentro do povoado. Em 1758 ficavam no exterior de Montalvão. Isoladas. Havia mais duas junto a «Montes»: Santo André e São Gregório/São Jacinto (Salavessa), além Santo António da Giesteira, entre a Salavessa e o Pé da Serra (São Simão). A Capela de Santo António (ao fundo da Corredoura) anexada para curral, por um Lavrador e a Capela de São João de que há notícias das suas existências e localizações, em meados do século XX (a de São João até deu nome a rua), são posteriores a 1758, pois não aparecem descritas, havendo "apenas" um altar dedicado a São João na de São Marcos. Isoladas continuam (e continuarão) a de Santa Margarida (arruinada), São Silvestre e Nossa Senhora dos Remédios. Três vértices de um triângulo divino e divinal.
A imagem que acompanhava São Marcos era um touro em vez de um leão que é tradicionalmente o animal que lhe está associado.
A «Festa de São Marcos» decorria em 25 de abril e até 1910 foi organizada pela respectiva Irmandade. Dispunha de Bandeira que era levada para a Igreja Matriz conforme era usual nas Irmandades que as tinham, acompanhada pelos «Irmãos» até à capela-mor onde se mantinha durante a Missa cantada. Se a Irmandade tivesse tido um ano bem abonado era contratada - não havendo em Montalvão - uma Banda de música em Nisa ou Castelo de Vide, da qual se destacavam uns executantes para no coro da igreja acompanharem a Missa, tocando e cantando segundo mandava a liturgia.
Quando terminava a Missa e dito o sermão era chegado o momento da entrada do «Touro» na Igreja Matriz, animal bovino que não passava de um bezerro ou novilho oferecido por algum dos lavradores («riques», em montalvanês) em cumprimento de promessa. O animal era conduzido pela coxia central até à capela-mor, junto do andor de São Marcos numa apresentação e era retirado pelo mesmo caminho.
Nem sempre os bezerros ou novilhos sofriam bem bem esta cerimónia de caminhar por entre a massa agitada dos devotos no interior de um edifício com a atmosfera saturada de odor e suor de gente misturados com o perfume do incenso. Muitas vezes o animal excitava-se ou era excitado e havia correria e atropelos com gáudio de muitos.
Passada a agitação organizava-se o cortejo da Procissão acompanhado pela Banda, ou não havendo, pelo "tamboreiro" a tocar cadenciadamente no tambor. Abria a procissão a «Cruz da Paróquia» seguida da «Bandeira de São Marcos», depois vinha o andor, o sacerdote levando a Cruz e na retaguarda os homens. As mulheres, como em todas as Procissões, seguiam em áleas a ladear as insígnias e o andor. O itinerário era o habitual nas Procissões quando acompanhadas por Banda de música, mas era encurtado se ia o "tamboreiro", isto é, ia rua da Barca abaixo, no «Fundo da Rua», virava à esquerda, subia a rua da Costa e voltava, à esquerda, pela rua do Outeiro até à Igreja Matriz.
Recolhida a Procissão procedia-se à arrematação dos "ramos" oferecidos a São Marcos, além do bezerro/novilho que era leiloado no «Adro da Igreja». Eram borregos, galos, chibos, carne de porco, enchidos, cereais, legumes, fruta, doces, etecetra, apregoados conforme o uso (em montalvanês, claro):
«Quem dá mais por este ramo, que está em... (valor em réis ou escudos)... tostões que é para São Marcos bendito?»
À noite havia arraial com concerto pela Banda num coreto armado, bailarico, foguetes, "fogo preso" quando havia verba para despender.
As Mães, cheias de devoção, costumavam fazer-se acompanhar pelos filhos (rapazes) pequenos e dar com a cabeça no "tourinho" junto à imagem de São Marcos, no andor, fazendo a petição:
«São Marcos bendito te faça um bom homem».
Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As atividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino
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Só quando a Páscoa é tardia, São Marcos é honrado antes de São Silvestre...o ser. Em 2019 foi, pois a Páscoa assinalada em 21 de abril "colocou" o São Silvestre a 29 de abril, com São Marcos ao "meio" (quinta-feira). Em 2024, continuará a ser depois do São Silvestre, pois o domingo de Páscoa foi a 31 de março e o domingo de Pascoela (São Silvestre) em 7 de abril. Em 2025 altera-se: Domingo de Páscoa, em 20 de abril e São Silvestre, a 27 de abril. São Marcos, dois dias antes.
E de facto é dele o «Segundo Evangelho do Novo Testamento». São quatro os Evangelhos Canónicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Em questões de Fé interessa pouquíssimo a localização histórica das figuras bíblicas. Ou se acredita ou não se tem Fé. Mas tornou-se hábito fazer "enquadramentos históricos". Pois bem. Diz-se que Marcos nasceu em Cirene (norte litoral da Líbia [clicar]) em 10 a. C. (antes de Cristo) e morreu em Alexandria (Egito [clicar]) por volta de 25 de abril de 68 d. C. (depois de Cristo) vivendo cerca de 80 anos.
Em Montalvão consta que a capela de São Marcos ficava no que foi o quintal do sr. José António Morujo mas se assim era ficava, praticamente, em frente à igreja de São João (que existiu até aos anos 20) o que é pouco provável embora possível. A Igreja Matriz e a Igreja da Misericórdia ficam em frente uma da outra!
Na verdade aquando da descrição dos estragos provocados pelo terramoto de 1 de novembro de 1775 a igreja de São Marcos foi referenciada no levantamento realizado pelo Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça, em 24 de abril de 1758. A curiosidade é que entre Ermidas e Capelas era a única dentro da povoação. Todas as outras ficavam isoladas, ou seja, não havia continuidade de edifícios até junto delas, mesmo a de São Pedro e Espírito Santo, que atualmente ficam dentro do povoado. Em 1758 ficavam no exterior de Montalvão. Isoladas. Havia mais duas junto a «Montes»: Santo André e São Gregório/São Jacinto (Salavessa), além Santo António da Giesteira, entre a Salavessa e o Pé da Serra (São Simão). A Capela de Santo António (ao fundo da Corredoura) anexada para curral, por um Lavrador e a Capela de São João de que há notícias das suas existências e localizações, em meados do século XX (a de São João até deu nome a rua), são posteriores a 1758, pois não aparecem descritas, havendo "apenas" um altar dedicado a São João na de São Marcos. Isoladas continuam (e continuarão) a de Santa Margarida (arruinada), São Silvestre e Nossa Senhora dos Remédios. Três vértices de um triângulo divino e divinal.
A imagem que acompanhava São Marcos era um touro em vez de um leão que é tradicionalmente o animal que lhe está associado.
A «Festa de São Marcos» decorria em 25 de abril e até 1910 foi organizada pela respectiva Irmandade. Dispunha de Bandeira que era levada para a Igreja Matriz conforme era usual nas Irmandades que as tinham, acompanhada pelos «Irmãos» até à capela-mor onde se mantinha durante a Missa cantada. Se a Irmandade tivesse tido um ano bem abonado era contratada - não havendo em Montalvão - uma Banda de música em Nisa ou Castelo de Vide, da qual se destacavam uns executantes para no coro da igreja acompanharem a Missa, tocando e cantando segundo mandava a liturgia.
Quando terminava a Missa e dito o sermão era chegado o momento da entrada do «Touro» na Igreja Matriz, animal bovino que não passava de um bezerro ou novilho oferecido por algum dos lavradores («riques», em montalvanês) em cumprimento de promessa. O animal era conduzido pela coxia central até à capela-mor, junto do andor de São Marcos numa apresentação e era retirado pelo mesmo caminho.
Nem sempre os bezerros ou novilhos sofriam bem bem esta cerimónia de caminhar por entre a massa agitada dos devotos no interior de um edifício com a atmosfera saturada de odor e suor de gente misturados com o perfume do incenso. Muitas vezes o animal excitava-se ou era excitado e havia correria e atropelos com gáudio de muitos.
Passada a agitação organizava-se o cortejo da Procissão acompanhado pela Banda, ou não havendo, pelo "tamboreiro" a tocar cadenciadamente no tambor. Abria a procissão a «Cruz da Paróquia» seguida da «Bandeira de São Marcos», depois vinha o andor, o sacerdote levando a Cruz e na retaguarda os homens. As mulheres, como em todas as Procissões, seguiam em áleas a ladear as insígnias e o andor. O itinerário era o habitual nas Procissões quando acompanhadas por Banda de música, mas era encurtado se ia o "tamboreiro", isto é, ia rua da Barca abaixo, no «Fundo da Rua», virava à esquerda, subia a rua da Costa e voltava, à esquerda, pela rua do Outeiro até à Igreja Matriz.
Martírio de São Marcos em Alexandria, a 25 de abril de 68 (D.C.) |
Recolhida a Procissão procedia-se à arrematação dos "ramos" oferecidos a São Marcos, além do bezerro/novilho que era leiloado no «Adro da Igreja». Eram borregos, galos, chibos, carne de porco, enchidos, cereais, legumes, fruta, doces, etecetra, apregoados conforme o uso (em montalvanês, claro):
«Quem dá mais por este ramo, que está em... (valor em réis ou escudos)... tostões que é para São Marcos bendito?»
À noite havia arraial com concerto pela Banda num coreto armado, bailarico, foguetes, "fogo preso" quando havia verba para despender.
As Mães, cheias de devoção, costumavam fazer-se acompanhar pelos filhos (rapazes) pequenos e dar com a cabeça no "tourinho" junto à imagem de São Marcos, no andor, fazendo a petição:
«São Marcos bendito te faça um bom homem».
Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As atividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino