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15 setembro 2024

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Festa de Santa Margarida

15 setembro 2024 0 Comentários
A FESTA DE SANTA MARGARIDA É ASSINALADA NO TERCEIRO DOMINGO DE SETEMBRO.


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08 setembro 2024

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Romaria de Nossa Senhora dos Remédios

08 setembro 2024 0 Comentários
A MAIS SENTIDA HOMENAGEM A MONTALVÃO E AOS SEUS VALORES ESPIRITUAIS.


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15 agosto 2024

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Dia da Assunção

15 agosto 2024 0 Comentários
DEPOIS DAS FESTAS POPULARES DE JUNHO EIS O MEIO DO MÊS DE AGOSTO PARA MARCAR MAIS UM DIA FESTIVO E RELIGIOSO.



A Ascensão Celeste da Virgem Maria, Mãe de Cristo. A vida de Cristo tem suporte histórico, ainda que breve, entre os historiadores romanos, mas como é óbvio, não tem datas marcadas por não ser um cidadão romano, mas judeu.



Os ritos do início do Cristianismo assinalam que ao morrer (findar a vida terrestre) Maria - Mãe de Cristo ascendeu ao Céu, facto designado como "A Assunção" do latim assūmptiō (elevação). Este acontecimento celebrado, pelo menos desde o século V, adquiriu uma solenidade importante entre os Cristãos. Quando Montalvão foi fundada, no século XIII, a celebração da «Assunção de Nossa Senhora» era um dos maiores acontecimentos do ano religioso em todo o "Mundo Cristão". Em Montalvão tinha grande significado, em pleno Verão, antes das celebrações de «Nossa Senhora dos Remédios». 



As datas do Cristianismo têm de ser compreendidas dentro do calendário romano pois não há registos precisos dos dias em que ocorreram além de muitos serem dogmas - como é a "Assunção de Maria" - sem qualquer fonte histórica a suportá-la. Só a Fé dos cristãos nas decisões infalíveis dos Papas suportam as celebrações. Os cristãos dentro do Império Romano, particularmente na capital deste, em Roma, adaptaram as celebrações dos acontecimentos da religião às festividades romanas. Uma questão de oportunidade e inteligência. Aproveitavam as comemorações - paragens do ritmo diário de trabalho - do calendário romano para estabelecer os seus rituais sendo (ainda) uma religião minoritária e depois perseguida. Natal corresponde às festividades do Solstício de Inverno (as Saturnálias que terminavam com o Sol Invicto) e as Festas Populares de junho às romanas do Solstício de Verão (com destaque para as Minervinas). A Páscoa manteve-se como festa judaica, por isso obedece ao princípio do calendário hebraico (e muçulmano) que é lunar enquanto o atual (gregoriano) é solar, daí ser uma Festa Móvel. 



A importância do dia 15 de agosto (e deste ser o dia escolhido para "A Assunção") radica no segundo calendário romano (de Numa Pompílio, segundo rei de Roma, por volta do ano 600 a. C.) antes da reforma de 46 a. C. empreendida neste calendário romano pelo imperador romano Júlio César. As reformas dos calendários eram decretadas em Roma mas levavam décadas a ser adquiridas por todos, num tempo em que a informação circulava lentamente. Aquilo que se consegue, resumidamente, afirmar - até porque é difícil entender quanto mais explanar, nem é este... esse âmbito - é que 15 de agosto correspondia a meio do ano para os romanos (o ano civil romano iniciava-se em março) e em simultâneo havia feriado em meados de agosto (as Portunálias), depois o Imperador Augusto instituiu as "Férias de Agosto" - Feriae Augusti (que ainda se assinalam em muitas cidades italianas) - e o Sol entra na constelação de Virgem. Tudo junto fez com que os cristãos, a viverem entre romanos, escolhessem o 15 de agosto para assinalar a «Ascenção da Virgem ao Céu».



Algumas breve notas acerca dos calendários romanos:


1. O ano tinha no início dez meses, depois doze meses com início em março (primeiro mês) e final em fevereiro (12.º mês). Os meses eram Martius, Aprilis, Maius, Iunius, Quintilis (depois Iulius), Sextilis (depois Augustus), Septembris, Octobris, Novembris, Decembris, Ianuarius e Februarius. Meses dedicados a deuses: março (deus da guerra, Marte), abril (deusa etrusca - antepassados dos romanos - do amor, Apro), maio (deusa da fecundidade, Maia), junho (Juno, esposa do rei dos deuses, Júpiter), julho (homenagem ao Imperador Júlio César), agosto (homenagem ao Imperador César Augusto), setembro (de sétimo no calendário juliano), outubro (de oitavo no calendário juliano), novembro (de nono no calendário juliano), dezembro (de décimo no calendário juliano), janeiro (deus da renovação, Jano) e fevereiro (deus da morte e purificação, Februo). 

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



2. Os meses tinham número de dias variáveis mas só havia designação para três dias: Calendas (1.º dia de cada mês, palavra que deu origem ao termo Calendário); Nonas (5.º ou 7.º dia conforme o número de dias do mês); e Idos (13.º ou 15.º dia conforme o número de dias do mês). Depois entre cada um destes três dias, era a habitual contagem decrescente para cada dia ou o dia tinha o nome da respetiva festa religiosa romana. Por exemplo o mês de agosto, antes de ser dedicado ao Imperador Augusto designava-se por Sextilis (sexto) tinha o dia das Nonas ao 5.º dia e o dos Idos ao 13.º dia. O dia 15 de agosto era conhecido por «18 dias antes das Calendas de Setembro ou Septembris (sétimo, em latim)». Para complicar, ainda mais, não havia correspondência entre o 1 de março romano e o 1 de março atual.


   
3. Com o «Calendário Juliano» em 46 a. C., estabelecido para evitar o desfasamento que os dois calendários romanos anteriores obrigaram a ter em relação ao ciclo solar, passou a acrescentar-se, a cada quatro anos, um dia intercalar a seguir ao sexto dia para as «Calendas de Março». Sem designação passou a ser conhecido como bissexto, dando também nome aos anos que passaram a contar com ele. Com o «Calendário Gregoriano (o atual), utilizando a numeração árabe, promulgado pelo Papa Gregório XIII, em 24 de Fevereiro de 1582, o dia passou a ser 29, o seguinte a 28, mas manteve-se a designação de «Ano Bissexto».
   

4. Os dias («Dies», em Latim) da semana eram marcados nos calendários com letras de A a G. Iniciando-se como Solis (Dominica, depois da adaptação cristã), Lunae (Feria II), Martis (Feria III), Mercurii (Feria IV), Iovis (Feria V), Veneris (Feria VI) e  Saturni (Sabbatum). Dias dedicados a deuses, respetivamente: Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus e Saturno. Dominica passou a domingo, em português e Sabbatum, a sábado. Feria II passou a segunda feria (feria, raiz de feriado: dia de descanso de celebrações religiosas nos templos) depois segunda-feira e assim sucessivamente. A Língua Portuguesa foi (e é) a única em que o Vaticano, apagando os vestígios romanos de dedicar os dias da semana às divindades romanas, ao Sol e Lua, conseguiu sobrepor-se à tradição ancestral latina de designar os dias conforme os deuses. A popularidade e utilização diária durante séculos nas várias regiões do Império Romano das designações não conseguiram separar os dias com nomes pagãos dos rituais diários cristãos. Só a Língua Portuguesa alterou radicalmente a tradição romana.   

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5. O facto do Sol entrar na constelação da Virgem em meados do sexto mês do calendário romano - em 2022 será às 03:16 horas de 23 de agosto - tornou simbólico a entrada da Virgem Maria no Reino dos Céus.



Apesar da dificuldade em explicar o porquê da escolha do dia 15 de agosto tendo em consideração que sendo das primeiras celebrações no Cristianismo tem de ser entendida no contexto do calendário romano, o facto de haver duas correspondências - festividades romanas (assinalar o sexto mês, o do meio do ano civil e festas das "férias romanas" de verão) e ocorrência astronómica (entrada do Sol na constelação de Virgem) - tornou este dia muito importante para os Cristãos. A «Assunção Celeste de Nossa Senhora», a sua subida ao Céu, permite justificar o recrudescimento do «Culto Mariano»: é a Virgem Maria que surge em «Aparições» terrestres e não Cristo. 



Procissão da Assunção
O percurso habitual mas com muitas colchas às janelas e nas poucas varandas que existem na aldeia. Mas as que existem estavam guarnecidas para honrar as imagens, andores, pessoas e o sagrado. A procissão com mais de meia-aldeia a formá-la iniciava-se junto das portas da Igreja Matriz, descia a rua da Barca até ao "Fundo da Rua" virava à esquerda subindo a rua da Costa até ao topo guinando à direita pela rua Direita, depois rua do Cabo. Ao chegar à Corredoura, virava à esquerda pela travessa do Bruzuneiro até ao Adro da Igreja de São Pedro seguindo pela rua de São Pedro, descendo depois a rua do Arneiro para virar à esquerda rumo às Portas da Igreja Matriz onde findava.



Em pleno Verão, mês de secura e calor extremo em Montalvão, os guarda-chuvas transformavam-se em "sombrinhas". Tal como noutras localidades:



Não deixa de suscitar alguma curiosidade que no imaginário popular as "Aparições" sejam sempre associadas ao aparecimento da Virgem Maria ("possível" pelo facto de ter "subido ao Céu") com "vestido branco" mas Cristo vestia-se também de mesmo modo, pois no seu tempo e entre os costumes dos Hebreus as semelhanças de vestuário entre homens e mulheres eram pouco significativas.


VESTUÁRIO NO TEMPO DE JESUS CRISTO – No primeiro século a roupa era muito mais simples do que é hoje. A maioria das roupas eram feitas de lã, embora o linho também fosse usado (feito de linho cultivado na área de Jericó ou importado do Egito). Tanto os homens como as mulheres usavam normalmente uma túnica e um manto. A lei judaica exigia que o manto tivesse bordas unidas aos seus quatro cantos. Cada borda era para incluir um cordão azul e foi concebido como uma forma de ajudar as pessoas a se lembrar de manter a Lei de Deus. Para ocasiões especiais uma longa roupa conhecida como ‘estola’ era usada. Eram usados geralmente sandálias de couro (ou talvez de madeira) – Fonte – http://dailylifeinthetimeofjesus.weebly.com/daily-life-at-the-time-of-jesus.html


Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. O ritmo anual da vida dos montalvanenses era pontuada pelo assinalar dos dias consagrados à religião católica
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22 julho 2024

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Montalvão 1527

22 julho 2024 0 Comentários

EM 1527 SURGEM AS PRIMEIRAS INFORMAÇÕES, A NÍVEL NACIONAL, COM DEMOGRAFIA E LOCALIZAÇÕES DAS POVOAÇÕES MAIS IMPORTANTES DO REINO.



Montalvão revela-se, desde logo, um dos maiores povoados do Alentejo e de Portugal. Isto em 1527, há 497 anos.

 

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29 junho 2024

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Festa de São Pedro

29 junho 2024 0 Comentários
AO «LUSCO-FUSCO», EM 28 DE JUNHO, COMEÇA A NOITE DE SÃO PEDRO. A ÚLTIMA FESTA DE JUNHO SELAVA O TEMPO EM QUE O FOLGUEDO POPULAR SE SOBREPUNHA, MUITAS VEZES, AO CARÁCTER RELIGIOSO.



O dia de São Pedro (29 de junho), em Montalvão, era festejado pelos pastores e cabreiros. Este dia tinha enorme importância na profissão deles pois era em 29 de junho que iniciavam e terminavam os contratos com os seus patrões (os «riques») uso que ainda perdurava até há pouco. Assim, quando durante o ano algum pastor saía de casa do amo (os «riques») com quem estava contratado, comentava-se: «Aquele fez hoje São Pedro». Igualmente quando algum pastor era visto em Montalvão onde vinha tratar assuntos profissionais ou particulares (alguma urgência com um familiar), ou seja, afastava-se dos rebanhos onde devia permanecer todo o ano, observavam: «Parece que é Dia de São Pedro, vêm os pastores à vila» (em montalvanês, Montalvão é conhecido por "vila", ou seja, a designação mais abrangente - vilas há muitas - é antiquíssima, tendo em conta que Montalvão só há um!).
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24 junho 2024

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Festa de São João

24 junho 2024 0 Comentários
A MAIOR E MAIS EXPRESSIVA DAS FESTAS DE JUNHO. EM MONTALVÃO DA RESPONSABILIDADE DOS RICOS.


O São João assinalando o nascimento de João Baptista é a mais expressiva e festejada comemoração no verão, por ser já uma data de festa popular antes do Cristianismo que aproveitou as comemorações pagãs em honra do Solstício de Verão (21/22 de junho). Tal como o Natal "herdou" os festejos populares pagãs referentes ao Solstício de Inverno (21/22 de dezembro). Na prática a «Festa do São João» durava três dias: 23, 24 e 25!

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13 junho 2024

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Festa de Santo António

13 junho 2024 0 Comentários
AS FESTAS POPULARES DOS SANTOS NO MÊS DE JUNHO ERAM ORGANIZADAS POR ATIVIDADES RURAIS QUE REFLETIAM A ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL.



A primeira do mês, a de Santo António, estava por conta dos seareiros, pois eram muares os animais que utilizavam nos seus trabalhos de lavoura. 



O «Santo António» era a festa dos remediados. O «São João» a dos ricos e o «São Pedro» a dos pobres.



Ao final da tarde do dia 12 cada um trazia para a rua o rosmaninho, quando havia também alecrim, fazendo uma fogueira, que ardia em cima dos ponedros que as calcetavam para ser saltada pela família - principalmente «catchôpos e catchópas» - também por vizinhos e havia quem andasse (saltasse) de fogueira em fogueira correndo as ruas.


Montalvão de tão altaneiro, avistando-se de tão longe, devia parecer uma enorme bruma fumegante cheirando (bem) a rosmaninho. O "fumador" coletivo tantas eram as fogueiras, algumas apenas fogueirinhas que esmoreciam num instante.


Espigas de trigo a ondular ao vento. Até parece uma das searas do Ti Zé Caratana, semeadas e ceifadas na Tapada do Pontão. Com eira e tudo, mais o trilho de madeira, na «tapadinha de cima», para separar a palha do grão, com que a Xá Ana fazia o pão que alimentava os cinco "carataninhas" mais os que apareciam à porta, na rua das Almas

A festa de Santo António, dos seareiros ou macheiros/mulareiros era plena de significado, pois estes colocavam nela todo o seu carinho e devoção.


Muares fêmea (mula) e macho. Espécie híbrida, por isso estéril, resultante do cruzamento de um burro com uma égua

Uma das devoções a Santo António era a das «Trezenas», nos treze dias antes da festa, ou seja, de 1 a 13 de junho, pelas cinco horas da tarde, cantava-se o «Terço» e a «Ladainha a Santo António». 



No dia 12, os Festeiros de Santo António, escolhidos entre os seareiros, compareciam com a Bandeira e o tambor para assistirem à devoção. As «Trezenas» também se rezavam em outros meses, mas por promessa, sempre entre 1 e 13 de cada mês, porém eram cantadas logo após a Missa da manhã e sujeitas ao padre ter ou não possibilidade de as fazer.

Como dizia o Ti Zé Caratana: «Muares d'uma gana (da nossa sorte)! Comem como os burros e trabalham mais que cavalos e éguas. Não engana!» Mas nunca teve nenhum: mula ou macho!

As «Cavalhadas» eram o mais esperado. O profano numa festa religiosa. Sem o brilho das que se faziam pelo São João, pois estas eram com cavalos e éguas, no Santo António a Corredoura enchia-se de povo e muares. 



Conforme o número de cavaleiros assim se faziam as corridas, geralmente a dois no limite a três. Iam-se eliminando até apurar o vencedor. De Leste para Oeste era ir e vir, entre o início da Corredoura e a volta que era, também, o seu final, junto à rua do Cabo.




Nesta noite de 12 para 13, nas ruas, a cada porta, ardiam fogueiras de rosmaninho, por vezes, misturado com alecrim. Cada família a tentar fazer uma fogueira maior que a do vizinho...



Ao fundo da Corredoura, a descer já para a azinhaga da Salavessa (a da Sargaceira) a antiga capela de Santo António transformada em cavalariça do senhô Zé Godinho

Até parece que nunca foi capela! 

Agora há que esperar pelo «São João» para ver corridas de equinos a sério. As cavalhadas com éguas e cavalos. A valer!




Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As atividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino
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09 junho 2024

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Eleição 2024: Montalvão com 219 Votantes

09 junho 2024 0 Comentários

  EM 285 ELEITORES INSCRITOS.


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Feira das Cerejas

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NO SEGUNDO DOMINGO DE JUNHO A VILA (MONTALVÃO) AGITAVA-SE.



Das quatro Feiras de Nisa esta era a primeira em que havia calor, geralmente não chovia e os dias eram maiores, nascer do sol pelas 06:10 horas e ocaso pelas 20:58 horas, ou seja, 14 horas e 48 minutos de dia, ainda mais tendo em conta a alvorada e o crepúsculo. Muito tempo para se estar em Nisa, pois a viagem de ida e volta, cerca de 16 quilómetros, consumiam muito tempo. Assim, esta era a feira por excelência para as freguesias que distavam vários quilómetros de Nisa. Os preparativos começavam logo de véspera, no sábado, pois a saída de Montalvão, era bem cedo, nesse domingo. 


No segundo domingo de junho era pegar na trouxa e partir cedo para Nisa. Estava montada uma das maiores feiras do concelho. Dependendo do calendário de cada ano, podia decorrer entre os dias 8 e 14. A «Feira de Junho», popularmente «Feira das Cerejas», por ser tempo de abundância delas. Durante décadas colhidas nas encostas mais umbrias da serra de São Mamede, onde nasce o rio Sever.




Em Montalvão não há registos de um Feira com regularidade sazonal, mesmo uma vez por ano. O que num povoado tão grande é quase inexplicável. Por vezes, em 24 de setembro, ocorria uma Feira mas era esporádica, raramente tendo uma década consecutiva a realizar-se. Em cem anos - entre 1830 e 1930 - teria sido realizada cerca de vinte vezes. Nem se pode dizer que fosse «uma Feira», por não ter regularidade de assinalar. Era a Feira de Nossa Senhora das Mercês.  Depois houve Feiras mas por coincidência de feirantes que chegavam e partiam no mesmo dia. Era mais «Mercado» que «Feira».



Em Montalvão, sinónimo de Feira era ir às três Feiras Anuais em Nisa. A de janeiro (ou de Inverno), a de junho (ou das Cerejas) e a de outubro (ou São Miguel). Depois juntou-se uma quarta... feira, a dos Passos (terceiro domingo da Quaresma).



A de «Inverno» é no segundo domingo de janeiro, a das «Cerejas» no segundo domingo de junho e a de «São Miguel» no segundo domingo de outubro. 


Ninguém se enganava. Janeiro, junho e outubro. Sempre ao segundo domingo.


Descrição da povoação e do seu termo (Montalvão: componentes, características e atividades, da vila até aos limites do concelho). Documento original, datado de 24 de abril de 1758, na Torre do Tombo, em Lisboa

Mesmo quando, em Lisboa, se decidiu fazer um inventário dos estragos que o terramoto do 1.º de novembro de 1755 provocou no país, quem responde de Montalvão é inequívoco quanto às questões n.º «22 - Se tem feira, em que dias?» e n.º «23 - Se he franca, e quantos dias?». O Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça, escreve de Montalvão, em 24 de abril de 1758, de forma esclarecedora como resposta n.º 19:


«Naõ tem feyra, nem mercado em algum dos dias do anno; excepto nos sábados, que saõ livres para quem na praça quizer vender alguns frutos».

E ainda a resposta n.º 15 à questão n.º 18 - «Quaes saõ os frutos da terra, que os moradores recolhem em maior abundancia?»



«Os frutos desta terra saõ somente trigo, senteyo, sevada, e linho, e algum azeyte, e mel; sendo entre todos estes de trigo a mayor abbundançia, segundo a qualidade dos annos».


Ao segundo domingo de junho, Montalvão preparava-se com os seus melhores trajes e rumava a Nisa, para comprar na Feira. 


As cerejas por vezes eram o pretexto pois até nem se compravam muitas, embora em Montalvão as cerejeiras se contassem pelos dedos, e eram mirradas, mesmo havendo vários topónimos, como «Cerejeira» (cerejêre, em «montalvanês») e «Fonte Cereja». 



Não se compravam muitas cerejas. Cada mãe fazia uma «caldêrinha» - uma mão cheia de cerejas, duas a duas, atadas pelos pés com um simples fio - que depois se distribuía por cada membro da família. Tocava meia dúzia a cada um. Era o dinheiro a encurtar uma má barrigada de cerejas que por vezes davam volta à tripa com maus resultados. 




A «Feira das Cerejas» era a típica feira de Verão. Bom tempo, dias longos, com nascer do Sol por volta das seis da manhã e o pôr-do-Sol pelas nove da noite. Raramente chuvisco embora por vezes as trovoadas fizessem das suas... 


Era uma feira de família. Na Vila ficavam mesmo os que estavam impedidos por qualquer enfermidade, velhice ou algum trabalho urgente por acabar de rumar a Nisa. Já sabiam o que os esperava. Mesmo depois da estrada nacional n.º 359 (variante 3) ter encurtado distância e tempo eram 16 quilómetros bem medidos, em cada sentido.



Os pais iam à procura do que necessitavam para mais um ano de vida (até à próxima feira de Verão) ou pelo menos até à de Outono, no segundo domingo de outubro, pelo São Miguel. Esta era mais para feijão, grão-de-bico e cereais.



Para os filhos (crianças e jovens, rapazes e raparigas, em linguagem grave, ou «catchôpos e catchópas», em montalvanês) entre o «Largo Central» das guloseimas - rebuçados de açúcar e outros doces caseiros feitos noutras terras por isso iguarias - e o «Campo da Devesa» onde entre animais de todas as espécies e raças à venda corria-se desalmadamente como se não houvesse amanhã.



Assim se foi fazendo Montalvão...
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