Os professores primários deram-lhe a primeira "machadada" à custa de milhares de reguadas. Aqui fica a terceira leva. Uma região que já não é bem o Alentejo, mas ainda não é Beira Baixa, nem é Espanha. Mas é quase tudo. É Montalvão. E chega!
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12 julho 2021

Dicionário Montalvanês - Português III
12 julho 2021 | 0 Comentários | | 11:35 |
Os professores primários deram-lhe a primeira "machadada" à custa de milhares de reguadas. Aqui fica a terceira leva. Uma região que já não é bem o Alentejo, mas ainda não é Beira Baixa, nem é Espanha. Mas é quase tudo. É Montalvão. E chega!
07 julho 2021

À Porta Desta Igreja
07 julho 2021 | 0 Comentários | | 20:50 |
MILHARES DE CASAMENTOS COM BODAS MAIS OU MENOS FAUSTOSAS SE FIZERAM DURANTE SETE SÉCULOS.
Os casamentos em Montalvão eram variados, como em todo o lado, mas a tendência era para os noivos pertencerem à mesma classe rural: entre filhos de Proprietários, entre filhos de Lavradores e entre filhos de Jornaleiros e artesãos. Há sempre excepções encontrando-se por vezes "cruzamentos" entre Proprietários e Lavradores, bem como noivas filhas de Lavradores a casar com filhos de Jornaleiros muitas vezes a trabalhar à jorna em terras do sogro...Geralmente filhos de Jornaleiros conceituados (Feitores), ou seja, onde trabalhava há muito o pai do noivo com trabalho apreciado pelo Lavrador.
17 junho 2021

Vacinação e População (Parte II)
17 junho 2021 | 1 Comentários | | 22:04 |
DURANTE SÉCULOS A POPULAÇÃO DE MONTALVÃO MANTEVE-SE ABAIXO DE UM MILHAR.
Muitos nascimentos mas também muitos óbitos. Os "anjinhos" - bébés que morriam logo após nascerem ou nas semanas seguintes - tiveram durante décadas (séculos) números impressionantes.
29 maio 2021

Tripeça e Tropeça
29 maio 2021 | 0 Comentários | | 11:03 |
AMBOS ASSENTOS - EM LINGUAGEM À GRAVE, OU SEJA PARA LÁ DOS ARRABALDES DA VILA - "PEÇAS DE MOBILIÁRIO". SÃO BANCOS DE ASSENTO CUJA ORIGEM DE ENCONTRA PARA LÁ DA MEMÓRIA DO PASSADO.
Os nomes são curiosos um de enganador e outro de confirmação. A origem também. Tripeça até parece um objeto/utensílio constituído por três peças mas não é. Apenas uma, de madeira compacta, até seria numa nomenclatura "à letra" - Tripés - e outra, feita de cortiça, dava mesmo para nela se tropeçar além da sua finalidade...servir de assento cómodo.
08 maio 2021

Montalvão 1803 (Parte II: Natureza)
08 maio 2021 | 0 Comentários | | 00:00 |
NESTA SEGUNDA PARTE O DESTAQUE É A NATUREZA DESCRITA NO INÍCIO DO SÉCULO XIX.
Na primeira parte (clicar) já se divulgou o âmbito e objetivo desta descrição elaborada, pelo então Oficial do Real Corpo de Engenheiros, José Maria das Neves Costa, nascido em Carnide (atualmente pertencente a Lisboa) que fez um reconhecimento militar da fronteira do Nordeste Alentejano, publicada em 1803.
15 abril 2021

Proprietários, Lavradores, Seareiros e Jornaleiros
15 abril 2021 | 2 Comentários | | 00:00 |
EM MONTALVÃO COMO EM TODO O MUNDO RURAL ALENTEJANO.
Mais de 90 por cento das famílias viviam, exclusivamente, dos rendimentos obtidos no espaço rural que envolvia o povoado. Mas era uma repartição muito desigual. Nesses 90 por cento, quase todos dependiam do que podiam e conseguiam fazer a cada dia, em cada jorna. Os restantes (cerca de dez por cento) eram os que tinham um Ofício ou outra atividade como se resumiu (clicar). E até ao início do século XX ainda havia que contar com alguns (poucos) almocreves (clicar).
PROPRIETÁRIOS - Os "riques". Terratenentes detendo mais de metade do território da freguesia. Viviam nas maiores casas, na periferia da povoação - Arrabalde, rua da Barca, rua do Arneiro, início da rua de São Pedro, Corredoura ou perto dela quando Montalvão terminava na rua do Cabo. Tinham quintais que eram autênticas tapadas. Eram servidos nos seus casarões por criadas (muitas viviam a sua vida entre os patrões e patroas) e criados. Nas suas vastas propriedades tinham empregados permanentes, a cuidar dos olivais, montados, searas, vacas, animais de capoeira, varas (de porcos) e rebanhos (ovinos e caprinos). Em épocas de mais trabalho: mondas, ceifas, apanha da azeitona, tiragem da cortiça, por exemplo, contratavam jornaleiros que estivessem livres.
LAVRADORES - Tinham propriedades em extensão suficiente para conseguirem sobreviver apenas da agricultura e pecuária. Empregavam alguns jornaleiros para cuidarem dos rebanhos, lavrarem, semearem, mondarem, ceifarem e trilharem o cereal. Apanhar e transformar a azeitona em azeite. Tirar a cortiça. Cuidar de porcinos aproveitando a lande dos sobreiros e as bolotas das azinheiras. Não "manchavam" as mãos de terra, lama, trabalhos agrícolas ou pecuários. Mandavam. Em épocas de mais trabalho: mondas, ceifas, apanha da azeitona, tiragem da cortiça, por exemplo, contratavam jornaleiros que estivessem livres.
SEAREIROS - Lavradores com capacidade (e vontade) para semear mais hectares de searas para a dimensão das propriedades que detinham. "Alugavam" superfície a Proprietários que, pelo contrário, tinham mais hectares para searas que capacidade em utilizar toda a superfície disponível. Em troca pagavam esse "aluguer para semear trigo, centeio, cevada ou aveia" em bens, geralmente, uma parte dessa produção que obtinham depois da ceifa e debulha. Tudo isto porque o "Mercado da Terra/Tapadas" era inexistente. Quem tinha, mesmo que não tivesse capacidade e vontade de as cultivar ou necessidade/interesse, não tendo dívidas avultadas não se desfazia das propriedades, pois era um desprestígio vergonhoso ceder terrenos dos seus antepassados.
JORNALEIROS - Eram a maioria. Esmagadora. Dependiam do trabalho que os Proprietários e Lavradores lhes pagavam. Muitas vezes era nas tabernas ou um que informava outro que havia trabalho no(s) dia(s) seguinte(s). Uma enorme falange de gente pobre que muitas vezes eram tratados como se fossem mais um rebanho, só que de gente. Autênticas «almas mortas», servos a necessitar de um pedaço de pão ou meios para o comprar.
Havia ainda quem tivesse um ofício e que dispusesse de pequenos espaços agrícolas, geralmente herdados, de algum casamento com filhas de Lavradores (raramente de Proprietários, pois estes casavam entre eles, para manter a posse de muitos hectares de terreno).
Vai ser a emigração e a migração, em meados do século XX, para a Área Metropolitana de Lisboa, com destaque para São Domingos de Rana e Bobadela, que vai por fim a este mundo agrícola iniciado aquando da formação do povoado no final do século XIII. Os jornaleiros e seus filhos (condenados a serem jornaleiros, nascendo pobres e morrendo pobres) aproveitam a oportunidade da haver melhores condições de deslocação, nas ligações de Montalvão para lá da povoação. E o apoio dos que saíram primeiro acolherem os que queriam sair depois. Abandonam Montalvão indo viver (e trabalhar) para onde podiam singrar na vida, eles e os seus descendentes. A «Vila» passa a ser saudade. Os «riques» depois do cruzamento constante de laços de consanguinidade têm gerações incapazes de resolver o novo problema - por vezes, alguns «Proprietários» nem descendência tiveram - a falta de Jornaleiros. A mão de obra alheia para permitir acumular bens/receitas. Sem condições para saber o que fazer, como mudar, fazem extinguir a classe dos montalvanenses mais abastados. Alguns dos familiares dos «riques» sobrevivem, na atualidade, por terem "ido casar" fora do povoado, mas já sem ligações ao Mundo Rural Montalvanense.
Assim se foi construindo (e desconstruindo) Montalvão
07 abril 2021
21 março 2021

Montalvão: Terra dos Poetas Ativos (Parte II)
21 março 2021 | 0 Comentários | | 00:00 |
No Alentejo, há na atualidade milhares de rimadores. Em Portugal, mais outros tantos. Talvez que o melhor poeta alentejano, prefiro continuar a chamar-lhe poetisa embora não seja politicamente correto, foi (ainda é que os poetas nunca morrem..) Florbela Espanca, nascida em Vila Viçosa, a 8 de dezembro de 1894. Faleceu (certamente suicidou-se) no dia em que completava 36 anos (1930), em Matosinhos
Em Montalvão, vai decorrer no próximo sábado, uma iniciativa importante e valiosa com a apresentação de um livro com um conjunto de melodias que se inspiram nos seus versos.
Aproveitando esta iniciativa que funciona como pretexto para neste blogue se cumprir mais uma promessa que ficou escrita em 15 de novembro de 2019 (clicar): divulgar mais rimadores e poetas de Montalvão. Serão divulgados dois já falecidos, um que está debilitado (tendo 80 anos, completados em 14 de março) mas continua bem presente e dois que, felizmente, continuam a versejar com regularidade de uma geração mais nova (penso que por volta dos 70 anos de idade). Quatro rimadores com muita qualidade - também há poetas rimadores com pouca qualidade, o que não o "caso destes quatro" - versando acerca de Montalvão e do montalvanismo!
Júlio Baptista Morujo
António José Belo
José da Graça de Matos
Carlos Alberto Lucas Silva
NOTA: Se considerei o primeiro livro («Um Rio à Cintura»; Editora "Apenas Livros"; Dezembro de 2018) do poeta Carlos Alberto Lucas Silva de excelência, este segundo livro («Fogueira dos Sentidos»; Editora "Apenas Livros"; Outubro de 2019) supera-o o que é extraordinário. A não divulgação nacional - com críticas nos três principais jornais (Expresso/Revista, Público/Ípsilon e Jornal de Letras, Artes e Ideias) - bem como não se encontrarem disponíveis nas principais livrarias portugueses é um "crime de lesa-cultura".
Continua, em breve, pois há muito para poder continuar...