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17 junho 2021

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Vacinação e População (Parte II)

17 junho 2021 1 Comentários

DURANTE SÉCULOS A POPULAÇÃO DE MONTALVÃO MANTEVE-SE ABAIXO DE UM MILHAR.

Muitos nascimentos mas também muitos óbitos. Os "anjinhos" - bébés que morriam logo após nascerem ou nas semanas seguintes - tiveram durante décadas (séculos) números impressionantes. 


As diferenças entre os nascimentos e as mortes eram praticamente iguais daí o crescimento populacional na freguesia ser diminuto até que...as vacinas tudo mudaram. Na primeira parte já se escreveu acerca das «catchópas» e ficou prometido fazer o mesmo para os «catchôpos». Como o prometido é devido. 



NOTA: Um agradecimento muito sentido, para a disponibilidade, prontidão e qualidade no desempenho, a um «catchúpinhe» nascido em 14 de março de 1939 - teria pouco mais de oito anos quando a fotografia foi obtida - e que possibilitou completar e resolver algumas dúvidas que existiam na identificação de...85 «catchôpos», em princípio, por Maio de 1947: José da Graça de Matos (Zé Bôiana).


A dificuldade em fazer corresponder edifícios de há um bom "par de anos" com a atualidade tem aqui um dos exemplos. Uma casa - entre o portão de serventia para o quintal onde vivia a Xá Ana (a Bordôa) e o portão de igual serventia da casa do senhor Tomás da Escola está transformada em duas e com o piso superior alterado para duas varandas: na origem apesar de grande só tinha piso térreo. Uma casa de branco caiado foi transformada em duas, curiosamente com barras diferentes, uma a ocre e outra a azul ultramarino. Muitas mudanças houve em Montalvão nos últimos 50 anos. Desde aglutinar/juntar duas ou mais casas numa, elevar pisos ou separar, como foi neste caso, da antiga "Escola dos Rapazes"! 


Num "belo dia" saíram do edifício da Escola, na rua de São Pedro, seguiram pela Praça da República e em frente à porta da Igreja Matriz registaram o momento para a posteridade os alunos da primeira classe (entraram neste ano letivo de 1946/47) até aos da quarta classe (tinham entrado em 1943/44). Coube a estes «catchúpinhos» da primeira classe e outros repetentes, já na quarta classe, inaugurarem as novas instalações da Escola Primária de Montalvão em 1949/50, como ficou escrito neste blogue (clicar).  As «catchópas» também ficaram para a posteridade fotografadas (clicar). Numa tentativa de dar o nome - embora seja melhor consultar o "montalvanês" (clicar) e indicar por onde viviam aquando da sua frequência na Escola Primária, a "esta pequena multidão impressionante de quase...cem rapazes":



Professor: Senhor Domingues Autunes (à direita):

01. Júan (Sena) na Corredoura junto do 49. 

02. Júan Moruje (Goulã) na rua do Cabo

03. Jaquim (Pé-cochinho) irmão do 25. na rua de São Pedro

04. Malaquias, irmão do 71. na rua de São Pedro para a Praça da República

05. Bento Zé Fraústo na rua do Arneiro

06. Clarinha (filho do Ti Arel) irmão do 12. na rua da Barca

07. Júan Maria (Craveiro) na rua do Arneiro

08. Jaquim Maria (Guia) no «Fundo da Rua»

09. Tónhe (da Pombinha) na rua da Barca

10. Tónhe (Canilhas) na rua Direita

11. Zé Barreto (Barrete) na rua Direita

12. Meguel (filho do Ti Arel) irmão do 6. na rua da Barca

13. Rodolfe na Corredoura 

14. Júan dos Santos na Corredoura

15. Manél (Maneta) na rua da Costa

16. Júan Leirinha (Pêrro) irmão do 48. na rua de Direita

17. Júan Moruje (Ganhã) na rua da Costa

18. Zé Bello na rua de São Pedro

19. Jenuére (Pândega) na rua do Hospital

20. Zé Mouréte (filho do ti Antero) na rua de São Pedro

21. Júan (Foguete) na rua ?

22. Zé Gorrinha no Santo André

23. Tónhe Lopes (irmão da Tchá Roberta) na rua de São Pedro

24. Júan (Cantchã) no Sítio do Bernardino

25. Eugéne (irmão do Pé Coxinho, o 3., na rua de São Pedro

26. Júan (Xêra) no Sítio do Bernardino

27. Tónhe (Pirête) na Porta de Baixo

28. Zé (Xica) na rua do Ferro, a chegar aos Touriles

29. ?

30. Tónhe Leirinha na rua Direita

31. Menine Jaquim Ferro na Praça da República

32. Tónhe (Boneque) no Santo André

33. Tónhe (Pelaimas) neto da forneira Tchá Troisa do Forno, na rua do Cabo

34. Júan (Abelhêró) na rua de São Pedro

35. Afonse (filho do Ti Domingues "Tincó-tinco") na rua da Barca

36. Jenuére (Borralho) na rua ?

37. Zé (Derrota) filho do Ti Zé do Reté, na rua da Barca

38. Zé (Latêja) na rua da Barca

39. Daniel (filho do Ti André) na rua do Hospital

40. Júan (Fusil) na rua Direita

41. Zé (Joana) na rua do Ferro

42. Zé Maria (Zezana) na rua Direita

43. Júan Zé Carrilho na rua ?

44. Jaquim (Panim) no Sítio do Bernardino

45. Fernande (Tourêre) nas Traseiras com a rua da Costa

46. Tónhe (Serrã) na rua da Costa

47. Menine Zézinhe (filho do senhor Pemantel) no Arrabalde

48. Zé Leirinha (Pêrrio) irmão do 16. na rua Direita

49. Tónhe (Fornêre) filho da forneira Tchá Troisa na rua Direita, embora vivesse na Corredoura junto do 1. 

50. Júan (Sarrasquêre) na Corredoura

51. Zé (Bôiana) na rua das Almas

52. Jenuére (Adista) no Arrabalde

53. Manél (da Barca) na rua do Cabo

54. ?

55. Jaquim (Cárol) na rua do Cabo

56. Zé Loure na rua da Barca

57. Júan Dias no Santo André

58. ? (Tourêre) no Santo André

59. Zé Mouzinhe no Santo André

60. Manél (Marrafa) filho do Ti Segarilha na rua da Barca

61. Zé Abêlhe na rua Direita

62. Tónhe (Manel) na rua da Barca ao «Fundo da Rua»

63. Mané (Paixã) no Santo André

64. Tónhe Belarde no Santo André

65. Janjan (João Branco) na rua de São Pedro

66. Tónhe (Balhã) na rua do Arneiro

67. Zé (filho do Ti Cágadenhêre) na rua do Cabo

68. Zé Ricarde irmão do 69. na Praça da República

69. Tónhe Ricarde irmão do 68. na Praça da República 

70. Zé Tavares na rua ?

71. Jaquim (Canhoto) irmão do 4. na rua de São Pedro para a Praça da República

72. Jaquim (Xina) na rua do Cabo

73. Tónhe (Patrice) na Corredoura

74. ?

75. Flipe (Espanhol) filho do Ti Zé Curto no Santo André

76. Menine Artur (filho do senhor Zé da Loja) na rua de São Pedro

77. Erneste (filho do Jaquim Fidalgo) na ?

78. Tónhe (Cigano) no «Fundo da Rua»

79. Júan (Ica) na rua da Barca

80. Bente (Grouga) na rua de São Pedro

81. Júan (Polainas) na rua do Cabo

82. Júan dos Rês (pai do Toninho) na rua da Barca

83. Tónhe Loure (filho do Ti Júan Jule) na Corredoura

84. Bente Lêten na rua Direita

85. Júan (Atabira) na ?


HOMENAGEM: O isolamento, condições de vida difíceis e o próprio País condicionaram tanto alguns que não chegaram a adultos ou tiveram dificuldades acrescidas, entre eles:

23. Tónhe Lopes só fez a terceira classe pois morreu, pouco depois de ser aqui fotografado, a caminho de Portalegre vitimado por apendicite aguda;

26. Júan (Xêra) foi mobilizado para fazer o serviço militar na Índia Portuguesa. Pouco depois de regressar a Montalvão faleceu, ao que tudo indicou, por alguma doença contraída durante as viagens ou estadia na Ásia. Morte ainda mais sentida pois quando partiu para a Índia a sua namorada (neta da Tchá Antónia, do Ti Zé Rouco, fizera-lhe uma quadra que dizia muitas vezes enquanto ele esteve ausente. Mal sabia ela!

31. Joaquim Possidónio Relvas Ferro (Montalvão/Praça da República; 25 de novembro de 1941 - 21 de novembro de 1964; Maquela do Zombo/Norte de Angola) foi o primeiro montalvanense a falecer na Guerra Colonial, a quatro dias de completar 23 anos. Já se escreveu acerca dos mortos de Montalvão na Guerra do Ultramar (clicar).

58. Filho de contrabandista - ele e uma vasta prole de irmãos - cedo ficou órfão, por morte do pai afogado no rio Sever, que teve este infortúnio descrito numa excelente "Décima" (uma quadra de mote e quatro estrofes com dez versos) de Júlio Baptista Morujo, o Júle da Rebêra:



Um aspeto interessante é um topónimo que na atualidade desapareceu mas durou e perdurou durante decénios, talvez séculos, pois era muito utilizado, o «Fundo da Rua», um largo - é mais um alargamento - formado pela interseção de quatro ruas: Barca, Costa, Ferro e Almas. Só o que se passava no «Fundo da Rua» (até Forno tinha) dá para fazer um texto autónomo. 


Interessante será, também, perceber ou fazer um cruzamento entre esta fotografia e a das «catchópas» (clicar) da mesma idade pois houve algumas bôdas (casamentos) ainda que a média, em Montalvão até meados dos Anos 50 e início da década de 60 fossem os homens terem mais três/cinco anos que as mulheres. A ver vamos!


O mais apetecível é destacar que esta geração - há sempre exceções, como em tudo - nascida entre meados dos Anos 30 e meados dos Anos 40 é a «Ínclita Geração Montalvanense». Poucos, muito poucos, dos que chegaram a adultos, quer «catchôpos» quer «catchópas» ficaram em Montalvão, saindo para trabalhar e proporcionar um futuro melhor para si, mas principalmente para os filhos. É a primeira geração de montalvanenses que recusa ter "a mesma vida" que os seus antepassados e decide que os seus descendentes mereciam ter um futuro melhor, que a estrutura sócioeconómica montalvanense, bem como o isolamento do território e perspetivas de emprego, eram incapazes de assegurar. Merecem ser homenageados, por aqui, num dia destes, pelo que decidiram fazer, nos Anos 50 e 60 (casados ou não) muitos a pensar, um dia em voltar mas depressa perceberam que tal não passava de utopia!


Assim se foi fazendo (e desfazendo) Montalvão  






  


1 comentários blogger
  1. Prodigiosa fotografia e memória do autor deste blogue.

    Até à década de 80, no cemitério da aldeia transmontana dos meus pais, impressionava ver o talhão dos anjinhos. Ver todas aquelas campas pequeninas, com as cruzes... Vidas que não se fizeram nem geraram outras vidas. Muitas vezes a morte vinha de uma enterite, de uma meningite, ou noutras, de "morte desconhecida". Os cuidados médicos, Vacinas, a importância dos hábitos de higiene foram fundamentais para progressivamente desaparecer esse maldito talhão. Depois, as vacinas... Essa maravilhosa conquista da Ciência. Esta pandemia, apesar de agravada explorada pelos políticos, ainda mais expôs a excelência das possibilidades cientificas da Humanidade. Pena é que a ignorância e o negacionismo continuem a ser semeados e colhidos por gente indigna de representar um único eleitor.

    Saudações de um alfacinha que divide o seu coração entre Lisboa e as suas raízes transmontanas.

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