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29 maio 2021

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Tripeça e Tropeça

29 maio 2021 0 Comentários

AMBOS ASSENTOS - EM LINGUAGEM À GRAVE, OU SEJA PARA LÁ DOS ARRABALDES DA VILA - "PEÇAS DE MOBILIÁRIO". SÃO BANCOS DE ASSENTO CUJA ORIGEM DE ENCONTRA PARA LÁ DA MEMÓRIA DO PASSADO.




Os nomes são curiosos um de enganador e outro de confirmação. A origem também. Tripeça até parece um objeto/utensílio constituído por três peças mas não é. Apenas uma, de madeira compacta, até seria numa nomenclatura "à letra" - Tripés - e outra, feita de cortiça, dava mesmo para nela se tropeçar além da sua finalidade...servir de assento cómodo.

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08 maio 2021

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Montalvão 1803 (Parte II: Natureza)

08 maio 2021 0 Comentários

NESTA SEGUNDA PARTE O DESTAQUE É A NATUREZA DESCRITA NO INÍCIO DO SÉCULO XIX.



Na primeira parte (clicar) já se divulgou o âmbito e objetivo desta descrição elaborada, pelo então Oficial do Real Corpo de Engenheiros, José Maria das Neves Costa, nascido em Carnide (atualmente pertencente a Lisboa) que fez um reconhecimento militar da fronteira do Nordeste Alentejano, publicada em 1803. 

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15 abril 2021

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Proprietários, Lavradores, Seareiros e Jornaleiros

15 abril 2021 2 Comentários

EM MONTALVÃO COMO EM TODO O MUNDO RURAL ALENTEJANO.



Mais de 90 por cento das famílias viviam, exclusivamente, dos rendimentos obtidos no espaço rural que envolvia o povoado. Mas era uma repartição muito desigual. Nesses 90 por cento, quase todos dependiam do que podiam e conseguiam fazer a cada dia, em cada jorna. Os restantes (cerca de dez por cento) eram os que tinham um Ofício ou outra atividade como se resumiu (clicar). E até ao início do século XX ainda havia que contar com alguns (poucos) almocreves (clicar).



PROPRIETÁRIOS - Os "riques". Terratenentes detendo mais de metade do território da freguesia. Viviam nas maiores casas, na periferia da povoação - Arrabalde, rua da Barca, rua do Arneiro, início da rua de São Pedro, Corredoura ou perto dela quando Montalvão terminava na rua do Cabo. Tinham quintais que eram autênticas tapadas. Eram servidos nos seus casarões por criadas (muitas viviam a sua vida entre os patrões e patroas) e criados. Nas suas vastas propriedades tinham empregados permanentes, a cuidar dos olivais, montados, searas, vacas, animais de capoeira, varas (de porcos) e rebanhos (ovinos e caprinos). Em épocas de mais trabalho: mondas, ceifas, apanha da azeitona, tiragem da cortiça, por exemplo, contratavam jornaleiros que estivessem livres.



LAVRADORES - Tinham propriedades em extensão suficiente para conseguirem sobreviver apenas da agricultura e pecuária. Empregavam alguns jornaleiros para cuidarem dos rebanhos, lavrarem, semearem, mondarem, ceifarem e trilharem o cereal. Apanhar e transformar a azeitona em azeite. Tirar a cortiça. Cuidar de porcinos aproveitando a lande dos sobreiros e as bolotas das azinheiras. Não "manchavam" as mãos de terra, lama, trabalhos agrícolas ou pecuários. Mandavam. Em épocas de mais trabalho: mondas, ceifas, apanha da azeitona, tiragem da cortiça, por exemplo, contratavam jornaleiros que estivessem livres. 



SEAREIROS - Lavradores com capacidade (e vontade) para semear mais hectares de searas para a dimensão das propriedades que detinham. "Alugavam" superfície a Proprietários que, pelo contrário, tinham mais hectares para searas que capacidade em utilizar toda a superfície disponível. Em troca pagavam esse "aluguer para semear trigo, centeio, cevada ou aveia" em bens, geralmente, uma parte dessa produção que obtinham depois da ceifa e debulha. Tudo isto porque o "Mercado da Terra/Tapadas" era inexistente. Quem tinha, mesmo que não tivesse capacidade e vontade de as cultivar ou necessidade/interesse, não tendo dívidas avultadas não se desfazia das propriedades, pois era um desprestígio vergonhoso ceder terrenos dos seus antepassados. 



JORNALEIROS - Eram a maioria. Esmagadora. Dependiam do trabalho que os Proprietários e Lavradores lhes pagavam. Muitas vezes era nas tabernas ou um que informava outro que havia trabalho no(s) dia(s) seguinte(s). Uma enorme falange de gente pobre que muitas vezes eram tratados como se fossem mais um rebanho, só que de gente. Autênticas «almas mortas», servos a necessitar de um pedaço de pão ou meios para o comprar.


Havia ainda quem tivesse um ofício e que dispusesse de pequenos espaços agrícolas, geralmente herdados, de algum casamento com filhas de Lavradores (raramente de Proprietários, pois estes casavam entre eles, para manter a posse de muitos hectares de terreno). 


Vai ser a emigração e a migração, em meados do século XX, para a Área Metropolitana de Lisboa, com destaque para São Domingos de Rana e Bobadela, que vai por fim a este mundo agrícola iniciado aquando da formação do povoado no final do século XIII. Os jornaleiros e seus filhos (condenados a serem jornaleiros, nascendo pobres e morrendo pobres) aproveitam a oportunidade da haver melhores condições de deslocação, nas ligações de Montalvão para lá da povoação. E o apoio dos que saíram primeiro acolherem os que queriam sair depois. Abandonam Montalvão indo viver (e trabalhar) para onde podiam singrar na vida, eles e os seus descendentes. A «Vila» passa a ser saudade. Os «riques» depois do cruzamento constante de laços de consanguinidade têm gerações incapazes de resolver o novo problema - por vezes, alguns «Proprietários» nem descendência tiveram - a falta de Jornaleiros. A mão de obra alheia para permitir acumular bens/receitas. Sem condições para saber o que fazer, como mudar, fazem extinguir a classe dos montalvanenses mais abastados. Alguns dos familiares dos «riques» sobrevivem, na atualidade, por terem "ido casar" fora do povoado, mas já sem ligações ao Mundo Rural Montalvanense. 


Assim se foi construindo (e desconstruindo) Montalvão

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07 abril 2021

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Frutaria Montalvanense I

07 abril 2021 2 Comentários

AS PLANTAS ERAM FUNDAMENTAIS PARA A VIDA DOS MONTALVANENSES.



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21 março 2021

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Montalvão: Terra dos Poetas Ativos (Parte II)

21 março 2021 0 Comentários
EM SETE SÉCULOS DE MONTALVÃO É MULTIPLICAR POR QUATRO OS POETAS MONTALVANENSES.



Em média, há um poeta rimador por geração (25 anos) parece-me a mim!



O Rei Dom Dinis (1261-1325; rei depois de 1279), contemporâneo da fundação de Montalvão, era um excelente rimador. Eis um exemplo:



No Alentejo, há na atualidade milhares de rimadores. Em Portugal, mais outros tantos. Talvez que o melhor poeta alentejano, prefiro continuar a chamar-lhe poetisa embora não seja politicamente correto, foi (ainda é que os poetas nunca morrem..) Florbela Espanca, nascida em Vila Viçosa, a 8 de dezembro de 1894. Faleceu (certamente suicidou-se) no dia em que completava 36 anos (1930), em Matosinhos




Em Montalvão, vai decorrer no próximo sábado, uma iniciativa importante e valiosa com a apresentação de um livro com um conjunto de melodias que se inspiram nos seus versos. 




Aproveitando esta iniciativa que funciona como pretexto para neste blogue se cumprir mais uma promessa que ficou escrita em 15 de novembro de 2019 (clicar): divulgar mais rimadores e poetas de Montalvão. Serão divulgados dois já falecidos, um que está debilitado (tendo 80 anos, completados em 14 de março) mas continua bem presente e dois que, felizmente, continuam a versejar com regularidade de uma geração mais nova (penso que por volta dos 70 anos de idade). Quatro rimadores com muita qualidade - também há poetas rimadores com pouca qualidade, o que não o "caso destes quatro" - versando acerca de Montalvão e do montalvanismo!

Júlio Baptista Morujo



António José Belo




José da Graça de Matos




António da Graça Henriques 












Carlos Alberto Lucas Silva









NOTA: Se considerei o primeiro livro («Um Rio à Cintura»; Editora "Apenas Livros"; Dezembro de 2018) do poeta Carlos Alberto Lucas Silva de excelência, este segundo livro («Fogueira dos Sentidos»; Editora "Apenas Livros"; Outubro de 2019) supera-o o que é extraordinário. A não divulgação nacional - com críticas nos três principais jornais (Expresso/Revista, Público/Ípsilon e Jornal de Letras, Artes e Ideias) - bem como não se encontrarem disponíveis nas principais livrarias portugueses é um "crime de lesa-cultura".

Continua, em breve, pois há muito para poder continuar...
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20 março 2021

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Os Ofícios (Resumo)

20 março 2021 0 Comentários

MONTALVÃO TINHA DIMENSÃO SUFICIENTE PARA ALBERGAR VÁRIOS OFÍCIOS.


Dimensão e necessidade pois a freguesia esteve com cerca de três mil habitantes em meados dos Anos 40 quando atingiu a sua maior  capacidade demográfica.

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13 março 2021

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Os Almocreves

13 março 2021 2 Comentários

UMA ATIVIDADE IMPORTANTE DURANTE SÉCULOS QUE TERMINOU NO INÍCIO DO SÉCULO XX.



Terminou, ou foi acabando, com a construção das estradas, em macadame - depois alcatrão - entre Nisa e Montalvão e entre Castelo de Vide e Montalvão, por Póvoa e Meadas.

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08 março 2021

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Os Pedreiros

08 março 2021 4 Comentários
HOUVE CENTENAS DE PEDREIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti António Vivo e os filhos. 

Os Pedreiros sempre foram um ofício indispensável na sociedade humana pois depende deles o maior bem. O alojamento para se viver. Isto não considerando a alimentação pois esta implica sobrevivência. Uma casa, quanto melhor, mais bem-estar consegue dotar a vida de cada um e de toda a comunidade, considerando o conjunto das habitações.

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



O Ti António Vivo era pedreiro habilidoso e de confiança passando o ofício aos seus três filhos, embora o mais novo (Ti Xequim/Jaquim da Tróia) não tenha exercido pois foi lojista sucedendo ao Senhor Augusto com a sua loja na rua do Outeiro (oficialmente rua Miguel Bombarda). O filho "do meio" (Teófilo) era o esposo da Dona Amálha (Amália) dos «Corrêos» vivendo no piso superior à Estação dos Correios. A Dona Amálha era sobrinha do Senhor Silvestre - filha de uma irmã deste - casado com a Dona Móneca (Mónica) a "principal" professora das «catchópas» na Escola (1.ª e 3.ª classes e depois, 2.ª e 4.ª classes, acompanhando as alunas nos quatro anos). Em Montalvão anda tudo ligado...

A rua do Arneiro (oficialmente rua 5 de outubro) vista de Oeste para Leste ainda calçada a ponedros

Os edifícios em Montalvão têm uma particularidade que não sendo exclusivo da povoação têm uma marca. Estão na transição entre a construção a Sul, em taipa e adobe, e o Norte, em pedra. Entre habitações mediterrânicas e edifícios atlânticos. Por isso a construção em Montalvão é em pedra mas o aspeto é das casas do Sul, devido ao reboco (argamassa ou mistura de cal e areia) e à cal (caiar) para revestir o reboco. 

Uma azinhaga na Salavessa muito semelhante ao que era a azinhaga da «Fonte Cerêja», sempre mais reta que esta da imagem, depois da rua do Ferro. Antes de ser alargada para o "dobro" quando foi instalada a estrada para serventia à Praça de Touros e Salavessa


Fazer parecer plana uma parede e empenas feitas em lajes de xisto sobrepostas é obra de Pedreiros com grande qualidade, muita técnica e capacidade em utilizar utensílios simples, o martelo de pedreiro e o escopro, entre outros. Depois de aprumadas as paredes, para fazer o reboco a areia era do Rio (Sever) e a cal chegava de Marvão. E depois também utilizada para caiar bem como, com pigmentos ocre ou azul, fazer as barras, nos rodapés, beirais e à volta das portas e janelas. 



Em final do século XX dominavam os edifícios de dois pisos mas durante centenas de anos a povoação era praticamente constituída por edifícios térreos (um piso).

A descrição do casario e arruamentos de Montalvão, em 1803, pelo oficial português, José Maria das Neves Costa

As ruas principais, no caminho entre Castelo de Vide e Castelo Branco (e em sentido contrário) tinham as poucas casas de dois pisos: Arrabalde e rua da Barca. Ainda o lado sul da rua do Arneiro e no começo da atual rua de São Pedro. Isto até ao início do século XIX. Muitas delas não eram rebocadas, muito menos caiadas. 

A rua do Arnêre (oficialmente 5 de outubro) vista de Leste para Oeste

Foram também peritos em calcetar os arruamentos com ponedros que depois foram cedendo lugar aos paralelepípedos de granito (para facilitar a circulação, principalmente em ruas inclinadas) e às passadeiras polidas «à grave» que acabaram com o que restava de algo único no mundo: uma povoação grande e compacta completamente "calçada" a ponedros, exceto a rua das traseiras, em «saibro», terra batida. Cerca de 700 metros, no total, de arruamentos em ponedros!

O calcetamento, ainda, totalmente em ponedros nas "Portas de Cima"


Hoje seria deslumbrante toda a localidade calcetada a ponedros amarelo-acastanhado e certamente, a povoação de Montalvão, considerada Património Mundial. 

O Arrabalde de sul para norte no sentido de subir o monte onde está Montalvão



Os Pedreiros eram uns mestres em trabalhar a pedra, tirando-lhes as arestas, encaixando-as, conseguindo com a sua perícia - utilizando instrumentos artesanais - fazer uma superfície alisada, que com pouco reboco, estava apta a ser caiada. Há cem anos pareciam já dominar a pedra como fazem hoje máquinas poderosas. Eles não as possuíam - nem inventadas estavam - mas deixavam as paredes alinhadas a fio de prumo e as lajes encaixadas num mosaico perfeito. 





As casas têm uma estrutura simples mas só possível pela mestria dos Pedreiros que sabiam reforçar paredes onde era necessário assentar mais peso e aligeirá-las onde podiam libertar espaço. O chão, no piso térreo, era coberto por grandes lajes de xisto, algumas com mais de metro de comprimento por meio metro de largura.


Foi a mestria dos pedreiros montalvanenses que permitiu que casas cujas paredes eram feitas de pedra (lajes de xisto sobrepostas e devidamente justapostas) depois de rebocadas parecessem casas tipicamente alentejanas, podendo receber cal como as feitas em taipa e adobe. E ainda hoje, só se percebe do que são feitas, quando o abandono aliado às intempéries, colocam a descoberto a pedra de que são (bem) construídas. Honra aos grandes Pedreiros que em mais de meio milénio souberam dar abrigo a tantas gerações montalvanenses. 


Durante o século XX montalvanense não houve só um aumento generalizado de pisos, com muitas casas apenas com piso térreo a passaram a dois pisos. Na segunda metade desse século, com a diminuição da população houve, também, aglutinação e separação de edifícios, respetivamente, dois prédios contíguos que se juntaram para serem habitados por uma família ou um prédio que se dividiu em dois para serem habitados por duas famílias a viver separadas fisicamente.

A rua do Outêre, entre a Praça (da República) e a Igreja Matriz, hoje Largo, outrora Rua, devido ao enorme lajeado que tinha à entrada


Escrever acerca da fisionomia (arquitetura) das habitações montalvanenses também é fascinante. Os edifícios eram, essencialmente de dois tipos: os que tinham um pequeno quintal para servir de palheiro ou curral a "animais de tiro e tração" (asininos e muares) nas traseiras, geralmente as casas da rua do topo - Outeiro, Direita e do Cabo (com pequenos quintais para as traseiras (lado sul) e rua de São Pedro (lado norte) e as restantes (sem quintal). Depois o que variava era o tamanho. As "casas dos riques" não diferiam muito das habitações dos mais pobres! Eram é casarões ocupando uma superfície dez, vinte, trinta vezes maior contabilizando os vários pisos. Diferente de todas havia uma, a "Casa do Senhor Zé Godinho» ao fundo da Corredoura. Em Montalvão, os «riques» nunca tiveram muita imaginação e bom gosto! Mas isso ficará para outro texto!


Próxima "paragem": Os Cafés






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