No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti António Vivo e os filhos.
Os Pedreiros sempre foram um ofício indispensável na sociedade humana pois depende deles o maior bem. O alojamento para se viver. Isto não considerando a alimentação pois esta implica sobrevivência. Uma casa, quanto melhor, mais bem-estar consegue dotar a vida de cada um e de toda a comunidade, considerando o conjunto das habitações.
(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)
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O Ti António Vivo era pedreiro habilidoso e de confiança passando o ofício aos seus três filhos, embora o mais novo (Ti Xequim/Jaquim da Tróia) não tenha exercido pois foi lojista sucedendo ao Senhor Augusto com a sua loja na rua do Outeiro (oficialmente rua Miguel Bombarda). O filho "do meio" (Teófilo) era o esposo da Dona Amálha (Amália) dos «Corrêos» vivendo no piso superior à Estação dos Correios. A Dona Amálha era sobrinha do Senhor Silvestre - filha de uma irmã deste - casado com a Dona Móneca (Mónica) a "principal" professora das «catchópas» na Escola (1.ª e 3.ª classes e depois, 2.ª e 4.ª classes, acompanhando as alunas nos quatro anos). Em Montalvão anda tudo ligado...
Os edifícios em Montalvão têm uma particularidade que não sendo exclusivo da povoação têm uma marca. Estão na transição entre a construção a Sul, em taipa e adobe, e o Norte, em pedra. Entre habitações mediterrânicas e edifícios atlânticos. Por isso a construção em Montalvão é em pedra mas o aspeto é das casas do Sul, devido ao reboco (argamassa ou mistura de cal e areia) e à cal (caiar) para revestir o reboco.
Fazer parecer plana uma parede e empenas feitas em lajes de xisto sobrepostas é obra de Pedreiros com grande qualidade, muita técnica e capacidade em utilizar utensílios simples, o martelo de pedreiro e o escopro, entre outros. Depois de aprumadas as paredes, para fazer o reboco a areia era do Rio (Sever) e a cal chegava de Marvão. E depois também utilizada para caiar bem como, com pigmentos ocre ou azul, fazer as barras, nos rodapés, beirais e à volta das portas e janelas.
A descrição do casario e arruamentos de Montalvão, em 1803, pelo oficial português, José Maria das Neves Costa |
A rua do Arnêre (oficialmente 5 de outubro) vista de Leste para Oeste |
Foram também peritos em calcetar os arruamentos com ponedros que depois foram cedendo lugar aos paralelepípedos de granito (para facilitar a circulação, principalmente em ruas inclinadas) e às passadeiras polidas «à grave» que acabaram com o que restava de algo único no mundo: uma povoação grande e compacta completamente "calçada" a ponedros, exceto a rua das traseiras, em «saibro», terra batida. Cerca de 700 metros, no total, de arruamentos em ponedros!
Hoje seria deslumbrante toda a localidade calcetada a ponedros amarelo-acastanhado e certamente, a povoação de Montalvão, considerada Património Mundial.
Os Pedreiros eram uns mestres em trabalhar a pedra, tirando-lhes as arestas, encaixando-as, conseguindo com a sua perícia - utilizando instrumentos artesanais - fazer uma superfície alisada, que com pouco reboco, estava apta a ser caiada. Há cem anos pareciam já dominar a pedra como fazem hoje máquinas poderosas. Eles não as possuíam - nem inventadas estavam - mas deixavam as paredes alinhadas a fio de prumo e as lajes encaixadas num mosaico perfeito.
As casas têm uma estrutura simples mas só possível pela mestria dos Pedreiros que sabiam reforçar paredes onde era necessário assentar mais peso e aligeirá-las onde podiam libertar espaço. O chão, no piso térreo, era coberto por grandes lajes de xisto, algumas com mais de metro de comprimento por meio metro de largura.
Foi a mestria dos pedreiros montalvanenses que permitiu que casas cujas paredes eram feitas de pedra (lajes de xisto sobrepostas e devidamente justapostas) depois de rebocadas parecessem casas tipicamente alentejanas, podendo receber cal como as feitas em taipa e adobe. E ainda hoje, só se percebe do que são feitas, quando o abandono aliado às intempéries, colocam a descoberto a pedra de que são (bem) construídas. Honra aos grandes Pedreiros que em mais de meio milénio souberam dar abrigo a tantas gerações montalvanenses.
Foi a mestria dos pedreiros montalvanenses que permitiu que casas cujas paredes eram feitas de pedra (lajes de xisto sobrepostas e devidamente justapostas) depois de rebocadas parecessem casas tipicamente alentejanas, podendo receber cal como as feitas em taipa e adobe. E ainda hoje, só se percebe do que são feitas, quando o abandono aliado às intempéries, colocam a descoberto a pedra de que são (bem) construídas. Honra aos grandes Pedreiros que em mais de meio milénio souberam dar abrigo a tantas gerações montalvanenses.
Durante o século XX montalvanense não houve só um aumento generalizado de pisos, com muitas casas apenas com piso térreo a passaram a dois pisos. Na segunda metade desse século, com a diminuição da população houve, também, aglutinação e separação de edifícios, respetivamente, dois prédios contíguos que se juntaram para serem habitados por uma família ou um prédio que se dividiu em dois para serem habitados por duas famílias a viver separadas fisicamente.
A rua do Outêre, entre a Praça (da República) e a Igreja Matriz, hoje Largo, outrora Rua, devido ao enorme lajeado que tinha à entrada |
Escrever acerca da fisionomia (arquitetura) das habitações montalvanenses também é fascinante. Os edifícios eram, essencialmente de dois tipos: os que tinham um pequeno quintal para servir de palheiro ou curral a "animais de tiro e tração" (asininos e muares) nas traseiras, geralmente as casas da rua do topo - Outeiro, Direita e do Cabo (com pequenos quintais para as traseiras (lado sul) e rua de São Pedro (lado norte) e as restantes (sem quintal). Depois o que variava era o tamanho. As "casas dos riques" não diferiam muito das habitações dos mais pobres! Eram é casarões ocupando uma superfície dez, vinte, trinta vezes maior contabilizando os vários pisos. Diferente de todas havia uma, a "Casa do Senhor Zé Godinho» ao fundo da Corredoura. Em Montalvão, os «riques» nunca tiveram muita imaginação e bom gosto! Mas isso ficará para outro texto!
Próxima "paragem": Os Cafés
Próxima "paragem": Os Cafés
Fascinante a arquitetura de antes e a de hoje!
ResponderEliminarRealmente é como diz o Caratana 1, havia em Montalvão bons pedreiros!
7 séculos só? Desde quando Montalvão é Português? A Wikipédia não é muito informativa quanto a isso...aliás, está mais que na hora do Caratana 1 ir lá dar um jeito nessa Wikipédia que está carenciada de mais informações.
A Wikipedia está controlada pelos fidalgotes. Montalvão surge de um pedido, ao Bispo da Guarda, em 1289, para construção de um mausoléu para Vasco Fernandes.
EliminarMas antes dessa data Montalvão já existia!
ResponderEliminarO território. Um povoado organizado e coerente duvido.
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