EM 9 DE OUTUBRO DE 1261, HÁ 760 ANOS, NASCEU EM LISBOA, CAPITAL DE PORTUGAL DESDE 1255, O REI DOM DINIS.
Foi durante a vida do filho primogénito de Afonso III que o território montalvanense ganhou coerência social e demográfica de modo a Montalvão constituir-se como povoação dominante afirmando-se como povoado autónomo e influente agregando uma vasta região.
O que interessa assinalar hoje não é fazer uma biografia de Dom Dinis - Rei de Portugal em 16 de fevereiro de 1279, aos 17 anos e 4 meses - mas destacar algumas medidas e decisões que influenciaram o futuro de Montalvão.
NOTA: Para conhecer a vida do Rei há biografias de Dom Dinis sendo a última editada em 2008 tendo referências a Montalvão.
1. Povoamento
Com as Inquirições (iniciadas ainda com seu pai (Afonso III: 1258) e continuadas com seu filho (Afonso IV: 1343) - inquéritos à existência de povoações/territórios e procedimentos da Nobreza nos territórios que dominavam e como exerciam o poder - há referências a Montalvão nas Inquirições de 1307-1311. Foi com Dom Dinis que foram realizadas mais inquirições (1284, 1288, 1301, 1304/05 e 1307/11). Centradas essencialmente entre o rio Tejo e o rio Minho (onde as localidades eram em muito maior número, dominando territórios com maior densidade populacional e o poder exercido pelos Nobres afetavam mais pessoas) há notas a Sul do rio Tejo. Ainda que não se tenha encontrado o «Foral» que Dom Dinis concedeu a Montalvão como há referências a este no concedido por Dom Manuel I (clicar para 21 de novembro de 1512) há sempre a possibilidade de encontrar o que se sabe ter existido, pois existe. O Futuro o trará.
2. Ordem dos Templários
Com a extinção do Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (Templários) em 22 de março de 1312, pelo Papa Clemente V e o processo desenvolvido por Dom Dinis para que os bens da Ordem não fossem distribuídos, essencialmente, pelos Bispados, Montalvão e o seu termo (território) foi envolvido nesses bens pois era pertença dessa Ordem Militar. O último Mestre da Ordem dos Templários, Dom Vasco Fernandes que tanto tinha promovido Montalvão permitindo ter um vasto território e singrado como povoado, terminaria os seus dias em Montalvão, em 1323, sepultado junto ao altar-mor da Igreja Matriz.
3. Alteração da fronteira
Com o Tratado de Alcanizes (clicar para 12 de setembro de 1297) Montalvão ficou localizado junto da fronteira entre Portugal e Castela (depois Espanha) quando esta recuou na margem esquerda do rio Tejo entre o seus afluente (rio Salor) para outro afluente (rio Sever). Montalvão não mudando de local nem de sítio passava a ter outra importância estratégica por se situar na raia (fronteira) e talvez tenha perdido parte do seu termo (clicar para 22 de agosto de 2020: Cedilho/Casalinho).
4. Doação
Para a Infanta Dona Branca, nascida em 28 de fevereiro de 1259, mais velha dois anos e oito meses que Dom Dinis foi doada por este, em 1313, Montalvão e o seu termo por troca com Campo Maior. Isto numa "fase intermédia" entre a posse do território montalvanense pela «Ordem do Templo» e a entrega à «Ordem de Cristo».
5. Ordem de Cristo
Com a astúcia de Dom Dinis, para não tornar o Clero português ainda mais poderoso, à extinção da «Ordem do Templo» não houve dispersão dos seus bens mas transferência para uma outra Ordem Militar criada, a pedido de Dom Dinis, pelo Papa João XXII, em 15 de março de 1319, a «Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Ordem de Cristo). Montalvão e o seu vasto território transitaram para esta Ordem estando o território (depois concelho) a ela ligado durante séculos. Com a Cruz da Ordem de Cristo há, pelo menos dois vestígios, em Montalvão, com o símbolo posterior a 1460. Uma sepultura de uma personagem ilustre, talvez um dos muitos comendadores, que transitou do Adro da Igreja para o Cemitério (quando a muralha circular do Castelo foi adaptada a cemitério) e na Casa Paroquial, na rua da Barca, provavelmente a Casa do Comendador, pois junto a ela tinha uma enorme propriedade, em cujas margens surgiram a rua da Barca (dado sul), as Traseiras e a rua da Costa (lodo Este) mantendo durante anos ainda uma habitação nesta rua (clicar para 11 de agosto de 1911).
Quando o Rei Dom Dinis faleceu em 7 de janeiro de 1325, aos 63 anos e três meses, na cidade de Santarém, já Montalvão singrava entre os povoados do Nordeste Alentejano.
Montalvão continuou, desenvolveu-se, ganhou estrutura e dimensão
Na minha opinião, considero que El-Rei D. Dinis estará no TOP 5 de todos os Reis e Rainhas de Portugal.
ResponderEliminarO Caratana1 que de história é catedrático, foca os eventos de Montalvão ao tempo deste Glorioso REI .
Estou certo que D. Dinis deve ter estado em Montalvão, aquando da reparação de todos os castelos que faziam fronteira com Castela.
E a minha certeza centra-se no tratado de Alcanizes, porque, os terrenos à volta de Montalvão foram bastante reduzidos. Segundo reza a História, antes desse Tratado o nosso território quase chegava a Cáceres. Mas, como tenho D. Dinis como um dos Reis mais inteligentes, estou certo que ele sabia porque o fez. Talvez ele achasse que os terrenos de Riba Côa eram mais valiosos.
Obrigado ao Caratana1, por mais este belo pedaço de História.
Agradeço nobre Viriato Lusitanicvs.
EliminarBoa perspetiva. Dom Dinis foi Lavrador, Povoador e Trovador. De Montalvão merece toda a gratidão