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02 outubro 2021

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Diagueiros

02 outubro 2021 2 Comentários

UMA DAS QUATRO FOLHAS EM QUE O VASTO TERRITÓRIO MONTALVANENSE ESTEVE DIVIDIDO DURANTE SÉCULOS.



Talvez que desde a formação da localidade já com características de povoação para lá de um lugarejo, entre finais do século XIII e início do século XVI.

Carta Corográfica de Portugal; Folha 28 (Nisa); Escala 1/100 000; Instituto e Geográfico e Cadastral; Edição de 1960; Lisboa


Aquando do inventário para avaliar os danos causados pelo terramoto de 1 de novembro de 1755, da Corte em Lisboa, foi enviado um inquérito aos párocos de todo o País, aproveitando para saber de cada paróquia - povoações e territórios - as características geográficas, demográficas, históricas, económicas, religiosas e administrativas. O aviso (perguntas) data de 18 de janeiro de 1758, assinado pelo Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino (equivalente ao atual primeiro ministro), Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro «Marquês de Pombal» em 1769 depois de ser «Conde de Oeiras», em 1759. A resposta de Montalvão surge em 24 de abril de 1758, pelo Vigário Frei António Nunes Pestana de Mendonça.


A pergunta é:


5. Se tem termo seu: que lugares, ou aldeas comprehende, como se chamaõ? E quantos visinhos tem?


A resposta (texto inicial):



5. Tem termo proprio dividido em quatro folhas - a saber Diagueiros, que tem huma legoa de comprimento para as partes de Castello de Vide = a folha de Magdalena, que tem outra legoa de comprimento para as partes de Nisa - A folha das Antas que hé a menor de todas terá três quartos de comprimento para as partes de Castella = finalmente a folha da Barreyra, que tem huma légoa para as partes da Beira, e finalisa no rio Tejo = ...... continua com a descrição e dimensão dos lugares


A folha de DIAGUEIROS (propriedade que ainda existe - e deu nome secular a esta folha montalvanense - com esta designação que deverá ter tantos anos como tem Montalvão) é composta por três sub-bacias hidrográficas: ribeiro do Lapão e ribeira de São João (afluentes do rio Sever) e ribeiro de Fevêlo (afluente do rio Tejo). 




As três sub-bacias têm todas nascentes poderosas que correm todo o ano:

Ribeiro do Lapão (Chafariz de Pales);

Ribeira de São João (Fonte da Travessa);

Ribeiro de Fevêlo (Fonte Ferrenha).


Em Montalvão, um chafariz é uma nascente com uma bica em que a água corre para uma pia onde animais de grande porte (vacum, cavalar, muar e asinino) podem saciar a sede. Uma fonte pode ser um poço - água tirada a caldeiro - mas ficando sempre num espaço público. Uma nascente com bica mas sem pia a que tenham acesso animais de grande porte também é uma fonte, por isso há dois tipos de fonte: com bica e com caldeiro (forma de poço, mas em espaço público). 


Chafariz de Pales. Uma das nascentes com maior capacidade - duas bicas - da freguesia de Montalvão, a mais imponente da antiga folha de «Diagueiros» e uma das nascentes do Ribeiro do Lapão

Num território que pertencia a Montalvão, numa das quatro folhas em que estava dividido junto ao caminho que estruturava este espaço e permitia a sua utilização e atravessamento - a azinhaga do São Silvestre que era um troço do caminho que ligava duas localidades importantes, Castelo Branco (a Norte) e Castelo de Vide (a Sul)  - localizava-se a Ermida do São Silvestre. Todas as quatro folhas tinham um caminho estruturante e uma Ermida importante.


A vermelho: o principal caminho na folha «Diagueiros» que ligava Castelo de Vide a Castelo Branco e vice-versa pela Lomba da Barca, onde se fazia a travessia do rio Tejo. Junto do caminho, já na extremidade do território montalvanense uma Ermida, a pontuar o espaço e de apoio espiritual a quem passava, a Ermida de São Silvestre




Conhecer a evolução de cada uma destas quatro folhas é perceber como se conseguiu assegurar a subsistência de uma povoação como Montalvão. É tão interessante perceber a evolução agrária destes espaços do vasto território montalvanense como perceber a evolução e crescimento dos arruamentos do povoado. Esta folha de «Diagueiros» é um território tão periférico que chegou, em 1970, a ter um lugarejo com cinco casas e 18 pessoas considerado de dimensão suficiente para ter autonomia como lugar denominado «Vale de Figueira» (atualmente em ruínas) no Recenseamento Geral da População, em 1970.



Só pode existir uma povoação e esta ter desenvolvimento durante séculos (sete) porque há um território que lhe deu subsistência e sustentabilidade, bem como a existência de água. Sem água não há vida.


Assim se foi fazendo Montalvão...

2 comentários blogger
  1. O que se aprende aqui com o Caratana1 ......

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    1. Montalvão tem um território gigantesco e quando foi concelho só tinha uma freguesia devido ao despovoamento daí a divisão em quatro folhas. Cada folha dará para fazer cinco textos cada! É Montalvão, é imensidão.

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