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01 agosto 2019

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Padre Manuel Godinho

01 agosto 2019 0 Comentários
É CONSIDERADO O MONTALVANENSE MAIS ILUSTRE DE TODOS OS MONTALVANENSES. E COM TODA A JUSTIÇA!


E desde a fundação de Montalvão há mais de 700 anos já houve, bem, mais de meio milhão. Alguns sobreviveram escassas horas...


Infelizmente a placa toponímica no Largo da Igreja (que até são duas igrejas) não parece estar certa por má interpretação das noticias. «Nasceu pelos anos de 1630» (ou seja, entre 1630 e 1639) mas depois é inequívoco que tinha 78 anos quando faleceu, na vila de Loures, arredores de Lisboa, em 1712. Se tem nascido em 1630 teria 81 ou 82 anos. Mas até há data certa para o nascimento: 5 de dezembro de 1633  

O documento manuscrito fundamental para conhecer a biografia (nascimento, percursos e morte) e a bibliografia (obras publicadas) do Padre Manuel Godinho encontra-se depositado no Fundo Geral da Biblioteca Nacional de Portugal. Nas folhas 88 a 90 do manuscrito n.º 419 escrito no século XVIII.

Antes uma curiosidade 
A caligrafia (em 1690, aos 56 anos) do montalvanense mais ilustre entre todos os naturais de Montalvão. Era (ou foi...) assim que o Padre Manuel Godinho, Doutor em Filosofia e Teologia, escrevia ou escreveu!



Referência impressa ao manuscrito reproduzido em cima e aos extratos que se reproduzem abaixo.



Eis os extratos iniciais (folha 88) e finais (folha 90) do referido manuscrito do século XVIII escrito após o seu falecimento em memória da sua vida e obra notável. 



A vida de Manuel Godinho tem tanto de notável como de incerteza visto ter nascido num tempo em que havia pouca informação, muito menos escrita, e ter-lhe acontecido o que aconteceu a muitos montalvanenses. Nascem em Montalvão mas morrem longe da localidade. Mas em todas as três principais - e referências enciclopédicas - da Literatura portuguesa ele além de citado é elogiado. Justamente. 



Há até quem coloque em questão que tenha nascido em Montalvão. Indicam Lisboa. in DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO PORTUGUÊS de Inocêncio Francisco da Silva; Tomo V; Página 442 (excerto); Imprensa Nacional; Lisboa;1860





Há quem conteste a data de nascimento em 1630 ou pelos anos 30 de 1600 e indique 5 de Dezembro de 1633. In HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA ILUSTRADA de Albino Forjaz de Sampaio; Volume 3; página 219 (excerto); Livraria Bertrand; Lisboa; 1929 a 1932   




Parece não haver dúvidas é que faleceu, aos 78 anos, em Loures, a 25 de Fevereiro de 1712. In BIBLIOTECA LUSITANA de Diogo Barbosa Machado; Tomo III; página 274 (excerto); Lisboa; 1741 - 1759




O que não escasseiam são referências à sua vasta (e importante) obra literária. Por agora vejamos algumas informações biográficas. Deixemos para 5 de dezembro de 2020, na comemoração dos 387 anos do seu nascimento, as apreciações que vários autores consagrados portugueses tecem acerca da sua vasta obra. São quase uma dezena de estudiosos que justificam, bem e com pormenor, o carácter inovador da escrita e pensamento alicerçado do autor. E para 25 de fevereiro de 2020, a assinalar os 308 anos do seu falecimento, a apreciação que um  montalvanense fará neste blogue da única obra literária que leu e estudou, nos Anos 80, do seu conterrâneo, tendo em consideração as quatro edições (1665, 1842, 1944 e 1974) cada uma com vicissitudes muito particulares. O livro foi publicado, pela primeira vez em 1665: «Relação do Novo Caminho Que Fez por Terra e Mar Vindo da Índia para Portugal no Ano de 1663». Uma recensão crítica da obra mais conhecida e conceituada do montalvanense Padre Manuel Godinho. Um estudo datado do ano letivo 1984/85 numa cadeira de 4.º ano: «Geografia das Regiões Tropicais». Mais que estudar foi um prazer um montalvanense, em Lisboa, conhecer a principal e mais conceituada obra de outro montalvanense, escrita em Lisboa, há...    320 anos, tendo em conta 1664 e 1984! Uma opinião de montalvanense (do século XX/XXI) para montalvanense (do século XVII/XVIII). 




Importância internacional
Manuel Godinho foi dos poucos escritores portugueses nascidos e publicados no século XVII que teve reconhecimento no estrangeiro. E no caso do montalvanense Manuel Godinho logo em França que nesse tempo era a suprema glória para qualquer escritor ter nome em Paris e arredores. Tal é confirmado no «Prefácio» da segunda edição (a de 1842) da sua principal obra, como se anexou no documento acima publicado neste blogue.

BIOGRAFIA DO ESCRITOR MONTALVANENSE MANUEL GODINHO (PADRE)

Apenas 20 efemérides (sem a preocupação de serem as mais importantes na sua longa vida)



1633 - 0 anos - 5 de dezembro - Nascimento em Montalvão; 



1634 - 0 anos - 23 de abril - Batizado na Igreja Matriz;

1645 - 11 anos - 3 de junho - Admitido em Coimbra para o Noviciado na Companhia de Jesus. NOTA: pode ter sido em 1649 (15 anos) que é a versão publicada in «História da Literatura Portuguesa Ilustrada»;

1655 - 21 anos - data (ainda) desconhecida - Partiu para a Índia em missão da «Companhia de Jesus» ao tempo em que governava o vice-rei Dom António de Melo e Castro;


A viagem de ida e de regresso do Padre Manuel Godinho tendo em conta (na ida) o percurso habitual, no século XVII, em 1655, das «Naus da Carreira da Índia» de madeira com navegação à vela e de regresso, em 1663, um misto mar/terra/mar como está descrito no seu mais famoso (e interessante) livro publicado em 1665. Interessante é constatar que sendo Manuel Godinho o primeiro montalvanense a estar na Índia, pelo que se sabe, o segundo montalvanense esteve lá - Nova Goa/Pangim, Pondá, Aguada, Mapuçá, por exemplo - precisamente 300 anos depois (1957/1958) fazendo dois percursos, ida e volta, exclusivamente marítimos, já em navios de metal, motorizados a combustível, mas com percursos muito semelhantes o que foi notável: na ida - Paquete «Timor» pelo Cabo da Boa Esperança - e no regresso pelo Canal do Suez no navio misto «Carvalho Araújo» . Ambos foram para a Índia pelo Oceano Atlântico e regressaram à Pátria pelo Mar Mediterrâneo 

1662 - 28 anos - 15 de dezembro - Embarcou em Baçaim (Índia) rumo a Portugal, a mando do vice-rei Dom António de Melo e Castro, em missão secreta de grande importância e responsabilidade que consistiu em fazer chegar ao rei de Portugal (Dom Afonso VI) determinadas informações, respeitantes ao acordo celebrado entre os reinos de Portugal e Inglaterra, aquando do casamento de Dona Catarina de Bragança com Carlos II; 

1663 - 29 anos - 25 de outubro - Chega a Cascais (Portugal) depois de ter embarcado em Rochela (França) importante porto marítimo a Norte de Bordéus, a 10 de setembro de 1663. As peripécias desta longa, proveitosa e aventurosa viagem foram por ele escritas, narradas, comentadas e descritas na sua obra-prima: «Relação do Novo Caminho Que Fez por Terra e Mar Vindo da Índia para Portugal no Ano de 1663» publicado dois anos depois; 



1664 - 30 anos - Publicação do livro (pelo que se conhece a sua estreia literária) «Viva Jesus. Cartas Espirituais do Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;NOTA. O livro foi publicado sem o nome do autor (Manuel Godinho) que é o "Amigo" do subtítulo « Com suas notas observadas por um seu Amigo; 


1665 - 31 anos - 16 de junho - Obtenção da última licença do Santo Ofício para a publicação do livro: «Relação do...»

1667 - 33 anos - (dia - ainda - desconhecido) de maio - Deixou a «Companhia de Jesus» por desavença com o Padre Geral, João Paulo Oliva quando este queria obrigá-lo a partir, de novo, para a Índia, mesmo sabendo que o Padre Manuel Godinho, estava impedido de embarcar por decreto real. El-rei Dom Afonso VI decretou que lhe fosse concedida a maior Igreja vaga no Padroado. Quando vagou a de Loures, o montalvanense tornou-se seu Padre. Foi, ainda, prior de São Nicolau (em Santarém); beneficiado na paróquia de São Nicolau (em Lisboa); protonotário apostólico e comissário do Santo Ofício in «Biblioteca Lusitana» (4 volumes; Lisboa; 1741-1759; da autoria de Diogo Barbosa Machado;



1683 - 50 anos - Publicação do livro «Horário Evangélico, Demonstrador de Quarenta Horas Dadas pelos Evangelistas, com Outras Tantas Meditações Sacramentais Dadas para Elas no Jubileu e Laus Perenne que a Santidade do Papa Inocêncio XI Concedeu a Esta Cidade de Lisboa»; Miguel Deslandes; Lisboa; 




1684 - 50 anos - Publicação do livro «Notícias Singulares de Algumas Cousas Sucedidas em Constantinopla depois da Derrota do Seu Exército sobre Viena, Enviadas de Constantinopla a Um Cavaleiro Maltês»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTAS: 1. Há um engano quando em vez de "Derrota" se grafa "Rota" (basta ler o livro para perceber); 2. O livro foi publicado sem o nome do autor (Manuel Godinho);


Escritor conceituado num País que nunca lhes deu importância (nem a escritores, nem a pintores, escultores ou a músicos "que sabem mesmo de música e não de melodias" - a não ser por interesse político momentâneo ou post mortem - Manuel Godinho teve muitas das suas obras com segundas e terceiras edições nos cem anos seguintes ao seu falecimento

1687 - 53 anos - Publicação do livro «Vida, Virtudes e Morte com Opinião de Santidade do Venerável Padre Fr. António das Chagas, Fundador do Seminário de Missionários Apostólicos em Varatojo»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTA1: Diogo Barbosa Machado cita outro título «Vida, Virtudes e Morte do V.º Padre Fr. António das Chagas Franciscano»; NOTA2: em 1728 foi novamente impressa e acrescentada com «Umas Elegias e Devoções do mesmo Venerando Padre»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTA3: novamente impressa, em 1762, como «Oferecida ao Augustissimo Sacramento do Altar»; Francisco Borges de Sousa; Lisboa    



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Sermão do Glorioso Santo António de Lisboa Que Prégou na Igreja de Santa Marinha de Lisboa»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Primeira Parte das Obras Espirituais do Espiritual e Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Segunda Parte das Obras Espirituais do Espiritual e Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1690 - 56 anos - Publicação do livro «Sermões Genvinos e Praticas Espirituais do Venerável Padre Frei António das Chagas»;  Miguel Deslandes; Lisboa;


1692 - 58 anos - Publicação do livro «Sermão do Glorioso Santo António de Lisboa Que Prégou na Igreja de Santa Marinha de Lisboa»; João Antunes; Coimbra;

1701 - 67 anos - Publicação do livro «Novena da Mãe e Senhora da Piedade para Conseguir por sua Intercessão o que For mais Conforme à Vontade Divina»; Miguel Deslandes; Lisboa; 

1712 - 78 anos - 25 de fevereiro - Falecimento em Loures. Sepultado no interior da Igreja de Santa Maria (Matriz de Loures). Curiosamente é atribuída à Ordem dos Cavaleiros do Templo/Templários a construção da primitiva igreja no século XIII destruída aquando do terramoto de 1 de Novembro de 1755.


O Padre Manoel Barbosa está documentado em todas as mais importantes obras de História e de Literatura publicadas em Portugal desde o século XVII. A obra «Relação do...» é um dos mais conceituados relatos de viagens na Literatura de Portugal, a par de «Peregrinação» de Fernão Mendes Pinto. 



ORGULHO

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21 julho 2019

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O Melhor Queijo do Mundo e Arredores

21 julho 2019 0 Comentários
O MONTE QUEIMADO É, QUASE DE CERTEZA, A EVOLUÇÃO DE UM MONTE ROMANO.


Como dizia o Ti Têxêra havendo 20 queijarias em Montalvão, 19 eram muito iguais e depois havia a do Mont'Quêmédo!



Bem localizada (clicar) próximo da Estrada Nacional 359 entre Nisa e Montalvão ou de Montalvão a Nisa, a Herdade do Monte Queimado é de paragem obrigatória para quem tem bom gosto... gostando de queijo.



Não se pode dizer que seja um "queijo fácil", mais pelo odor que pelo sabor. Ama-se ou odeia-se.


Em cima: continuação da Herdade do Monte Queimado (1). Em baixo: continuidade no prédio rústico 36 (em cima) com o nome: Tapada do Monte Queimado 

As instalações construídas na Herdade do Monte Queimado na linha de festos (cumeada que divide duas freguesias: Montalvão e São Simão) correspondendo, a entrada, ao caminho municipal alcatroado que liga a estrada nacional, Nisa/Montalvão a São Simão ou Pé da Serra. A Herdade do Monte Queimado desenvolve-se para Norte e Oeste

O «Monte Queimado» é uma das maiores propriedades da freguesia de Montalvão. Com rebanhos com cerca de 200 cabeças, entre gado ovino e caprino. Deve estar na percentagem de cada leite, entre a ovelha e a cabra, para além do pasto - mas essa podia ser também a receita de queijarias junto (e vizinhas) da propriedade - o segredo da altíssima qualidade deste queijo único no Mundo.



Para comer, aproveitando o que ele tem de melhor, é "um quarto de pão de trigo" para uma "unha de queijo".

Ninguém devia poder morrer sem antes ter provado o queijo do Monte Queimado. 



NOTA: Quando o tema for a Festa de Santo André (30 de Novembro) este blogue fará referência ao Ti Têxêra que nascido nesse subúrbio pobre - pé descalço e galinhas pelas ruas - a norte da grande aldeia e casado, também, para uma casa no «Monte Santo André» acabou por viver numa das melhores casas - "tirando" as dos Lavradores (ou «ricos» em montalvanês) - existentes em Montalvão, na rua de São João ao Arrabalde. Um homem invulgar para os padrões montalvanenses porque foi um empreendedor - o que é pouco comum em Montalvão - mesmo sem frequentar a Escola Primária. Ou como me dizia um montalvanense numa das minhas últimas deslocações a Montalvão enquanto eu contemplava a sua última morada na aldeia: «Nessa casa viveu um homem analfabeto que matou a fome a muita gente letrada da Vila dando-lhes trabalho, daqui até à Beira, ao seu lado e do filho enquanto eles também trabalhavam!»





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16 julho 2019

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E Depois do Adeus (1212)

16 julho 2019 0 Comentários
A BATALHA DE NAVAS DE TOLOSA VEM DAR ESTABILIDADE À HERDADE DA AÇAFA POIS AFASTOU OS ALMÓADAS DA REGIÃO. 



A Herdade da Açafa era terra inóspita que foi cedida, em 5 de julho de 1199, por D. Sancho I à Ordem dos Cavaleiros do Templo. Pela carta de doação não há povoações, pois não constam referências, sendo os limites estabelecidos pelos acidentes naturais: linhas de talvegues (rios e ribeiras) e linhas de festos (montes e serras). O objetivo era que os poderosos Cavaleiros Templários a povoassem ocupando assim território infiel (islamizado) e fosse um obstáculo ao poder do Reino de Leão que podia conquistar território para Oeste "fechando" numa bolsa o jovem Reino de Portugal que perderia espaço para se expandir para Sul. 


Ibéria cerca de 1157. Em 1212 estava praticamente na mesma embora o Reino de Portugal conseguisse expansão pelo litoral sul mantendo a linha natural do rio Tejo como fronteira estabilizada entre Lisboa e Alcântara (os Almóadas já não conseguiam provocar perda de território na margem direita) e o território da Açafa, a sul do rio Tejo e a Oeste de Alcântara permitia empurrar os muçulmanos para longe da margem esquerda bem como marcar presença num território em que Reino de Portugal e Reino de Leão se juntavam numa fronteira tripartida com os Almóadas

Não havia aglomerados com demografia mínima que justificassem a existência de povoações no vasto território da Herdade da Açafa pois era quase "Terra de Ninguém". Umas vezes trespassado pelos Almóadas, outras pelos Templários havia pouca população que se sujeitasse a tantas escaramuças. A «Batalha de Navas de Tolosa», em 16 de julho de 1212, passam hoje 807 anos, vem mudar, para sempre, a instabilidade constantemente latente e demasiado real. O território passa a ter mais segurança e começa a povoar-se com o surgimento de muitas localidades, entre elas num Monte Ermo surge Monte'alvam

Os limites prováveis utilizando linhas retas e pontos de referência descritos na carta de doação do território da Açafa cedida, em 5 de julho de 1199, por D. Sancho I à Ordem dos Cavaleiros do Templo. Não são descritos aglomerados populacionais mas apenas acidentes naturais como rios, ribeiras, cabeços e picos de serras

Os Cavaleiros da Ordem do Templo foram importantes, tal como todos os cristãos com capacidade e hábitos guerreiros, para unidos derrotarem os Almóadas na «Batalha de Navas de Tolosa». E entre todos, os Templários eram aqueles que pelejavam contra os muçulmanos e estavam de olho nos leoneses, ou seja, deambulavam pelo território da Açafa, sendo aliados fundamentais para o Rei de Portugal, D. Afonso II poder cumprir o seu papel junto dos outros Reis da Ibéria (Castela, Aragão e Navarra) que afrontaram e dizimaram os muçulmanos. Os Cavaleiros Templários que defendiam a Açafa tinham frequentes escaramuças com os Almóadas, conhecendo bem o modo como estes combatiam e se escondiam, as suas estratégias bélicas e manhas que utilizavam. Poucos ou ninguém estavam tão treinados para combater os muçulmanos como os cristãos que cavalgavam pela Herdade da Açafa. O rei de Leão, rival de Castela, recusou-se a combater. Afonso IX cometeu um erro histórico. O Reino de Leão acabaria com a sua morte em 1230. O Reino de Leão terminou unido ao de Castela. 



O Reino de Portugal, através do seu monarca D. Afonso II não participa diretamente na «Batalha de Navas de Tolosa» mas o Rei de Portugal envia uma parte do seu exército regular e a elite militar entre as forças componentes das Ordens do Templo, Santiago, Hospital e Avis (Calatrava) para auxiliar o rei de Castela, D. Afonso VIII. A comandar os Cavaleiros do Templo - os mais experientes em escaramuças na Açafa com os Almóadas -  estava o Grão-Mestre Gomes Ramires eleito por reunião do Capítulo-Geral no início de 1210, ainda com D. Sancho II como Rei de Portugal. Em 26 de março de 1211 é aclamado rei, D. Afonso II que continua a ter confiança no Grão-Mestre. 

A ação dos Cavaleiros Templários na Herdade da Açafa dava-lhes um domínio sobre a "Arte da Guerra com os Almóadas" que os tornavam peritos em conquistar praças. Depois de pelejarem em Navas de Tolosa ainda foram «passar a fio de espada e picada de lança» uns quantos muçulmanos nas vizinhas Baeza e Úbeda. Talvez se tenham ficado só por aqui pois o seu Grão-Mestre (D. Gomes Ramires) acabaria por morrer em Úbeda

Os cristãos têm total sucesso na batalha, em 16 de julho de 1212, há precisamente 807 anos, mas há baixas mortais entre muitos cavaleiros portugueses (e não foi um acaso, pois Castela soube valer-se da ausência do Rei de Portugal para colocar a elite militar portuguesa no frente de combate), mesmo Mestres de várias ordens. D. Ruy Diaz de Yanguas, Mestre da Ordem de Calatrava... morre. D. Pero Árias, Mestre da Ordem de Santiago... morre. 


Os cavaleiros da Ordem do Templo eram peritos em perceber como combatiam os Almóadas pela frequência com que mediam forças com eles na «Herdade da Açafa»

D. Gomes Ramires parece ter ficado ferido - as fontes divergem, há quem afirme que morreu três dias depois devido aos ferimentos - mas também se conta que antes de regressar a Portugal participa em duas refregas com cerco a duas Praças (localidades) Almóadas. Logo um dia depois da famosa batalha tem sucesso no cerco de Baeza (17 de julho) mas em Úbeda, a 25 de julho, nove dias depois da grande batalha é ferido mortalmente na escalada das muralhas para conquistar a Praça. O seu corpo é trazido para Portugal e sepultado em Tomar, na igreja de Santa Maria dos Olivais. 



Os entendidos entenderão. Mesmo em terreno favorável ao inimigo (que estava instalado numa elevação) a «União Cristã» foi imparável. Os "infiéis" que não morreram na refrega, morreram na perseguição durante a fuga. Nenhum lugar era seguro para os Almóadas naquele glorioso 16 de julho de 1212.




Depois da «Batalha de Navas de Tolosa», a estabilidade territorial permitiu aos Cavaleiros Templários fundar duas vilas (Nisa e Montalvão) e mais tarde ter duas comendas (Alpalhão e Arez). É provável que a boa localização geoestratégica de Nisa tenha dado a esta a primazia de surgir na Açafa, com Montalvão logo a seguir numa posição privilegiada de acesso à margem norte do rio Tejo pela Lomba da Barca. Em 1199 (aquando da doação da Açafa) não existiam. Em 1212 certamente que não. Nisa (Nissa) parece ter sido fundada, entre 1229 e 1232, em território templário por colonos franceses da região de Nice, começados a arribar a Portugal (arredores de Lisboa e Sesimbra) por volta de 1209. Montalvão ainda mais tarde. Arez e Alpalhão muito mais tarde. Povoados em território da Ordem dos Hospitalários, como Tolosa e Amieira ainda mais.


Máxima expansão dos Almóadas até 16 de julho de 1212. Depois da derrota em Navas de Tolosa foi sempre a perder território.

O pouco espaço humanizado eram pequenos núcleos de famílias ocupando propriedades vastas, entre o rio Tejo, a ribeira de Nisa e o rio Sever (até mais longe, mesmo a ribeira de Calatrucha ou o rio Salor) ainda de fisionomia romana, terras muito pouco férteis, difíceis de cultivar e trabalhar, por isso de horizonte distante, muitas vezes abandonadas por ocupações sucessivas entre visigodos não cristãos e convertidos ao Cristianismo, muçulmanos e depois entre estes e cristãos, com destaque para os Templários. Após este 16 de julho de 1212 tudo muda com o território pacificado por se terem afastado os Almóadas para o Sul. Definitivamente!



O que é certo é que a fundação de Montalvão faz-se quando era território templário e já estava livre das escaramuças entre cristãos e muçulmanos. Muitas crianças iam nascendo, entre os gentios que acompanhavam os Cavaleiros Templários, no território da Açafa. 

Um Monte Ermo até meados do século XIII passaria a Monte'alvam. Isso é certo!

NOTA: O texto e tradução da Doação da Herdade da Açafa já foi publicado neste blogue (clicar) (clicar)
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12 julho 2019

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Ó Sino da Minha Aldeia

12 julho 2019 0 Comentários
ESTE SOM É INCONFUNDÍVEL. ESTE É O SINO QUE TODOS OS MONTALVANENSES RECONHECEM ONDE QUER QUE ESTEJAM. EM QUALQUER PARTE DO PLANETA OU DO UNIVERSO.


EM MONTALVÃO, NISA, PORTALEGRE, LISBOA, MADRID, BRUXELAS, NOVA IORQUE, NOVA ZELÂNDIA, EVEREST OU PÓLO NORTE E SUL. ATÉ NA FACE OCULTA DA LUA.


Na torre do relógio, em Montalvão, o sino repica as horas um minuto depois da(s) primeira(s) badalada(s)



De Fernando Pessoa por Fernando Pessoa

O Ti Zé Caratana é que me ensinou, aí por 1970, que não há dois sons sineiros iguais, dependendo da quantidade e tipo de metal (umas gramas fazem muita diferença), da forma da campânula e do badalo. Do comprimento e da largura da campânula. Do tipo de lingueta. Qualquer pequena alteração muda todo o som. Como em tudo não era só ele que sabia isto, mas como ninguém nasce ensinado alguém tem de contar a outro o que sabe e este um dia contará a um outro e assim evoluiu a Humanidade com o conhecimento a ser partilhado de geração em geração. 


01. Jugo, cabeça ou suporte
02. Asa
03. Coroa
04. Ombro
05. Cintura
06. Rebordo
07. Pé
08. Lábio
09. Borda
10. Lingueta (Badalo)


Lembro-me do Ti Zé Caratana agarrar num tronco de azinheira e fazer o suporte (jugo) para o outro sino, o da torre Norte, a dos toques eucarísticos - que ainda lá está firme e hirto. Ao ter questionado, em 1974 ou 1975, quanto tempo duraria, o Ti Zé Caratana afirmou peremptório: «Feito de azinho! Vais ouvir o sino, tal como os teus filhos, netos e até bisnetos»
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05 julho 2019

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Doação da Açafa 820

05 julho 2019 0 Comentários
COMPLETAM-SE HOJE 820 ANOS EM QUE DOM SANCHO I ENTREGOU À ORDEM DOS CAVALEIROS DO TEMPLO A HERDADE DA AÇAFA.


A Herdade da Azafa/Açafa a sul do rio Tejo. A azul: linhas de água; a castanho - linhas dos cabeços/topos

A doação da «Herdade da Açafa», em 5 de julho de 1199, teve grande importância para a consolidação do território de Portugal, com destaque para o sul do rio Tejo e colocar uma fronteira de norte para sul entre as conquistas cristãs repartidas com o Reino de Leão em território dos Almóadas. E foi fundamental, com a ocupação e pacificação por parte dos Templários para o surgimento de aglomerados populacionais, entre eles, Montalvão em 1278. 


Entretanto, neste mesmo ano de 1199, em 27 de novembro, Dom Sancho I concedia Foral a Guarda elevando-a a cidade (quando era um pequeno lugarejo à época) e pouco depois o Papa concedia-lhe o privilégio de ser Diocese reactivando mais a norte a outrora esplendorosa e influente Egitânia (atual Idanha-a-Velha) nunca imaginando que meio século depois iria criar um conflito entre o Bispo da Guarda (expansionista) e a Ordem do Templo (a tentar conservar o seu território aproveitando a barreira natural do rio Tejo) depois de terem progressivamente "perdido" para a Diocese da Guarda todo o território que receberam em 5 de julho de 1199 a norte do rio Tejo.

Um conflito que durou entre 1242 e 1287, durante o qual foi fundada a templária Monte alvam.  

O texto original da doação da «Herdade da Açafa» (excerto a sul do rio Tejo):



A tradução do texto:

Parte também além do rio Tejo pela foz da ribeira de Figueiró como entra no rio Tejo dali defronte de Melriça (Cabeço de Vide) e corre a Mongaret (Serra de São Mamede), dali a Cimalha da água da ribeira de Avid, dali ao Castelo de Terron como caminho ao Mosteiro de Alpalandro, e dali ao Semedeiro de Benfaian, dali ao Porto de Mula do rio Salor como correm as águas para o rio Tejo.

O texto completo e respetiva tradução podem ser lidos em clicar.



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01 julho 2019

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Montauban, Montalbano, Montalbán

01 julho 2019 0 Comentários
TALVEZ APENAS VASCO DE MONTALVAM.



É deveras interessante estar em Montalvão e pensar na origem do topónimo.


Há certezas para todos os gostos e opiniões.

Desde origem geográfico-orográfica: Monte'alvão/Montalvão como significado de «monte branco» ou «monte alvo» embora se questione porque não ficou «Montebranco», «Montalvo» (há um mas podia haver dois!) ou mesmo «Monte Branco» havendo «Castelo Branco» por perto!

Mas também com origem noutras povoações desde Montauban (França), a Montalbano (em Itália, bela elevação não muito longe de Florença) e até Montalbán (Espanha).

Pois pode ser. Pois podem ser.




A 16 de abril de 1287, em Castelo Branco, o Capítulo-Geral da Ordem do Templo e o Cabido da diocese da Guarda reuniram-se, resultando um documento, onde está explícito (em caligrafia preto no branco)... Montealuã pronunciando-se Montealvã

E por que não «Monte'alvam» depois «Montealvã» de "a vão" ou "em vão" como que a pairar/suspenso ou de "alvo" para alguém ou algo? 



E por que não a homenagem de um herói templário (Dom Vasco Fernandes, nascido em 1261) a um herói lendário da cristandade, desde o século XI, com nome honrado em várias culturas e nações europeias:

Renaud de Montauban (depois herói-magno no livro «Chanson des Quatre Fils Aymon», de Huon de Villeneuve; 1497) 

Rinaldo di Montalbano (depois herói no livro «Orlando Furioso», de Ludovico Ariosto; 1516)  

Reinaldo de Montalbán (citado como exemplo no livro «Don Quijote de La Mancha», de Miguel Cervantes; Parte I; 1605)

E devidamente traduzido - pelo ilustre e distinto Feliciano de Castilho, entre outros - para a Língua Portuguesa como "Reinaldo de Montalvão" em «Dom Quixote de La Mancha».



Pois bem... certamente que a origem do topónimo «Montalvão» nunca se saberá qual é e foi! Dificilmente se conseguirá obter a certeza do que o tempo calou!

Mesmo com direito a ópera do mestre G. F. Händel denominada Rinaldo (di Montalbano). Num excerto magnífico com a ária (Lascia ch'io pianga) de uma ópera genial (Rinaldo) em toda uma obra de excelência (G.F. Händel).

 

Montalvão ou Vasco de Montalvam!?

NOTA: Dedicada, por este blogue, a Montalvão a ópera  Rinaldo (de Montalbano) em português, Reinaldo (de Montalvão)









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