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26 fevereiro 2019

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A Herdade da Açafa (1197 - 1199) Parte I

26 fevereiro 2019 0 Comentários
CONDICIONA A EXISTÊNCIA DE MONTALVÃO.




Em plena Reconquista Cristã para retirar território aos sarracenos (e fazer de um pequeno condado uma nação valente) os Reis de Portugal com o seu séquito conquistavam para Sul mas para o interior Leste as dificuldades eram maiores em tomar posse dos mesmos, ou seja, impor os valores do Cristianismo e o poder de Portugal. 

O litoral foi mais fácil de reconquistar aos mouros e povos islamizados pois contavam com a ajuda dos «Cruzados» do norte da Europa que ao rumar à Palestina passavam junto da costa ocidental da Europa.



A reconquista do interior apresentava problemas de resolução difícil. Terrenos pouco povoados, inóspitos, pobres, sem recursos alimentares onde se passava mas não se ficava. Além disso para Sul «caminhavam a pelejar para acrescentar território», pelo menos, três Reinos cristãos - Portugal, Leão e Castela - em busca de mais espaço para não só estabilizar (por pacificação) o que já estava conquistado a Norte, facilitando a fixação de população, mas para ir alargando território. O Reino de Portugal ainda se deparava com a sua idiossincrasia. Só podia pensar em conquistar para Sul e Leste pois a Oeste tinha o Mar. Para Sul mais facilidades que os dois outros Reinos cristãos na reconquista do território (devido ao litoral) mais dificuldade em chegar primeiro pelo interior, disputado "palmo-a-palmo" com o reino de Leão.   

Território vasto pouco povoado ainda com reminiscências romanas. Grandes propriedades dominadas por culturas de sequeiro aproveitando as poucas ribeiras de caudal ao ritmo das chuvadas para algum regadio. Vida difícil no solo esquelético, seco e quente, de pasto ralo, com sementeiras e colheitas suportadas por trabalhadores rurais a viver agrupados em "Montes" onde faziam as suas vidas e pouco mais conheciam que os limites dessas herdades vastas, dolorosas e inóspitas.


Com os conflitos entre os valores do Alcorão implantados nos gentios e a passagem de cavaleiros cristãos a tentar expulsar os povos islamizados gerou-se em territórios vastos e pouco povoados a necessidade de habitar locais altaneiros que permitissem observar a chegada e a partida desses cavaleiros que vinham para se impor. 




O Primeiro Soberano (D. Afonso Henriques que reinou até 6 de Dezembro de 1185) começou por doar à Ordem de Santiago, em 1172, um vasto território a Sul do castelo de Monsanto e a Leste do castelo de Abrantes sem fim, a não ser o que os cavaleiros às ordens do Conde de Sarriá, D. Rodrigo, conseguissem ocupar. Não parece que tenha havido sucesso territorial conquistado mas houve conhecimento adquirido pois D. Sancho I (que reinou entre 6 de Dezembro de 1185 e 26 de Março de 1211) pode ser mais preciso e conciso nas doações que fez para expulsar o poder islamizado, ocupar os territórios e alargar o Reino instaurado pelo seu pai. Em 1197, confirmou a doação à Ordem do Templo dos territórios da Idanha (a Sul do castelo de Monsanto) e no ano seguinte (1198 ou 1199) a vasta Herdade da Açafa (a Leste do castelo de Abrantes). E nesta havia já fronteiras bem definidas e lugares de referência para que o território a ocupar e defender fosse efectivo e delimitado.

O ano de 1199 é o que mais se adequa à doação, em 5 de julho de 1199,  visto ser Mestre da Ordem do Templo o cavaleiro português D. Lopo Fernandes (citado no documento de doação) que morreu em combate junto de D. Sancho I, em Agosto de 1199, na tentativa de conquista da praça de Cidade Rodrigo ao Reino de Leão. Uma guerra entre Portugal (D. Sancho I) e Leão (D. Afonso IX) com Castela (Afonso VIII) à espreita, para definir a vanguarda da luta contra o Islão. Com o Reino de Leão a envolver o Reino de Portugal a expansão a Leste ficava comprometida a Norte do rio Tejo com a consciência que o território não passaria de uma estreita faixa entre leoneses e o oceânico mar atlântico. Havia que garantir alargamento a Sul do Tejo onde quem mais sucesso tivesse frente aos sarracenos mais território conseguiria. Infelizmente o 7.º Mestre da Ordem do Templo, D. Lopo Fernandes teve mestrado breve (1195/1197) quando dele muito se esperava.   

  

Pouco tempo antes de morrer em Cidade Rodrigo, D. Lopo Fernandes, recebeu de D. Sancho I a responsabilidade de "cristianizar" (derrotar, pacificar e povoar) um território vasto bem definido nos limites e com os locais habitados discriminados e enumerados. Fica o texto da «Doação da Azafa/Açafa» para quem souber latim. Para amanhã (ou um dia destes) a apreciação aos topónimos que constam da doação. Este território contém o actual Montalvão que não sendo descrito, não passaria, em 1199, de um Monte Ermo.  




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