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27 fevereiro 2019

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A Herdade da Açafa (1197 - 1199) Parte II

27 fevereiro 2019 0 Comentários
O TEXTO DA «DOAÇÃO DA HERDADE DA AÇAFA» É EXPLICITO.


Os cavaleiros da Ordem do Templo e o seu domínio na Açafa vão ser importantes para a consolidação de Portugal, pois enquanto afastavam os sarracenos, dos almorávidas aos almóadas, para Sul, estancaram o poder do Reino de Leão (depois anexado, em 1230, ao reino de Castela) em envolver Portugal tomando-lhe o Sul.




A «Doação da Açafa» ocorreu em 5 de julho de 1199. Um território vasto em espaço, limitado em povoamento e bem delimitado pelas linhas de águas ou talvegues (rios e ribeiras) e as linhas de festos ou altitudes (cabeços ou cimos), ou seja, fronteiras naturais. Como ainda na actualidade entre regiões e países.




EM nome de Deus. Como na verdade o costume tenha força de lei e por autoridade da lei conhecemos as acções dos Reis e Príncipes que se devem perpetuar as escrituras porque assim perpetuadas não se perdem da memória dos homens, e estejam presentes a todas as coisas que muitos anos antes passarão. Portanto, Eu D. Sancho pela graça de Deus, Rei de Portugal juntamente com meu Filho El-Rei D. Afonso, e com os outros meus Filhos, e Filhas, faço carta a vós D. Lopo Fernandes Mestre da Milícia do Templo em nosso Reino, e a vossos Freires assim presentes como futuros de Açafa, o qual lugar vos damos, e a todos vossos sucessores por direito hereditário para sempre; e isto faço por Deus, e pelo bom serviço, que temos recebido de vós, e de todos os Cavaleiros da Milícia do Templo, e cada dia recebemos; e pelas Igrejas do Mogadouro e Penas-Ruivas, as quais nos destes bem paramentadas de tudo quanto pertence ao culto Eclesiástico. Cujos termos da Açafa são estes. Parte com Belver como entra a água do rio Ocreza no rio Tejo, e como ou donde entra a água da ribeira de Pracana no rio Ocreza e dali como vai a água da ribeira de Pracana a caminho de Idanha no Cabeço de Seixo, e dali aonde entra a água da ribeira de Seixo na ribeira de Bostelim, daqui a fonte da ribeira de Carvalho, dali ao Recefe Mourisco como entra na corrente da ribeira de Isna, dali o cabeço que está entre da ribeira de Isna e a ribeira de Tamolha aos Pardineiros Velhos, dali pela grande serra que está entre a ribeira de Isna e a ribeira de Tamolha; dali desce à foz da ribeira de Oleiros e da foz ribeira de Oleiros à estrada de Covilhã à foz da ribeira de Cambas, dali ao cabeço de Moncaval; dali ao cabeço de Asina como vai para a ribeira de Alpreada que fica no termo de Idanha.  Parte também de Idanha ao rio Tejo até ao rio Ponsul; dali ao cabeço de Mercoles como vai ao cabeço da Cardosa. Parte também além do rio Tejo pela foz da ribeira de Figueiró como entra no rio Tejo dali defronte de Melriça (Cabeço de Vide) e corre a Mongaret (Serra de São Mamede), dali a Cimalha da água da ribeira de Avid, dali ao Castelo de Terron como caminho ao Mosteiro de Alpalandro, e dali ao Semedeiro de Benfaian, dali ao Porto de Mula do rio Salor como correm as águas para o rio Tejo.  Damos por isso a vós e à vossa Ordem o sobredito lugar por direito hereditário pelo amor de Deus, pelas sobreditas Igrejas que acima nomeamos, e a vós concedemos que povoeis o tal lugar do melhor modo que puderes; e termos por certo e valioso que se governem os moradores dele livremente pelo Foral, que por vós lhes for dado; e aqueles que herdares no tal lugar fiquem herdados. Vós porém sereis obrigados a receber-nos no tal lugar, e a todos os que de nossa geração nos sucederem como Reis, e Senhores vossos todas as vezes, que a eles quisermos ir. Portanto todo aquele, que esta nossa Carta vos guardar inteiramente, e a todos os vossos sucessores seja bendito do Senhor. Assim seja. E aquele que presumir, tentar quebrá-lo ou diminuí-lo seja maldito e tudo o que fizer seja errado e sem valor. Foi esta Carta feita em Covilhã, no quinto dia do mês de Julho da Era de mil duzentos trinta e sete. Nós os Reis que esta Carta mandamos fazer a certificamos em presença dos abaixo assinados nela, e fizemos estes sinais -----I-----I-----I----- Os que presentes se acharam &c. D. Gonsalo Mendo Mordomo da Curia. Conf. / D. Paio Monis Alfers Mor. Conf. / D. Raimundo Paio Governador de Covilham. Conf. / Martim Lopes Trancozo. Conf. / D. Lourenço Soares Lamego. Conf. / Egas Affonso Alafone. Conf. / D. João Fernandes Trinchante mor. Conf. / Martim Arcebispo de Braga. Conf. / Martins Bispo do Porto. Conf. / Pedro Bispo de Lamego. Conf. / Nicolau Bispo de Vizeu. Conf. / Pedro Bispo de Coimbra. Conf. / Soares Bispo de Lisboa. Conf. / Paio Bispo de Ebora. Conf. / D. Osorio.test./  Rodrigues Pedro. test. / Pedro Nunes. test. / Soeiro Soares. test. / Fernando Nunes. test.



Uma região inóspita, quente e seca, imprópria para fixar populações em número demográfico elevado por falta de condições agrícolas baseadas no Linho (tecidos e vestuário), Porco (enchidos/carne para todo o ano), Cabras (calçado e apetrechos, leite e queijos ou carne fresca), Caça, Asnos (transporte e trabalho), Oliveira (fruto, madeira e azeite), Sobreiro (lande/comida para porcos, madeira para queimar e cortiça), Vinha (uvas e vinho), Azinheira (bolota alimento humano e madeira para construção), Xaras (lenha) e o cereal possível.  Longos estios com escassez de água que mal conseguia matar a sede aos humanos durante quatro/cinco meses em doze. Uma região assolada por ser confluência de três fronteiras: portugueses, leoneses e povos islamizados. Objectivo: Os Templários cristianizarem, povoarem e conseguirem manter o Reino de Portugal com dimensão suficiente impedindo o Reino de Leão de o transformar numa bolsa condenada a perder a independência. Povoar, lutar contra o Islão e marcar presença junto dos leoneses empurrando-os para o centro da Ibéria onde estavam os castelhanos.

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