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08 junho 2020

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O Pátio

08 junho 2020 0 Comentários
É UM ENIGMA. UM BOM ENIGMA. SERÁ FÁCIL RESOLVER. MAS LEVARÁ O «SEU» TEMPO. COMO TODOS OS BONS ENIGMAS!



Estrutura habitacional única no povoado, o que são na atualidade três casas de habitação podem ter feito parte de uma estrutura judicial quando Montalvão foi Município até 1836: 6 de novembro (oficial)/28 de dezembro (protesto). 
1. A casa da direita (marcada a azul) foi onde funcionou o «Clube Montalvanense» (que se estreou como Instituição associativa da povoação) até conseguir um edifício de dois pisos na rua da Barca. Algo que já suscitou um texto neste blogue (clicar). Era conhecida por casa do Ti Cagalho;
2. A casa da esquerda (marcada a ocre) era conhecida por casa do Ti Zé Inverno;
3. A do centro era conhecida por casa do Ti Noventa.
Atualmente a casa da direita tem porta, mas é provável que na origem não a tivesse. A da esquerda não tem!
O pórtico (atualmente sem porta) seria uma segunda segurança - teria porta gradeada (?) ou em madeira espessa (?) com batentes em ferro (?) - com as três casas apenas com serventia pelo pátio depois de franqueada a porta (portão) para a rua do Arneiro. 


É que ficam nas traseiras da antiga Câmara Municipal de Montalvão, separando-as pela rampa entre a rua do Arneiro e a rua de São Pedro ou pelas «Escadinhas do Açougue».



Assim se foi fazendo Montalvão...

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06 junho 2020

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Entre Canchos, Lajes, Cascalho e Ponedros

06 junho 2020 0 Comentários
COMO FOI TARDIO E COMPLEXO O POVOAMENTO CONTÍNUO E PERMANENTE DO VASTO TERRITÓRIO MONTALVANENSE.



Há registos de presença humana no território da freguesia de Montalvão desde a pré-história. Mas isso é comum em todo o território português e europeu. Só que era esparso, sem presença contínua e mesmo quando houve um objetivo concreto em povoar o mais cedo possível, a Ordem do Templo esteve quase um século até conseguir um núcleo urbano coeso e com dimensão para ser localidade com afirmação no território português.



Povoamento e Ruralidade
A geologia do território da freguesia ilustra na perfeição, o porquê das dificuldades (nada ocorre por acaso) e justifica até a localização dos outros dois aglomerados populacionais duradouros e antigos, (Monte da) Salavessa e Monte do Pombo, embora há cerca de meio século que este esteja abandonado. Houve outros pequenos núcleos, mais de uma dezena, mas nunca passaram de um conjunto restrito de famílias e foram efémeros. 


Períodos geológicos apresentados de forma mais didática

Só o árduo trabalho montalvanense "domesticou" os terrenos
A principal razão, tendo em conta a forma de vida até à Era Industrial, foi a dificuldade em adaptar as técnicas agrárias a um espaço agrícola que tornava difícil a Vida Rural. Solos pouco férteis, débeis em espessura e secos, juntando-se a dificuldade em obter água de qualidade em abundância para consumo humano. A que enche com regularidade o «Depósito» vem de Póvoa e Meadas, outra freguesia até de um outro concelho (Castelo de Vide).


A génese e características das rochas em Montalvão adaptadas aos períodos geológicos (em cima) e um perfil geológico (em baixo) com onze quilómetros entre o ribeiro de Fevêlo (no início da delimitação com a freguesia de São Simão/Pé da Serra) e o rio Sever (a 500 metros da Barragem de Cedilho)

Canchos e Lajes (em linguagem popular, a Natureza, ao longo de milhões de anos, cozeu a lama)
A maior parte dos terrenos são de xisto (cinzento escuro) e grauvaques (acastanhada/acinzentada) com mais de 500 milhões de anos (ante-ordovícico). Rochas sedimentares (por exemplo, argilas) metamorfizadas devido à conjugação de fatores de pressão e temperatura resultantes de movimentos gerados no interior do Planeta. A uniformidade é impressionante, ainda mais considerando um território tão vasto. As intrusões filonianas - quartzosos a amarelo e micrognaníticos a vermelho, na legenda da carta - têm orientações que ilustram como se fizeram os enrugamentos das placas de xisto e grauvaques. Nos filões quartzosos de Este para Oeste e nos filões de microgranito de Noroeste para Sudeste. O resultado em termos de terrenos agrícolas é de pobreza que é extrema se houver declives (barreiras) com grande inclinação pois esta expõe os xistos e os grauvaques à superfície como se observa com frequência nos principais cursos de água que parecem correr dentro de um leito de pedra.


    
O ondulado da paisagem vista lá do topo para todos os lados
A ação das linhas de água e escorrência durante milhões de anos, sob condições muito diferenciadas, fez os principais rios, ribeiras e ribeiros correrem encaixados (vales profundos e estreitos) em meandros complexos e tortuosos, onde nem a grande capacidade dos montalvanenses se adaptarem a condições tão adversas sortiu efeito. Nunca passaram de rochas expostas ao tempo e mato, xaras e giestas, às vezes miniaturas delas...). Os xistos e grauvaques (canchos e lajes) de maior dureza resistiram mais sendo por isso os pontos mais elevados - com destaque para o Monte onde assenta a localidade - e os menos resistentes vales estreitos onde nem é possível acumular sedimentos que, a cada invernada, deslizem pelas vertentes ou que sejam transportados pelos cursos de água. Há escassas áreas com alguma fertilidade daqui resultante e as poucas foram conseguidas mais por ação humana que por dádiva da Natureza. A natureza e facilidade com que se encontram placas de xisto permitiu aproveitamento humano para fazer muros, dividindo propriedades ou criando azinhagas. Também se utilizaram para fazer paredes - depois rebocadas e caiadas se em casa de habitação humana - e lajear o chão dessas habitações.


Xistos e Grauvaques

Ponedros e cascalho em terrenos de charneca
Além do xisto dominante, com mais de 500 milhões de anos, ainda resistem nalgumas cumeadas e vertentes próximas das «Barreiras Tejo» os terrenos de areia, que são mais de areão compactado ou arenitos (arcoses) e pedra rolada solta. São depósitos recentes - pois "só" têm cerca de 25 milhões de anos - mas ainda assim recentes tendo em conta que o território é dominado a 99 por cento por terra com 500 milhões de anos. Já ocuparam uma maior extensão mas a ação da Natureza - escorrência de água depois das grandes trovoadas e chuva implacável durante tantos milhões de anos - vai rolando muito areão e ponedro encosta abaixo, daí que quanto mais na cumeada estiverem depositados mais vão resistindo. 


Arenitos/Arcoses e cascalho/pedras roladas/ponedros


Terrenos de areia permitem outro tipo de técnicas agrárias
Foi junto as estas duas grandes coberturas de ponedros e cascalho, onde na baixa das vertentes aflora água em nascentes de boa qualidade por ser de infiltração fácil e qualidade ao dissolver sais ricos em vários minerais que se estabeleceram as duas principais povoações do território (de concelho a freguesia), além de Montalvão: (Monte da) Salavessa e Monte do Pombo. Não foi apenas e só por isso, mas o resto da interpretação acerca da localização destes dois lugares fica para texto à parte a fazer no Futuro próximo. Acrescentar a este já de si complexo, ainda mais esse, ia complicar mais o texto de hoje que já por si não é fácil. A água canalizada, distribuída ao domicílio, na Salavessa é obtida na Charneca. Água de excelência. Bebi muita na "Fontinha" junto dos talhões da horta do meu bisavô materno (lado da avó). Até morangos silvestres cresciam junto a uma das nascentes.  



Charnecas em flor
Ao mudar o tipo de solos, de xistos barrentos para ponedros e areão, muda o tipo de vegetação. Os arbustos e herbáceas são de outro tipo, tais como o rosmanhinho, o sargaço, o trovisco, a carqueja e o alecrim. Muda a Natureza, muda o Ser Humano. Para lá de Montalvão, a chegar às «Barreiras do Tejo», mais para Oeste (Salavessa) ou mais para Noroeste (Monte do Pombo) restam as oliveiras, mas até estas, passaram a ser oliveirinhas, ainda que generosas em azeitona e azeite.



A paisagem ondulante
Vista lá do Monte-vão parecem ondas de terra antiga numa massa que tem tantos milhões de tempo de vida como de peso sofrido. Quando têm vegetação alta, herbáceas e arbustos, e há vento forte parecem ondular ao sabor de marés. Elas podem não se movimentar com a cadência das ondas do mar mas também fazem sonhar os montalvanenses e recordar quanto suor humano gerado em Montalvão não as domesticou e quantos animais não as calcorrearam durante séculos...



Apesar de tanta dificuldade o certo é que Montalvão foi-se fazendo no tempo!
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05 junho 2020

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Montalvão em Portalegre

05 junho 2020 0 Comentários
A CASA DO POVO DE MONTALVÃO COM DOIS ANOS DE EXISTÊNCIA CONSEGUIU FAZER DESLOCAR UMA DELEGAÇÃO À CAPITAL DE DISTRITO.



Em Portalegre, no dia 5 de junho de 1944, há 76 anos, integrando a «Exposição da Vida Corporativa do Distrito de Portalegre». Além de um restrito grupo de folclore no «Serão Alentejano» (10 de junho) e no «Sarau de Encerramento» (25 de setembro), teve grande sucesso a recreação de um quadro vivo do ciclo de cultura do linho com fiação e tecelagem a cargo de três mulheres montalvanenses: avó, filha e neta. A avó fiava, a filha dobava (enchia as canelas) e a neta tecia, num pequeno tear manual, feito em madeira pelo Ti Zé Caratana, e no qual conseguiram tecer durante três meses um conjunto excelente de peças que deliciaram visitantes e repórteres de jornais de Lisboa: belos lençóis, "manta-rapazes", meias, roupa interior e toalhas que foram expondo.




Maria Joaquina Aires (70 anos), Maria José Aires (43 anos) e Maria Leandro Branco Aires (15 anos) idades correspondentes a 1944, ou seja nascidas, respetivamente, em 1874, 5 de dezembro de 1900 e 1929.




Além da componente de trabalho houve ainda destaque para o lazer, em 10 de junho (sábado) com a interpretação de quatro contradanças («Sapatilha», «Fandango Alentejano», Verde Gaio» e «Lari-Clá-Clá»)  pelo Grupo Folclórico da Casa do Povo de Montalvão - é incorrecto chamar Rancho, pois foram apenas quatro pares de rapazes e raparigas - superiormente orientados pelo insigne António José Belo. Os quatro pares: António José Belo (Ti Tónhe Zézana)/ Maria Emília Pereira; João António Lopes/Nazaré Belo dos Santos; João António de Matos (Ti Duro)/ Maria Semeda (Xá Galinha); e João José Júlio (Ti Fratel)/ Josefa dos Santos Bizarro (cunhada - maridos irmãos - da Xá Galinha). Dançaram ao ritmo da concertina de João Pedro Martins (Ti Xanana).




Enquanto as três tecedeiras do linho ficaram toda a exposição, o «Grupo Folclórico» regressou para o encerramento da exposição, em Elvas, a 25 de setembro de 1944. Mas esta evocação fica para a data apropriada que contará numa NOTA FINAL com os relatos da Imprensa (elogiosos para com a representação montalvanense tal como os da estreia), tal como consta no dia de hoje, com notícias em todos os jornais de maior circulação nacional, como se mostra em resumo e completará na data anunciada.  



E assim se ia fazendo Montalvão...

NOTA FINAL: Recortes dos três jornais de maior circulação em Portugal, em 1944, a 6 de junho: «O Século», «Diário de Notícias» e «Diário da Manhã».

(clicar sobre as imagens para obter melhor visualização)





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30 maio 2020

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Biblioteca Montalvanense

30 maio 2020 0 Comentários
AINDA QUE «ROLANTE» ENVIADA PELA FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN.


O «Serviço de Bibliotecas Itinerantes da F.C.G.» iniciou-se em maio de 1958 com 15 veículos cobrindo a área da Grande Lisboa e o litoral. Em dezembro de 1959 já abrangiam 118 concelhos por todo o País. Em meados dos Anos 60 atingiram a expansão máxima com 47 veículos, atingindo 3 900 povoações num total de 81 340 leitores, no início de 1974 quando o projeto foi reduzido, procurando apoio estatal. Entretanto com o 25 de abril de 1974 houve a reativação mas noutros moldes. As condições de acesso a livrarias e livros tinham entretanto, em 15 anos, mudado não se justificando um esforço financeiro tão elevado, até com o advento da televisão em tabernas e cafés nas aldeias.


A chegada da Citroën da Gulbenkian provocava agitação no local. O impacte nas pequenas povoações do interior era muito grande, quer nos mais jovens que estavam a aprender na escola primária a ler, quer entre os alfabetizados mais idosos que aproveitavam para conhecer obras de que só tinham ouvido falar mas nunca as tinham visto. Para outros, também, era o modo de conseguiram, praticamente, reaprender a ler depois de anos com pouca ou nenhuma leitura após deixarem a escola primária.



A «Biblioteca Itinerante» que servia Montalvão era a n.º 35 deslocando-se aproximadamente uma vez por mês à localidade. Estava hora-e-meia (16:00 às 17:30 horas) vinda de Nisa e seguia para a Póvoa e Meadas terminando o dia em Castelo de Vide. Por vezes estava mais de um mês afastada, para manutenção de veículo ou por motivos de saúde que afastavam algum dos dois funcionários: condutor (fazer o transporte, estacionar e abrir o espaço) e administrativo (saber do interesse dos leitores por algum tema mais específico e registo dos livros: entrega e devolução).


A Citroën n.º 35 parava na Praça da República, depois das obras desta tornarem impossível estragar o piso, junto ao banco corrido da Igreja da Misericórdia. Com as obras no Adro, passou a estacionar debaixo de uma das árvores do lado norte da torre da Igreja.


Os serviços de leitura itinerante disponibilizavam os livros que os leitores solicitassem durante os 90 minutos de funcionamento. E ainda podiam solicitar até dois exemplares - se existissem em duplicado no veículo - para serem lidos até à próxima visita quando seriam entregues.



Tantas bibliotecas itinerantes e tantas viagens proporcionaram milhares de histórias. Contam-se algumas. Há umas mais corriqueiras (deixar bilhetes escritos dentro dos livros para que outros os lessem noutra localidade) até algumas que ilustram a sociedade portuguesa da época. O «Diretor do Serviço de Bibliotecas Itinerantes», entre o seu início em 1958 - a ideia até é dele - e 1974 quando faleceu, foi o escritor Branquinho da Fonseca. 


Numa fotografia em 1923. Em cima, o escritor Branquinho da Fonseca - Director das BI da FCG - com o seu irmão. Em baixo, os pais com o escritor Tomás da Fonseca de livro na mão. Branquinho da Fonseca escreveu um dos contos mais brilhantes da literatura portuguesa, «O Barão», publicado em 1942

Conta-se que foi obrigado pela P.I.D.E. (tenebrosa polícia política do Estado Novo) - embora a Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE) tenha as costas largas para tudo e mais alguma coisa antes de 25 de Abril de 1974 - a retirar das estantes dos veículos o livro do seu próprio pai, a «Filha de Labão» do escritor Tomás da Fonseca, um escritor "maldito" por ser do Partido Comunista Português (P.C.P.) e escrever causticamente contra a religião, com acuidade criticando o catolicismo.


A Fundação Calouste Gulbenkian calcula em 97 milhões de empréstimos por 29 milhões de vezes, ou seja, havia leitores que tinham acesso a mais de um livro de cada vez. Um serviço inestimável que foi feito pela F.C.G. e que não está devidamente valorizado, pois substituía o que o Governo português devia fazer e não fez! 

 
Assim se foi fazendo Montalvão...
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27 maio 2020

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Para Além do Alem-Tejo (1248)

27 maio 2020 0 Comentários
COM O TERRITÓRIO TEMPLÁRIO EXCOMUNGADO, DESDE 1242, PELA DIOCESE DA GUARDA...


Resta aos Cavaleiros Templários terem líderes corajosos com aliados fortes para manter o Bispo da Guarda afastado do que restava da Herdade da Açafa: o território a Sul do rio Tejo.


Em 1248, no que resta da «Açafa» continua apenas a existir uma povoação - Nisa fundada por volta de 1232 com dificuldade em crescer demograficamente - e depois população escassa e dispersa pela restante território ainda sob o domínio dos «Cavaleiros do Templo»

NOTA INICIAL: As medidas de confinamento devido à epidemia COVID-19 prejudicaram a elaboração de textos relativos à história do território onde seria fundado Montalvão. Este que hoje se publica (final de maio) estava previsto para meados de março, mas não foi possível pelos motivos enunciados. O último texto acerca da história do território, pelo ano de 1242, data de 6 de novembro de 2019 (clicar). Há quase seis meses!



"Anda-se a viajar" por anos pré-povoação de Montalvão, ou seja, antes dela existir. Mas sendo território de domínio templário a ação destes foi importante para a criação de condições - principalmente garantia de segurança - que permitiram a fixação de pessoas no território. É depois uma questão de organização politica e estruturação social o aparecimento de povoações, ou seja, locais com agregação num pequeno espaço dando-lhe densidade demográfica, entre elas a fundação de Montalvão. O Grão-Mestre entre 1242 e 1248, foi muito importante para dar mais impulso demográfico ao território que restava da Açafa na margem esquerda do rio Tejo, entre a confluência do rio Salor (fronteira com Leão, depois Castela até ao tratado de Alcanices) e a da ribeira de Figueiró (que corre a sul de Nisa e a norte da Amieira). 



Um Grão-Mestre que vai ser firme da defesa do território templário é D. Martim Martins (1207 - 1248) que foi eleito por reunião do Capítulo, aos 35 anos, em 1242 falecendo, no cerco a Sevilha, em maio de 1248, aos 41 anos. Foram seis anos intensos, em defesa do que restava da Açafa, valorização de outras localidades beirãs importantes e na luta contra a presença muçulmana na Península Ibérica. Pagou bem alto este desígnio.



Irmão colaço de D. Sancho II
Martim Martins nasceu em 1207, sendo filho de D. Martim Pires e de D. Teresa Martins. A mãe de Martim Martins, foi ama-de-leite do futuro rei de Portugal, D. Sancho II. Este filho varão de D. Afonso II, nasceu em Coimbra, a 8 de setembro de 1209 ou 1210. Desde criança que se desenvolveu uma cumplicidade baseada na amizade entre Martim Martins e Sancho Afonso. Com a passagem do tempo, no Futuro, um seria rei de Portugal (coroado em 26 de março de 1223, com 13 anos) e outro Grão-Mestre dos Templários (escolhido em 1242), ou seja, duas décadas depois.



A Guerra Civil 1245/1247
D. Sancho II cedo se deixou envolver por intrigas palacianas mostrando-se incapaz de governar um território que necessitava de consolidar-se a nível demográfico e político, recuperar da crise económica do País que ameaçava tornar-se crónica, estruturar-se socialmente e expandir-se para Sul. Nascido de um casamento que o Papa e a Igreja portuguesa não reconhecera por afinidades familiares entre os cônjuges, D. Sancho II acabou excomungado, em 24 de julho de 1245, pelo Papa  Inocêncio IV. O seu irmão Afonso que vivia em França é instigado pelo Papa e clero português a repor a normalidade. E depois de tempos fraticidas, numa guerra de familiares contra familiares, D. Afonso III vence e assume o Reino de Portugal. 

Lealdade ao lado que perde (D. Sancho II)
D. Afonso III obtém rapidamente apoio em todo o País, mas há fidalgos que continuarão fiéis até ao fim. D. Sancho II conseguiu importantes vitórias no campo de batalha na conquista para Sul do território muito à custa dos Ordens Militares e de fidalgos decididos e corajosos. Em destaque a Ordem do Templo, monges-guerreiros que estiveram sempre a seu lado. Mas com a derrota de D. Sancho II frente a D. Afonso III, o Grão Mestre Martim Martins (e os Templários) são perdedores. Nada que a eleição de um novo Mestre e posterior confirmação real não resolvesse. E chegaria mais depressa do que seria de supor. 



Morte de D. Sancho II (Janeiro de 1248)
Perdeu o Reino de Portugal (por imposição do Papa, em 24 de julho de 1245) e a Guerra Civil para seu irmão, acabando exilado em Toledo, durante o ano de 1247. Morre nesta localidade de Castela, em 4 de Janeiro de 1248, aos 38 anos. Consta que D. Martim de Freitas, alcaide de Coimbra mantendo-se leal a D. Sancho II foi a Toledo, com uma comitiva de gente também leal, certificar-se que D. Sancho II morrera. No quadro pintado por C.M. Costa Lima (ver NOTA FINAL) o Cavaleiro Templário retratado - com a «Cruz Pátea» - só poderá representar D. Martim Martins, mas tudo não passa de Lenda. Que pode ter por base a verdade ou não...

Morte de D. Martim Martins (Maio de 1248)
Não iria sobreviver muito tempo, ao seu irmão colaço. Morre em combate, em Maio de 1248, no cerco a Sevilha empreendido pelas forças cristãs sob o comando de D. Fernando III de Leão e Castela. Sobreviveu quadro meses a D. Sancho II. D. Martim Martins é um dos «heróis esquecidos» da reconquista de Sevilha, num cerco que durou cerca de 15 meses, entre agosto de 1247 e 23 de novembro de 1248. 



A pressão do Bispado da Guarda aumentaria
Num território pouco povoado - Nisa e depois população dispersa a viver junto dos terrenos menos inférteis e mais generosos em água potável - mas muito vasto, reivindicado desde 1242 pelo Bispo da Guarda, vítimas de excomunhão por não aceitarem o domino do bispado egitaniense, a pressão mantinha-se. A Sul do território templário povoações régias e a vasta área ocupada pela Ordem de São João do Hospital de Jerusalém ou dos Hospitalários, com imponentes castelos em Belver (Guidintesta), Amieira e Crato. 

Era uma questão de tempo
As Ordens religiosas perderem poder à medida que aumentava o poder dos Bispados. O território estava praticamente definido, os muçulmanos aniquilados e a necessidade de reorganizar administrativamente o espaço era fundamental. Além disso havia muito mais estabilidade nas cúpulas dirigentes dos Bispados que nas Ordens que eram além de monges, também guerreiros. Por exemplo, entre 1248 e 1312, em 64 anos, a Diocese da Guarda teve quatro Bispos, enquanto os Templários tiveram... dez Mestres! 

O território templário a sul do rio Tejo ia resistindo ao Bispo da Guarda. Em 1250 a estratégia passa por Évora!

NOTA FINAL: O quadro que ilustra este texto baseia-se na «Lenda de Martim de Freitas» citada na página 73, do Livro V, da «História de Portugal» escrita por Alexandre Herculano (28 de março de 1810 - 18 de setembro de 1877) entre 1846 e 1853. A pintura a óleo sobre tela «Martim de Freitas Verificando na Catedral de Toledo o Falecimento do Rei D. Sancho II» é da autoria do pintor portuense Caetano Moreira da Costa Lima (29 de julho de 1835 - 17 de novembro de 1898) estando exposta no «Museu Nacional Soares dos Reis» na cidade do Porto.  



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25 maio 2020

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Os Artesãos II

25 maio 2020 0 Comentários
NOS ANOS 40 MONTALVÃO ATINGIU O APOGEU DEMOGRÁFICO E NA DÉCADA DE 50 APRIMOROU A CAPACIDADE DE MONTALVANENSES TEREM ARTE E OFÍCIO PARA PERMITIR MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DA COMUNIDADE.

(clicar em cima da imagem para melhorar a visualização)



Com quase dois mil habitantes, muitas necessidades e pouco dinheiro os montalvanenses tinham nos seus artesãos as referências para um dia-a-dia de dificuldades. Montalvão era um enorme e carinhoso "Supermercado-a-céu-aberto-do-tamanho-de-uma-povoação" onde o engenho e arte de alguns povoavam os sonhos e eram a realidade de todos.



Para trás já ficou descrito o que foi possível apurar quanto às catorze atividades que possibilitavam a existência, em simultâneo, de vários artesãos/profissionais pela procura dos restantes montalvanenses o justificar.



Agora passará a escrever-se acerca de artesãos/profissionais que eram singulares, ou seja, um por geração "dava conta do recado".

Mantêm-se os critérios enunciados aquando da apresentação destas descrições (e que se repetem).

1: A «Planta Funcional de Montalvão» que ilustra a abertura deste texto com a localização dos ofícios nos Anos 50 foi elaborada a partir de uma imagem de fotografia aérea obtida em 23 de maio de 2015 (a qualidade técnica da obtida em 25 de junho de 1955 não permite trabalhar sobre a mesma com rigor) mas localiza os artesãos nas suas oficinas e habitações tendo como referencial os Anos 50. Como se sabe houve mudanças, principalmente no número de habitações entretanto construídas (cerca de mais 30) além de profundas alterações na fisionomia de inúmeros prédios, mas também em alguns que, na atualidade, resultam de aglutinações de dois e até de três edifícios. 





2: Serão considerados "Artesãos" os montalvanenses que no Recenseamento Geral da População realizado em 15 de dezembro de 1950 (o de 1940 apresenta menor diversidade e o de 1960 não foi objeto de consulta) afirmam ter como rendimento principal determinado ofício. A consulta foi feita, no INE (Instituto Nacional de Estatística), entre 1983 e 1984. Depois a informação foi aferida - principalmente por não haver indicação do número da porta que é uma inovação de final do século XX - com montalvanenses que seriam à época contemporâneos dos artesãos, ou seja nascidos entre a última década do século XIX e as duas iniciais do século XX. 

Próxima "paragem": O Louceiro
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