A importância do Bispo da Guarda aumentou exponencialmente, no século XIII, obrigando os Templários a cederem poder sobre o seu território e localidades que haviam fundado. Recordemos que D. Sancho I cede a Herdade da Açafa, em 5 de julho de 1199 (como foi assinalado - clicar - neste blogue aquando dos 820 anos dessa efeméride) à Ordem do Templo ou dos Cavaleiros Templários e funda a cidade da Guarda, em 27 de novembro de 1199, que em 1203 passa a ser uma Diocese.
Distam 145 dias e cerca de 110 quilómetros em linha reta entre a Guarda e Montalvão, mas apenas 43 anos depois, estala um conflito que vai colocar o território que restava da Açafa, ou seja, a sul do rio Tejo em «estado de sítio religioso» sendo mesmo excomungado pelo Bispo da Guarda. E em excomunhão entenda-se... tudo - desde matérias inertes a seres vivos (Fauna e Flora incluído a espécie humana, como é, ou era, óbvio) - o que nesse território vivesse ou nascesse. Os Templários donatários de uma vasta área, embora de início inóspita e hostil, foram cedendo ao domínio do Bispo da Guarda, submetendo-se ao seu poder, mas recusam fazer o mesmo para o território a sul do rio Tejo. Só até à margem direita desse rio abdicam de poder absoluto mantendo-o na margem esquerda. Em 1242, abdicam finalmente do que restava do território a norte do rio Tejo, cedendo Castelo Branco e Ródão mas recusam a pretensão do Bispo da Guarda em senhoriar Nisa e restante território entre a ribeira de Figueiró e a fronteira com Castela. O conflito vai durar 45 anos, até 1287 (16 de abril). São anos de incerteza que vão ter marca no aparecimento de Montalvão.
Tratando-se de um assunto que só indiretamente está relacionado com Montalvão reserva-se o desenvolvimento do porquê do crescimento da importância do domínio do Bispo da Guarda nos territórios a sul desta cidade para o assinalar da efeméride dos 820 anos do Foral da Guarda, em 27 de novembro de 1199 - 2019. Há a reforçar que a Guarda teve desde logo, em 1203, protecção papal com a criação da «Diocese da Guarda» no sentido em que se restaurava num local praticamente ermo - foi limitado povoado lusitano, romano, suevo e almóada (Antaniya) - mas de difícil conquista, substituindo a antiga e dedicada cidade visigótica cristã Egitânia (Idanha-a-Velha) e antiga Diocese Egitaniense (transferida cerca de seis séculos depois para a Guarda) daí a explicação para o gentílico de quem nasce ou vive na cidade da Guarda: egitanienses, embora a Guarda fique... 62 quilómetros a norte de Idanha-a-Velha, a antiga Egitânia!
Os caminhos que a história trilha são por vezes veredas...
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