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29 agosto 2020

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Os Latoeiros

29 agosto 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE LATOEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.




No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti «Pessedóne» na rua do Outeiro que transmitiu o ofício aos seus dois filhos: Ti António na Praça da República e Ti Joaquim na rua da Costa.


O Ti Possidónio tinha uma loja com variedade de artigos mas também era latoeiro. E soube ser bom mestre dos seus dois filhos que souberam honrar o ofício que o pai lhes legou para a geração seguinte.



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Os utensílios de lata, principalmente zinco, eram muito utilizados em Montalvão para tarefas diversificadas e rotineiras. O facto de serem muito utilizados e resistentes, por serem de metal, conferia-lhes um uso quotidiano sem igual.




Desde tarefas tão delicadas, como as almotolias (para azeite), candeias (de iluminar), funis para encher potes e outro vasilhame, muitas vezes de barro, regadores, púcaros, ferras (pás domésticas), baldes e os indispensáveis potes para conservar azeite durante um ano.



Havia potes de todo o tamanho embora o feitio variasse pouco. Muito passaram eles desde as mãos às angarelas de burros e muares.




Os três latoeiros não tinham mãos a medir tendo de ser perspicazes e minuciosos de modo a que tudo ficasse bem feito para evitar fugas de água ou azeite. Até da "vienda" do porco que ia em baldes de zinco a caminho das "furdas".



Os montalvanenses confiavam na sua habilidade, destreza e competência comprando novo ou mandando reparar. 



Os púcaros, as panelas, os tachos, os funis, as ferras eram obrigatórias em qualquer casa montalvanense. A louça de barro era mais fina complementando a latoaria mais duradoira e resistente.



Os latoeiros transformavam folha de lata, geralmente zinco, em utensílios úteis, tal como com pingos de solda bem urdidos acabavam com fugas ou imperfeições inoportunas.



Havia alguidares para lavar (roupa e loiça) tal como tabuleiros para tudo e mais alguma coisa.



Os banhos de pessoas eram em alguidares que faziam de banheiras.




Era nos potes com tampa de ajustar que se guardava um dos bens mais preciosos, o azeite.



Havia muitos outros potes para muita utilidades e bons usos.



Havia baldes de zinco para muitas serventias, mas a comida do porco era "sagrada". Para eles se migava o que os suínos haviam de comer diariamente para dar uma boa matança anual.



Também os pastores se serviam do vasilhame de lata (zinco), a «abexêra» para passarem, num funil de copo, do alguidar da ordena para o pote que seguiria para uma casa montalvanense e depois, para quem podia, para as outras casas. 



Havia «ferras» em todas as casas, por vezes mais do que uma. A da cozinha era sagrada, desde apanhar cinza que por vezes acabava como fertilizante nas hortas até aos restos de miolo de pão e comida que sempre iam tombando da mesa e acabavam no bucho doo porco, se o tivessem.



Mais os alcatruzes das noras...



Até «esquembres" (balanças de equilíbrio) os mais habilidosos latoeiros conseguiam montar.




Algumas peças de latoaria também eram compradas nas Feiras de Nisa ou algum vendedor ambulante fazia com que chegassem à «Vila».



E que dizer dos caldeiros, peças fundamentais na tarefa diária de conseguir água para pessoas e animais, em fontes e poços.



Próxima "paragem": Os Professores
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22 agosto 2020

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Casalinho

22 agosto 2020 0 Comentários
"CASALINE" É UMA ESPÉCIE DE ENIGMA TERRITORIAL PARA MONTALVÃO.


Mapa Topográfico Nacional (excerto); Carta n.º 675 - I (Cedilho); 1/25 000; 2002; Instituto Geográfico Nacional (Espanha); Madrid

Cedilho (Cedido) fez ou não parte do município (concelho) de Montalvão até ao Tratado de Alcanizes, em 12 de setembro de 1297?


Os municípios espanhóis cujo território fez parte do Leste da «Herdade da Açafa» e depois foi trocado pelos territórios de «Riba-Coa» por Dom Dinis, no Tratado de Alcanizes: Ferreira/Herrera de Alcântara (Cedilho faria parte deste ou de Montalvão?), Esparregal (atualmente dividido em dois: Santiago de Alcântara e Membrio) e Valença/Valência de Alcântara. As fronteiras Leste e Sudeste da Açafa são as de Valência de Alcântara e de Membrio (rio Salor)  
Todo o tratado, assinado por Dom Dinis (Reino de Portugal) e Dom Fernando IV (Reino de Leão e Castela) pode ser lido em (clicar) ou num texto deste blogue que assinalou os 722 anos do Tratado de Alcanizes (clicar)

Há algumas certezas e outras tantas incertezas.

CERTEZAS

1. Casalinho fez parte do território português até 12 de setembro de 1297, pois a fronteira entre Portugal e Leão/Castela era no rio Salor;

2. Casalinho só é município (ayuntamiento) autónomo, desde 15 de agosto de 1838, ao separar-se de Herrera de Alcántara (Ferreira de Alcântara, quando era território português).

3. Casalinho foi sempre um pequeno povoado. No primeiro Recenseamento em Espanha (1842) o município de Cedilho tinha 482 habitantes em 88 edifícios.

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Montalvão sempre foi muito maior. Muitíssimo. No primeiro Recenseamento em Portugal (1864) tinha 1 373 habitantes em 374 edifícios. Aliás em 24 de abril de 1758, o concelho de Montalvão, já contava com 300 edifícios e 1 015 habitantes.

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    RECENSEAMENTO GERAL DA POPULAÇÃO (PORTUGAL) EM 1 DE JANEIRO DE 1864 
                                             RESUMO

Comparativo (1842/1864 a 2011)



INCERTEZAS

Até ao Tratado de Alcanizes, em 12 de setembro de 1297, Casalinho fazia parte do território português mas não tinha dimensão demográfica para ser município autónomo. Agora "entram" as duas hipóteses para ligar o atual município de Cedilho a outros.

1. Casalinho sempre fez parte de Ferreira de Alcântara (depois Herrera de Alcántara) desde a criação desse Município dentro da «Herdade da Açafa» templária. 

2. Casalinho fez parte do município (concelho) de Montalvão até ao Tratado de Alcanizes e quando este estabeleceu a nova fronteira além-Tejo esta não foi delimitada numa fronteira essencialmente terrestre (cerca de 70 por cento) mas recuou "dentro" do município de Montalvão até ao rio Sever este sim uma barreira natural consistente e que não deixava margens para dúvidas.

3. Casalinho sempre manteve um "conflito" latente com Herrera de Alcántara porque nunca se sentiu parte deste, pois sempre fizera parte de Montalvão, conseguindo finalmente a autonomia no século XIX. 

4. Teoria da Probabilidade
4.1 Casalinho fez parte do território de Montalvão até 12 de setembro de 1297;
4.2 Cedilho passou a fazer parte do território de Herrera de Alcántara, entre 12 de setembro de 1297 e 15 de agosto de 1838! Talvez. Os especialistas em história, particularmente da cartografia espanhola (que conhecem historiadores "especialistas" no século XIII e XIV ibérico), não conseguem encontrar "a ponta à meada" mas esta hipótese é a que melhor encaixa no "separatismo cedilhano" relativamente a Herrera de Alcántara até porque, mesmo em 1838, Casalinho/Cedilho era demasiado pequeno, demograficamente, para ser "ayuntamiento"!




O território do atual município de Cedilho, que completou apenas 182 anos de existência no passado dia 15 de agosto de 2020 pode ter pertencido, até 12 de setembro de 1297, ao concelho de Montalvão.


Mapa Topográfico Nacional (adaptação); Cartas n.º 674/675 (Sever e Santiago de Alcântara); 1/50 000; 1975; Instituto Geográfico Nacional (Espanha); Madrid

É muito "interessante" fazer uma "colagem" juntando o atual território da freguesia de Montalvão (124,2 km2) com o município de Cedilho (61,6 km2). É que a principal povoação destas duas regiões (Montalvão) ocuparia uma posição central nesse vastíssimo território o que é notável. Mas fica para um dia destes...

Montalvão foi-se construindo (em demografia, história e cultura) e, talvez, "desconstruindo" (territorialmente) no tempo.

NOTA: Agradecimento ao Instituto Nacional de Estatística/Estadística (de Espanha), Instituto Geográfico Nacional (de Espanha) e a alguns habitantes de "Casalinho".
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16 agosto 2020

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Aos Soldados Conhecidos

16 agosto 2020 1 Comentários
QUE TOMBARAM EM ANGOLA, GUINÉ E MOÇAMBIQUE.


Homenagem a todas as mães que tanto sofreram enquanto os seus filhos combatiam longe da família. Muitos despediram-se e nunca voltaram. Nem mortos, pois continuam sepultados nesses antigos territórios portugueses
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08 agosto 2020

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Esquembres e Outras Balanças

08 agosto 2020 0 Comentários
EM MONTALVÃO HAVIA QUASE TANTO TIPO DE BALANÇAS COMO PESSOAS!


A balança de equilíbrio mais simples era a que conhecia melhor pois a minha avó materna tinha uma. Os «esquembres» eram uma balança simples. Igual massa (pesos em linguagem popular) num dos pratos indicava quanto pesava o que se colocava no outro prato dos esquembres. 
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01 agosto 2020

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Os Louceiros

01 agosto 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE LOUCEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.


No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti Louceiro. Sendo único não havia engano. Era aquele na rua de São Pedro. 


Habilidoso como era norma nos artesãos de Montalvão faltava-lhe a matéria-prima (barro de grande qualidade numa terra de xisto e grauvaques, saibro/cancho de xisto argiloso que era mole ou «saibre, em montalvanês» e ponedros/cascalhos) para poder ter mais atividade. Lá para a Charneca, nas vizinhanças da Salavessa, havia barro para telhas de cano, tijolo de adobe, tijolo maciço e ainda algum... para o esmerado trabalho do Ti Louceiro. Além disso o empedrado de Nisa era "concorrência desleal" embora o Ti Louceiro também fizesse louça empedrada com o cascalho branco (esmigalhado a martelo), do melhor que havia lá para o «Monte do Pombo».



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O Ti Louceiro passava o dia a fazer essencialmente potes (cântaros sem asas) de todos os tamanhos, bem como vasos, talhas de muitos tamanhos e feitios, cantarinhas e alguidares de amassar (mas para onde também se cortava a carne de porco nas matanças). Casado mas sem descendentes e com Montalvão envelhecido e a encurtar habitantes coube-lhe ser o último louceiro de uma povoação que, certamente, os teve séculos-a-fio.



As talhas de Montalvão também eram "vasilhame para tudo e mais alguma coisa", desde azeitonas a salgadeira para o toucinho, conservavam muito e bem todo o ano.



Um louceiro montalvanense tinha sempre que fazer. 



Mas... "gatar" louça que já não ia para nova, antes pelo contrário, estava reservado aos «bufarinheiros" que escalavam Montalvão de vez em quando.




O forno do Ti Louceiro ficava num palheiro lá para a azinhaga a caminho do «Monte do Santo André». 




Era aí que terminava a obra que tinha começado num amontoado de barro avermelhado disforme e haveria de alindar parte da vida dos montalvanenses. 




A maior quantidade e variedade da louça "mais fina" era comprada numa das quatro Feiras Anuais de Nisa...



... ou ao Ti Alentejano lá do Redondo que chegava à «Vila» com um burro carregado de cântaros, porrões, barris, asados e outra louça "mais fina" mas partia mais leve. O burro que ele levava ia mais aliviado e ele com mais uns trocos nos bolsos. E convinha não partir loiça, só partir para a Salavessa ou Póvoa e Meadas.



Há a particularidade do porrão só o ser antes ou depois da rua de São João, Corredoura ou da rua do Ferro. Interior montalvanense. Antes ou depois destas passavam a chamar-se piporros.



A louça era fundamental para o dia-a-dia. Todo o ano.



Fosse amassar o pão.



Fosse fazer a comida.



Fosse ir buscar água à cabeça.



Fosse ir buscar água nas «angarelas».




Fosse ter água.




Fosse o que fosse. 



Até para embelezar o lar.  

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