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20 junho 2020

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Montalvam 770

20 junho 2020 0 Comentários
EM ABRIL DE 1250 PROCURAVA-SE DEFINIR ESPAÇO MOSTRANDO PODER.


Em 1250 estão em sobreposição dois domínios. Um a perder importância (Ordens Militares) e outro a ter cada vez mais preponderância (Bispados). Ordem dos Templários a norte da ribeira de Figueiró e Ordem dos Hospitalários a sul dessa ribeira. O Bispado de Évora a querer chegar à margem esquerda do rio Tejo e o da Guarda a reivindicar Montalvão, Nisa e Alpalhão desde 1142 

NOTA INICIAL: Este texto estava previsto para Abril de 2020 mas a COVID-19 impossibilitou na prática o que foi idealizado. Só agora foi possível escrevê-lo e ilustrar tentando ser o mais didático possível, pois este blogue não pretende fazer teses científicas acerca do que quer que seja. Mas apenas divulgar (com rigor, ou seja, documentando) a História e Cultura de Montalvão. A apreciação, valoração e creditação fica sempre por conta de quem o lê.

O território templário a Sul do rio Tejo há muito que se sabe ter começado com a doação da «Herdade da Açafa», por D. Sancho I aos Cavaleiros da Ordem do Templo, em 5 de julho de 1199, facto que já foi assinalado neste blogue inúmeras vezes, com destaque para a efeméride, em 5 de julho de 2019 (clicar). 


Duas interpretações do território da Açafa a sul do rio Tejo. Em cima pelo povacho com "alma montalvanense" José Pedro Martins Barata e em baixo pelo nisense José Augusto Fraústo Basso

Como se percebe pelo texto da doação os limites eram vagos, procurando delimitar o território tendo como referências elementos naturais: os cursos de água e os pontos mais elevados com destaque económico (por exemplo mineração) por serem conhecidos. É que num território que há pouco tempo ficara na posse dos cristãos e era praticamente despovoado - aliás a doação era para garantir essa posse (defesa) e ter condições para povoar (fixar população) - não podia haver rigor na definição de fronteiras que não fossem naturais. Não se conhecia o território, nem havia como fazer fronteiras, mesmo interiores. 



Tendo em consideração o limite da «Herdade da Açafa» em 1199 (ver ainda uma NOTA 1, no final) é evidente que para a "Ordem do Templo" ter dentro do seu domínio Arez e Alpalhão teve que ir para além do limite estabelecido pela ribeira de Figueiró pois esta corre a norte daqueles dois povoados. Quais os limites a Sul de Arez e Alpalhão? Não sei, mas o mais natural é utilizar cursos de água como a ribeira de Santo António (para Arez) e a ribeira de Sor (para Alpalhão)

Mas como é evidente o território templário não ficou estático - nem nunca o foi por não poder ter sido traçado um limite exato - mas sofreu alterações na primeira metade do século XIII. Em 1199 houve uma definição generalista. O tempo seguinte, ou seja, as cinco décadas iniciais do século XIII, permitiu conhecer e estabelecer avanços e recuos, até pela presença a sul da «Ordem dos Hospitalários» e sobrepondo-se o poder das Dioceses da Guarda e de Évora, com a definição territorial de Portugal, depois da conquista do Algarve, em 27 de março de 1249. 



Cumpre para assinalar esta efeméride, colocar o documento do acordo entre o Bispado de Évora e a Ordem do Templo, estabelecido em abril de 1250. Está previsto, neste blogue, para 25 de julho de 2020, um texto denominado «Fronteiras Interiores (1250)» com uma explicação mais pormenorizada da necessidade deste acordo mas está relacionado com um outro «Açafa a Deixar de o Ser (1242)» já publicado, em 6 de  novembro de 2019 (clicar). Eis o documento em latim que data de abril de MCCLXXXVIII = 1288 corresponde na Era Cristã a 1250.



Assim se foram criando condições para surgir um povoado ímpar, num território inóspito, chamado: Montalvão.

NOTA 1: O limite da «Herdade da Açafa» em 1199, entre a ribeira de Figueiró e o esporão rochoso da Melriça (a norte de Castelo de Vide) é complexo, pois depende de onde se quer estender o limite montante na ribeira de Figueiró, visto entre esta e a Melriça existir o vale onde corre a ribeira de Nisa. Há num curto espaço de seis quilómetros a separação de três sub-bacias hidrográficas (o que ilustra a complexidade da hidrografia nesta região norte do Alto Alentejo): Monte Navens (por onde passa a cumeada que separa a ribeira de Figueiró da ribeira de Nisa), Melriça (por onde passa a cumeada que separa a ribeira de Nisa da ribeira de São João, afluente do rio Sever). 


A complexidade em perceber por onde se fazia a ligação, em 1199 do território da «Herdade da Açafa» entre a ribeira de Figueiró e o esporão rochoso da Melriça. Pode ser entre as duas linhas amarelas ou não... ser mesmo por um outro espaço. Como se percebe, Alpalhão nem fica na sub-bacia da ribeira de Figueiró, mas sim na sub-bacia da ribeira de Sor que depois será o rio Sorraia, junto ao Couço, na junção com a ribeira da Raia! A ribeira de Figueiró estabelece, desde sempre, desde que existem, a delimitação entre o concelho de Nisa (pela freguesia de Alpalhão) e o concelho de Castelo de Vide (pela freguesia de São João Batista)

NOTA FINAL: O texto do acordo estabelecido em abril de 1250 é o segundo por ordem cronológica (que conheça) com referência ao território Montalvam (Montalvão) embora ainda não seja possível - a COVID-19 serve para desculpar muito, até o que não se justifica, mas neste caso é mesmo por ela que não se publica - colocar a digitalização da primeira referência ao território Montalvam (Montalvão) que, como é óbvio, é anterior a esta em abril de 1250. Depois desta começam a existir muitas: 1260, 1287, 1291, etecetra...
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