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13 junho 2023

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Festa de Santo António

13 junho 2023 0 Comentários
AS FESTAS POPULARES DOS SANTOS NO MÊS DE JUNHO ERAM ORGANIZADAS POR ATIVIDADES RURAIS QUE REFLETIAM A ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL.



A primeira do mês, a de Santo António, estava por conta dos seareiros, pois eram muares os animais que utilizavam nos seus trabalhos de lavoura. 



O «Santo António» era a festa dos remediados. O «São João» a dos ricos e o «São Pedro» a dos pobres.



Ao final da tarde do dia 12 cada um trazia para a rua o rosmaninho, quando havia também alecrim, fazendo uma fogueira, que ardia em cima dos ponedros que as calcetavam para ser saltada pela família - principalmente «catchôpos e catchópas» - também por vizinhos e havia quem andasse (saltasse) de fogueira em fogueira correndo as ruas.


Montalvão de tão altaneiro, avistando-se de tão longe, devia parecer uma enorme bruma fumegante cheirando (bem) a rosmaninho. O "fumador" coletivo tantas eram as fogueiras, algumas apenas fogueirinhas que esmoreciam num instante.


Espigas de trigo a ondular ao vento. Até parece uma das searas do Ti Zé Caratana, semeadas e ceifadas na Tapada do Pontão. Com eira e tudo, mais o trilho de madeira, na «tapadinha de cima», para separar a palha do grão, com que a Xá Ana fazia o pão que alimentava os cinco "carataninhas" mais os que apareciam à porta, na rua das Almas

A festa de Santo António, dos seareiros ou macheiros/mulareiros era plena de significado, pois estes colocavam nela todo o seu carinho e devoção.


Muares fêmea (mula) e macho. Espécie híbrida, por isso estéril, resultante do cruzamento de um burro com uma égua

Uma das devoções a Santo António era a das «Trezenas», nos treze dias antes da festa, ou seja, de 1 a 13 de junho, pelas cinco horas da tarde, cantava-se o «Terço» e a «Ladainha a Santo António». 



No dia 12, os Festeiros de Santo António, escolhidos entre os seareiros, compareciam com a Bandeira e o tambor para assistirem à devoção. As «Trezenas» também se rezavam em outros meses, mas por promessa, sempre entre 1 e 13 de cada mês, porém eram cantadas logo após a Missa da manhã e sujeitas ao padre ter ou não possibilidade de as fazer.

Como dizia o Ti Zé Caratana: «Muares d'uma gana (da nossa sorte)! Comem como os burros e trabalham mais que cavalos e éguas. Não engana!» Mas nunca teve nenhum: mula ou macho!

As «Cavalhadas» eram o mais esperado. O profano numa festa religiosa. Sem o brilho das que se faziam pelo São João, pois estas eram com cavalos e éguas, no Santo António a Corredoura enchia-se de povo e muares. 



Conforme o número de cavaleiros assim se faziam as corridas, geralmente a dois no limite a três. Iam-se eliminando até apurar o vencedor. De Leste para Oeste era ir e vir, entre o início da Corredoura e a volta que era, também, o seu final, junto à rua do Cabo.




Nesta noite de 12 para 13, nas ruas, a cada porta, ardiam fogueiras de rosmaninho, por vezes, misturado com alecrim. Cada família a tentar fazer uma fogueira maior que a do vizinho...



Ao fundo da Corredoura, a descer já para a azinhaga da Salavessa (a da Sargaceira) a antiga capela de Santo António transformada em cavalariça do senhô Zé Godinho

Até parece que nunca foi capela! 

Agora há que esperar pelo «São João» para ver corridas de equinos a sério. As cavalhadas com éguas e cavalos. A valer!




Eis Montalvão cuja origem remonta ao mais puro rito do Cristianismo Templário. As atividades humanas decorriam pontuadas pelas cerimónias do Divino
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