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12 setembro 2021

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Montalvão 1910

12 setembro 2021 2 Comentários

A DEMOGRAFIA MONTALVANENSE HÁ 110 ANOS ERA UM «ASSUNTO À PARTE» COMPARADA COM A ATUALIDADE. 

A quantidade de crianças na «Vila» contrasta com a progressivo envelhecimento durante o século XX. E o despovoamento irreversível no século XXI

Até mesmo com a de 1940 ou 1950. Mas tendo de continuar por algum ano depois de contabilizar a demografia montalvanense em 1900 (clicar) que se perceba a demografia de Montalvão em 1910.

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No Recenseamento realizado em 1911 (e não em 1910 devido ao período conturbado de final de ano após a implantação da República em 5 de outubro) Montalvão (freguesia) tinha 2 015 habitantes (984 homens e 1 031 mulheres) que viviam em 589 edifícios. Pouco mais de metade dos fogos (contando também com edifícios abandonados e sem telhado!) na atualidade que são 876.


Em 1910, nasceram 49 pessoas e morreram 23, o que fez transitar um acréscimo de mais 26 montalvanenses (19 homens e sete mulheres) para 1911. Em arruamentos, mesmo que diminutos (praticamente com a mesma expressão demográfica em 1900, por isso numa década pouco mudara) há circunstâncias inevitáveis, enquanto a rua do Hospital (tendo duas mortes no «Hospital da Vila» para o qual a serventia se fazia por essa rua) teve saldo fisiológico negativo em menos duas pessoas, na rua do Arrabalde (com igual número mortes e nascimentos) não houve alterações em 1910.

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NOTA: a rua das Almas parece ser a continuação da rua da Costa mas também pode ser a da rua da Barca. Só na segunda década do século XX "ganha autonomia"

Em 1910 - ou até 1910 - ainda não existiam alguns dos arruamentos que só foram surgindo durante o século XX, tais como o largo da Corredoura, a rua das Almas (embora esta informação seja dúbia), a Porta de Cima e a Porta de Baixo. Além da rua das Traseiras e rua da Cabine, que eram traseiras com os quintais da rua do Outeiro, Direita e Cabo. Alguns destes arruamentos surgiram com o esvaziamento demográfico do 
Monte do Pombo e do Monte de Santo André.

O meu avô materno
A propósito de uma conversa - que já contei há uns dias sob o tema das idas à Casa do Povo para ler os jornais - disse-me quando o questionei «Montalvão é mesmo grande avô! Póvoa e Meadas, Salavessa, Pé da Serra, Arez, Amieira, os Montes entre Nisa e o rio Tejo (ou seja, localidades vizinhas que eu conhecia) são povoações muito mais pequenas que Montalvão!». «Netinho! Eu vi fazer metade das casas da «Vila»! Fiquei espantado! E pedi-lhe para "fazer uma viagem" (ao tempo em que ele se recordava de como conhecera Montalvão nas primeiras memórias de infância, ou seja, teria cinco/seis anos por isso nascendo ele em 1905, por volta de 1910 ou 1911, daí esta estória encaixar no texto de hoje) e ele (como era seu timbre) foi! Fiquei espantado como a povoação era tão pequena 60 anos atrás! O que me disse corresponde ao esquema que segue em baixo (alguns anos mais tarde, nos Anos 80 e 90, conhecendo o número de edifícios recenseados pelo INE - Instituto Nacional de Estatística de Portugal - os números destes "encaixam" no que ele me contou no início dos Anos 70):

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Em 1910, mesmo alguns arruamentos eram muito menores - em termos de edifícios construídos e extensão - do que na atualidade. Principalmente os arruamentos nos extremos da povoação. Por exemplo, a rua de São Pedro seria menos de metade do que é passados 110 anos. Em 1910 era, essencialmente, uma rua de traseiras - quintais das casas do Outeiro, Direita e Cabo - depois do «Pátio» e até à capela, então Ermida de São Pedro. Aliás denominava-se «caminho do São Pedro».

Comparativo 1910 e 1900 (Santo André)
Entre 1900 e 1910 o mais significativo, além do «Hospital da Vila» continuar em funcionamento, numa espécie de Asilo para os mais necessitados - com pouco ou nenhum apoio familiar - é o «Santo André» a assumir uma dimensão demográfica cada vez maior, pois em 1900 não se registaram nem nascimentos, nem óbitos. À volta da Ermida de Santo André expande-se na primeira década do século XX um núcleo urbano constituído por jovens casais cujo homem era jornaleiro e que não tinham "posses" para conseguir, na «Vila» um terreno para edificar uma casa ou alugar uma. Isto porque o crescimento populacional de Montalvão vai colocar pressão nos terrenos ainda vagos na periferia da povoação. Os casamentos - em 1910 houve treze - obrigavam a construir edifícios mas os custos eram elevados. A solução para alguns, cujos pais tinham casas na rua do Outeiro, Direita e do Cabo foi nos quintais destas edificarem pequenas casas estreitas por isso geralmente com dois pisos. Também havia quem conseguisse comprar terrenos agrícolas junto dos limites da povoação construindo casas para os filhos. 
 

Mas os que não tinham nem quintais dos pais nem apoio destes para comprar, nem edificar? Foi ocuparem um espaço com preços mais acessíveis, construindo pequenos edifícios "à sombra da Ermida do Santo André" que passou de Ermida (ermo) a Capela servindo uma população cada vez mais vasta. Edifícios pouco elaborados, rudimentares em terrenos baratos, alguns de baldio. As crianças que nascem nas duas primeiras décadas do século XX no «Santo» tinham pais que nasceram, ainda no século XIX, na «Vila». O que ilustra que o Santo André começou a crescer sustentadamente, a nível demográfico, no início do século XX com casais jovens que nascendo na «Vila» vão casar e habitar no «Santo». Também recebem, depois, alguns habitantes que abandonam o Monto do Pombo (ainda casas mais baratas) e constroem algumas no Monte do Santo André. Este vai atingir o pico do seu crescimento nos Anos 40 iniciando depois uma desertificação acelerada com deslocação dos seus habitantes para fora da freguesia ou para edifícios que se vão libertando na «Vila» por deixar de haver pressão sobre a habitação visto haver também abandono de algumas casas por famílias que saem de Montalvão para a emigração, para a Área Metropolitana de Lisboa ou outras regiões mais no litoral de Portugal. Para mais informações e localização, bem como "serventias" do e para o Monte do Santo André (clicar).      

    DEMOGRAFIA 1900


Comparativo 1910 e 1900 (dinâmica demográfica)
A população aumentou cerca de, ou em média, 21 pessoas por ano. De 1900 a 1911, a população cresceu 227 pessoas, passando de 1 819 para 2 046 habitantes. Em 1900, aumentou 17 habitantes (nasceram 49 pessoas e faleceram 32). Em 1910, aumentou 39 habitantes, ou seja, "quase o dobro" (nasceram 69 crianças e faleceram 30) com sete a nascerem e falecerem no mesmo ano de 1910, com oito dias, 15 dias, 20 dias, dois meses, três meses, quatro meses e cinco meses de idade. Ainda duas com um ano de vida. A mortalidade infantil era elevadíssima.   


Analisando os nascimentos e óbitos desde o século XVI é possível perceber como foram evoluindo os arruamentos montalvanenses. Há muito «pano para mangas». Agora, na próxima "paragem" tanto faz andar para trás (1890) como para a frente (1920).

Assim se foi fazendo Montalvão


2 comentários blogger
  1. Preciso mesmo de saber quando é que a Rua das Almas passou a ser a Rua das Almas!!!
    Já visitei por duas vezes Montalvão, estive à porta do nr. 4 da Rua das Almas, mas quando é que as Almas realmente nasceram?

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    1. Caríssimo. Difícil. Talvez ainda durante o século XIX só que não tendo habitações - apenas os dois lagares de Azeite de Montalvão (depois transferidos para a Corredoura) não há registos de nascimentos e óbitos. Só com a construção de casas de habitação - início dos Anos 30 - começam a existir referênciasescritas à rua das Almas.

      Saudações Gloriosas

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