COMO É EVIDENTE NÃO ERA DIFERENTE DE TODOS OS OUTROS DA ESPÉCIE HUMANA QUE NEM TEM RAÇAS. APENAS ETNIAS. POR FORA TODOS DIFERENTES, POR DENTRO TODOS SEMELHANTES.
A diferença em Montalvão estava no modo como se designavam as partes do corpo humano. Como quase tudo tinha nome «montalvanês» aqui ficam uma dúzia de nomes. Um dias destes haverá mais e depois mais e mais que o léxico do «montalvanês» é inesgotável.
Primeiro o nome dito (pronunciado em Montalvão) e depois «à grave» ou seja, para lá dos «Arrabaldes da Vila»!
Artoulhe - Tornozelo. «O artoulhe derête dá-me cá umas fezes (incómodo)».
Barba - Queixo. «Que dor tenho aqui na barba abaixo dos bêços».
Bêços - Lábios. «Tenho os bêços inchédus».
Cabôiça - Cabeça. «Conhe! Ande com a cabôiça azuada (tonta)».
Douides - Dedos. «Êlhé! Tenho friêras nos douides».
Gâdoulhas - Pontas do cabelo. «Éh Ti Tchique!? Corte-me aqui as gâdoulhas».
Juôlhe - Joelho. «Já esfulhê o juôlhe».
Mã - Mão. «Nã tens púcare? Podes bubôi ca'mã».
Nalgas - Nádegas. «Levas uma nalgada prá'prendoures».
Ouroulhas - Orelhas. «Magana! Já furéste a ouroulha!».
Quetouvôile - Cotovelo. «Dói-me o quetouvôile».
Pastana - Pestana. «Já m'antrou uma pastana pró ôlhe».
Era assim que se entendiam e entenderam séculos entre almóadas, leoneses e portugueses. Ali naquele enclave, em forma de coração, na raia com Espanha. Até chapada era galheta! Quase a deixar de ser Alentejo sem ainda ser Beira. Era deste modo que quem aprendesse a falar «à grave» depressa percebia onde todos queriam chegar. E chegava-se...contentes e bem dispostos. Simplesmente Montalvão. Sempre Eterno.
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