Quinta-feira anterior ao «Domingo Magro», reservando o importante «Dia das Comadres» para a uma semana depois já muito próximo do Carnaval, antecedendo o «Domingo Gordo».
Fotografia de José Pedro Martins Barata |
Compadres e comadres eram uma espécie de parentes por afinidade das ocorrências da vida. Pessoas que não começando na família passavam a fazer parte desta por afinidade devido aos Batizados e Casamentos. Tornavam-se próximos da família - por serem padrinhos e madrinhas de batizado e/ou casamento - ligando por via dos filhos umas famílias a outras.
Fotografia de José Pedro Martins Barata |
Numa povoação como Montalvão se todos já são primos de todos, ainda que em grau de parentesco diferenciado, então compadres e comadres eram quase todos uns dos outros. Comemorar o Dia dos Compadres era para os montalvanenses comemorar uma espécie do "Dia do Homem». Uma semana depois assinalava-se o «Dia da Mulher».
Fotografia de José Pedro Martins Barata |
Como estes dias já estavam muito próximos do Carnaval - as datas não foram escolhidas ao acaso - as atividades anunciavam já o «Entrudo».
Aliás, em Montalvão, a época do ano com mais «partidas de Carnaval» era a que ia de «Dia de Reis» até «Terça-feira Gorda» entrando depois o tempo de recolhimento e tristeza profunda da Quaresma onde, até, se evitavam batizados, casamentos, mesmo canções alegres. Só os funerais "vinham mesmo a calhar». Antes da Quaresma aproveitava-se bem o tempo que antecedia o Entrudo para fazer o que depois não podia (nem devia...) ser feito!
Em dia de trabalho a uma quinta-feira - sendo no Inverno as probabilidades de haver frio, chuva, vento e desconforto eram maiores - havia as atividades do trabalho rotineiro ao longo do dia, culminando com o jantar ao «Pôr-do-Sol».
Os compadres reuniam-se numa casa previamente escolhida jantando e convivendo em grupos de uma cinco ou seis até hora decente que na sexta-feira seguinte era dia de trabalho.
Em tempos muito antigos consta que as raparigas montalvanenses, no remanso do lar, atrás dos postigos das portas e janelas, quando passava um homem, à porta e janelas, fazia tocar o chocalho. Uma chocalhada vinha sempre a propósito, como que chamando a quem passava um animal ruminante ou similar.
Antes quando passavam pelas ruas, enquanto o Sol ainda iluminava Montalvão, não se livravam de algum dichotes, geralmente ditos pelas «catchópas da Vila»:
- Os compadres vêm, vêm
Lá em baixo ao Fontanhão
Roendo uma pata de burro
Julgando que é lacão
- Os compadres dormem, dormem
Dormem lá no casarão
Por baixo deitam tojos,
Por cima peles de cão
- Os compadres vêm, vêm
Vêm lá ao Santo André
Bebendo mijo de burro
Julgando que é café
- Os compadres dormem, dormem
Dormem lá no palheiro
Num dos lados andam ratos,
Do outro há um formigueiro
- Os compadres vêm, vêm
Vêm lá à Cadeirinha
Comendo rabo de porco
Julgando que é sardinha
Em 2025, será a 20 de fevereiro
Em Alpalhão que tem mais ligações a Montalvão do que a ideia que há na atualidade, a tradição carnavalesca mantém-se:
0 comentários blogger
Enviar um comentário