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13 março 2021

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Os Almocreves

13 março 2021 2 Comentários

UMA ATIVIDADE IMPORTANTE DURANTE SÉCULOS QUE TERMINOU NO INÍCIO DO SÉCULO XX.



Terminou, ou foi acabando, com a construção das estradas, em macadame - depois alcatrão - entre Nisa e Montalvão e entre Castelo de Vide e Montalvão, por Póvoa e Meadas.

Na evocação que este blogue tem feito acerca das Atividades, Artesãos, Ofícios e Profissões, publicadas neste blogue (clicar) os Almocreves não constam pois as descrições foram feitas tendo como "janela de tempo", os Anos 40 e 50. Nestas décadas, eles já não existiam ou estavam substituídos por camionetas.



Um dos últimos Almocreves de Montalvão, António Lopes Guerra. Nascido em 31 de agosto de 1871, na rua do Cabo, casou como jornaleiro, em 1895, mas aquando do nascimento do seu segundo filho, em 1899 - primeira filha («Catrina») tinha ele 28 anos - era almocreve, habitando na rua da Barca. Irmão mais velho, quase doze anos, de Braz António (que foi padrinho da sobrinha), igualmente almocreve. Com a diminuição da atividade, António Lopes Guerra, tornou-se Comerciante - em 1905 já era comerciante - vendendo os bens que a família produzia bem longe de Montalvão. Mas foi almocreve mais de uma década.

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)


Os "Almocreves" eram importantes para transportar mercadorias entre localidades não muito distantes. Por vezes, também, pessoas. Os Almocreves montalvanenses vendiam produtos, de Lavradores e Proprietários, mesmo de alguns artesãos de Montalvão em localidades vizinhas. Chegavam a Castelo de Vide, Nisa, Arez, Amieira, Tolosa, Alpalhão e Marvão, por exemplo. A rede de comunicações entre o povoado montalvanense e o exterior era densa. Por exemplo, até à construção da estrada (macadame e alcatroamento) entre Nisa e Montalvão, havia um caminho e azinhaga (que é para os montalvanenses, um caminho entre "paredes" - muros) com passagem pela Fonte dos Cantos («Fonte d'Escanches») com caminho para a "Casa dos Cantoneiros" - quase no limite da freguesia de Montalvão com a do Espírito Santo (Nisa) - direto para Alpalhão, sem ter necessidade de ir a Nisa (que pelo caminho "antigo", mais curto, ficava a 13 quilómetros). Entre Montalvão e Alpalhão, quatro horas e meia para fazer três léguas (cerca de 20 quilómetros).


A descrição, no início do século XIX (1803) da rede de ligações, em distância-métrica e distância-tempo, entre Montalvão e povoações vizinhas, pelo oficial português, José Maria das Neves Costa. Até meados do século XIX, uma légua terrestre, tinha cerca de 6 600 metros. Depois (em 2 de maio de 1855) fixou-se nos cinco quilómetros, denominando-se "légua itinerária"



Com a construção e melhoramento do piso das duas estradas a sul de Montalvão, os almocreves montalvaneses deixaram de ter trabalho, substituídos por veículos de tração mecânica. As camionetas. A do «Ti Temás» (um dos pioneiros da instalação de um "Café" em Montalvão a par do «Tonhinhe dos Corrêos», já dentro dos Anos 60)  e do «Ti Júan'Enriques» (esposa de «Tchá Hermína» com loja e salsicharia, na rua Direita). Para "perceber" os nomes próprios (clicar).




Os almocreves que tinham muares para puxarem os carros de parelha deixaram de ser necessários, pois os veículos a combustível tinham mais capacidade e eram muito mais rápidos. Foi a extinção de uma atividade centenária.



Depois ainda havia quem continuasse a ter carros puxados por parelhas de muares mas era para fazer "fretes" no território da freguesia montalvanense, por vezes chegar até Póvoa e Meadas, Mato da Póvoa e Pé da Serra. 



Além dos almocreves residentes em Montalvão, o povoado era visitado por almocreves de outras localidades e por bufarinheiros (vendedores ambulantes) que percorriam, quais nómadas, grandes áreas de Portugal.


Dos almocreves montalvanenses resta a memória e recordar tão importante atividade para a economia de Montalvão.


Almocreves: uma atividade que, mesmo extinta há mais de um século, nunca será (nem poderá ser...) esquecida!

2 comentários blogger
  1. Para este Caratana qualquer assunto, mesmo que seja uma tesoura, uma almotolia ou a safra do grão de bico é logo motivo para factos históricos, seguidas de longas e acertadas palestras.
    Parabéns e continue...gosto de História, venha ela de onde vier!!!

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    1. É bem-vindo. Há muito caminho para caminhar... Ainda nem cinco por cento está escrito! Montalvão tem uma História vasta e uma cultura riquíssima. Pena foi terem deixado destruir o pouco património que havia. Irrecuperável.

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