Com a «Irmandade das Almas» a fazer dois peditórios na véspera e Dia dos Reis - e só nestes dois dias em todo o ano - para poder manter a luz a alumiar as "Alminhas", ou, o «Nicho das Almas».
Sair à rua por uma boa causa
Os "irmãos" no dia 5 depois do trabalho (e no dia seguinte a 6) calcorreavam o empedrado das ruas, batendo à porta de cada um dos moradores, cantando em salmodia lenta:
Dai esmola aos Santos Reis
Que chegam hoje à vossa porta,
Qual será o cristão
Que não lhes dará esmola,
Lhes não dará esmola,
Que não dará esmola!
Dai esmola aos Santos Reis
Que chegam hoje à vossa porta,
Qual será o cristão
Que não lhes dará esmola,
Lhes não dará esmola,
Que não dará esmola!
Almas Santas do Purgatório
No "nicho" logo no início da rua das Almas, ardia dia e noite uma lâmpada acesa com azeite à custa dos devotos e recolhas em 5 e 6 de Janeiro de cada ano. Não havia quem passasse à frente da "capelinha" que não rezasse por si e pelos seus ente queridos falecidos. Também às «Almas Santas» recorriam quando em caso de necessidade, no momento ou precavendo o futuro, queriam ser bem sucedidos.
Nem as matanças escapavam
Era vulgar fazer o pedido para aquilo que mais dependia a sobrevivência terrena de um montalvanense, além da água potável. O porco na furda. Todos os que podiam engordavam o seu porquinho para posterior transformação em enchidos e futuro governo da casa. Diante das "Alminhas" prometia-se que "se o porquinho crescesse sem moléstias e engordasse com a vienda a preceito" entregar no Dia de Reis à "Irmandade das Almas" um chouriço do comprimento do porco, medido do focinho ao rabo, o chamado «chouriço das Almas».
Esmolas em bens depois passadas a dinheiro para azeite e pavio
As esmolas eram generosas, pois além de dinheiro (que escasseava em demasia) eram em géneros: pão de trigo ou centeio, cereais, ovos, carne de fumeiro, toucinho, batatas, etecetra, e com o produto da venda em leilão pelas "Festas" eram mandadas rezar missas pelas almas e poder manter alumiada todo o ano as "Alminhas".
A tentação da carne e do pão
Com o decorrer dos anos, os Irmãos forem cedendo aos pecados terrenos e aligeirando a Fé. Em vez de transformarem as oferendas em azeite, pavio e missa pelas almas, começaram a aplicá-las em comezanas e bebedeiras, trocando o reparo das almas de todos pelo vicio das suas almas.
E foi-se...
As poucas atividades de festa e romaria popular em Montalvão coincidiam - aproveitando-as - com as celebrações religiosas.
Agora a próxima paragem montalvanense é no Dia do Entrudo (13 de fevereiro). Talvez antes no Dia dos Compadres (1 de fevereiro) e no das Comadres (8 de fevereiro).
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