-->

Páginas

11 fevereiro 2024

Textual description of firstImageUrl

Mascarradas

11 fevereiro 2024 0 Comentários
OUTRA GALHOFA CARNAVALESCA EMBORA MENOS INOCENTE E PACATA.



Os rapazes «Catchôpos», em montalvanês) agiam mais individualmente que as raparigas («Catchópas», em montalvanês) pois a brincadeira era tão mais conseguida quando mais secreta e de surpresa conseguisse ser.

Os rapazes muniam-se com o "mascarro" (negro da cortiça queimada) ou pó de carvão/picão que raspavam nas mãos e tentavam surpreender outros rapazes passando-lhes as mãos negras pelas faces da cara, ou seja, mascarrando-os. Também podiam tentar surpreender as raparigas. E estas fazerem o mesmo aos rapazes. Havia aqui um misto de brincadeira e malandrice. Muitas vezes já um prenúncio de namoro, mas nem sempre.

Com força física diferenciada os rapazes dificilmente (só muito distraídos) se deixavam apanhar pelas raparigas. Mas muitas vezes em vez de se escaparem e fugirem acabavam por aceitar a brincadeira como se fosse um presente da rapariga em vez de um dichote. E até uma oportunidade para devolver o "carinho" à rapariga num futuro (muito) próximo. Um bom pretexto.

Os rapazes ao tentarem mascarrar outros, tal ato envolvia por vezes gritos, correrias, quase uma luta corpo-a-corpo entre o tentar ter êxito e o tentar evitar o sucesso alheio. Entre risos (dos mais galhofeiros) e ditos e repúdio (dos mais sisudos) havia de tudo um pouco. E aquele que tivesse êxito tinha maiores probabilidades de estar exposto a que lhe fizessem o mesmo até final do Entrudo. Dificilmente não seria surpreendido. Mascarra com mascarra se pagava. 

As raparigas e os adultos geralmente substituíam a "mascarra" por farinha. O objetivo era o mesmo embora o efeito fosse o oposto. Em vez de cara negra mascarrada passava a cara branca enfarinhéda.

E assim se ia passando o tempo, no tempo em que não havia energia elétrica, nem água canalizada, nem saneamento, muito menos rádio e televisão. Então... internet, nem em sonhos...

Mas havia muita população, principalmente catchôpos e catchópas, em casa e nas ruas. Muito tempo para brincar e muitas pessoas para o fazer. Uns mais galhofeiros outros mais sisudos, uns a preferirem andar o máximo tempo que podiam na rua, outros a resguardarem-se (o mais tempo que podiam) em casa. E se o Carnaval são quatro dias, em Montalvão havia tanta pressa que por vezes no final de Janeiro já havia quem estivesse disposto a antecipá-lo!  

Em breve, talvez na próxima terça-feira, as brincadeiras "mais sérias": As Caquêrédas (se tivessem sobrado pedaços de cântaros de barro da noite de Passagem do Ano) e Trinquetânédas (dentro de casa alheia) e as Entrudédas (de rua com figuras típicas da aldeia).

É que o Entrudo continua, em Montalvão, pelo menos neste blogue...
0 comentários blogger

Enviar um comentário