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01 janeiro 2024

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Boas Festas

01 janeiro 2024 0 Comentários
COM BOCHECHADAS DE ÁGUA E PUNHADOS DE FARINHA.



Ao final da tarde de 31 de dezembro começavam os preparativos para uma atividade, meio ritual, meio saudação que era breve. Demorava mais tempo a preparar que a efetuar. 

O Ano Novo Civil começava com a prática das «Boas Festas» e votos para um «Novo Ano Muito Próspero». Um ritual que parecia ser uma recriação profana do rito do pão e da água no preceito religioso cristão de amar o próximo como a nós mesmos, que foi degenerando em brincadeira por se prestar a ser aproveitado como divertimento fácil e rapidamente ultrapassado por quem era visado. Geralmente mulheres pois era praticado por raparigas moças, que se agrupavam a três ou quatro, entre as quais uma levava uma pequena bilha com água de beber e outra uma tigela com farinha de trigo.  




Começar pela «Porta da Igreja»
Dada a meia-noite no relógio da torre da Igreja Matriz, na noite de passagem de ano, de 31 de Dezembro para o primeiro dia do novo ano, o grupo dirigia-se à Igreja Matriz, onde, frente à porta principal que estava encerrada àquela hora, a rapariga que levava a água tomava um bochecho e borrifava a porta a fim de ficar molhada e de seguida a companheira que levava a farinha tirava da tigela uma pequena porção que lançava sobre o molhado da porta, onde ficava agarrada. Em simultâneo pronunciavam todas as três ou quatro, em uníssono, o voto: «Bons Anos nos dê Deus».  




Continuar pela aldeia fora
Cumprida a cerimónia na porta principal do templo, o grupo ia de casa em casa, de porta em porta, repetindo o ato da projeção da água e da farinha nas respetivas portas com o acompanhamento do voto de «Novo Ano Próspero». Geralmente as donas de casa aguardavam a chegada do grupo de raparigas e sem abrir a porta, respondiam do lado de dentro: «Que Deus no-lo dê a todos nós». E as raparigas, mesmo brincando e alegres, lá iam até à porta seguinte onde retomavam a respeitosa compostura exigida na pronúncia do voto. E assim, por vezes mais do que um grupo de raparigas, mas vários, percorriam todas as ruas da povoação não ficando porta por marcar e casas sem votos a dar e receber.




A tradição acabou em divertimento até acabar de vez
Nos anos 40 e 50, o que movia as adolescentes era já mais o divertimento que a devoção. Um pretexto para se reunirem e brincarem até horas da madrugada pouco habituais. E visavam mais as casas e portas das mulheres que mais se irritavam com tal prática. As «mais senhoras do seu nariz» muitas vezes acabavam por ser as únicas visadas na brincadeira. 

As poucas atividades de festa e romaria popular em Montalvão coincidiam - aproveitando-as - com as celebrações religiosas.





Agora a próxima paragem montalvanense é no Dia de Reis (6 de Janeiro)






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