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28 outubro 2019

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Os Sapateiros

28 outubro 2019 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE SAPATEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No século XX (Anos 30 a 60), houve o Ti Alexandre na rua Direita, o Ti António Tomás ao virar da Praça para a rua de São Pedro, o Ti Zé Maria na rua do Outeiro, o Ti Mané Marques na rua da Costa e ainda o Ti Xico da rua de São Pedro. 

Como em todas as atividades e ofícios há sempre uns com mais jeito outros com menos. Uns mais dedicados outros menos. Uns que têm mais vontade de aprimorar os conhecimentos e outros com menos. Uns mais conceituados e outros menos. No ofício dos sapateiros até se fazia a distinção entre os "Remendões", os "Meias-solas" e os "Artistas". Em Montalvão também deve ter sido assim entre dezenas de sapateiros que existiram desde o início do povoado. Mas se foi não é isso que me chegou. Ouvi elogios a todos eles. Uns por uns motivos e outros por outras situações. O que não deixa de ser um orgulho para um montalvanense saber que o montalvismo supera rivalidades e questiúnculas próprias de uma convivência intensa num dia-a-dia difícil e exigente onde a pobreza espreitava a cada pedaço de pão.

(clicar em cima da imagem para melhor visualização)



Como é evidente - por motivos mais familiares que outros, pois infelizmente já não conheci nenhum sapateiro montalvanense em plena atividade a exercer o Ofício na sua Oficina - vou escrever acerca do Ti Zé Maria.

Era um artista de grande qualidade. Num tempo em que os montalvanenses primavam por andar descalços - enquanto os pés não estabilizassem o crescimento - ou utilizar calçado usado por irmãos mais velhos, o que dominava no empedrado dos ponedros das ruas ou poeira dos caminhos e azinhagas eram as alpargatas espanholas contrabandeadas ou compradas na loja do señor Fabião. 



Mas as cachópas (raparigas em montalvanês) quando queriam uns sapatos que transformassem, para algumas, os pés de Gata Borralheira em pezinhos de Cinderela iam bater à porta do Ti Zé Maria. Ele com toda a boa vontade do Mundo olhava para aqueles delicados pés e fazia magia. De pedaços de couro e sola surgiam brilhantes sapatos delicados que enterneciam as cachópas e faziam sonhar os cachôpos. 



Eis o exemplo de um artesão que calçou (e bem) algumas gerações e centenas de montalvanenses.

Próxima "paragem": Os Moleiros
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