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10 fevereiro 2024

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Fúm... fafáfúm

10 fevereiro 2024 0 Comentários
ERA UMA BRINCADEIRA DE CARNAVAL TALVEZ A MAIS INOCENTE DAS VÁRIAS PRATICADAS PELO ENTRUDO.



Os cântaros de barro para "ir à água" que durante o ano iam ficando inutilizados por terem frechas ou apresentarem danos que colocavam em risco a saúde por não acondicionarem e preservarem a água eram colocadas de lado e guardados para serem usados no Entrudo.

Por serem geralmente as mulheres, com destaque para as raparigas («catchópas», em montalvanês) as que tinham a função e obrigação de correrem os poços, chafarizes e fontes durante o ano, esta era uma brincadeira que lhes estava reservada.



Era uma das que tinha guardado um cântaro danificado que dava início ao «fumfafáfúm». Reunia um grupo de amigas e dispostas em triângulo, quadrado ou círculo conforme o número de participantes, cada uma a distância razoável de alguns metros, que dependiam da idade, altura e físico de cada uma, iam atirando o cântaro para o ar na direção da que estava mais próxima. Ao grito de fum... fafáfúm que servia de aviso lançavam o cântaro para a direita ou esquerda com aquela que estava ao seu lado a apanhá-lo. Depois a que apanhava o cântaro repetia o mesmo fum... (levantar e dar balanço ao cântaro)... fafáfúm (lançá-lo) para a amiga que estava mais próxima. E assim prosseguia a brincadeira até acabar por uma delas não conseguir apanhar o cântaro e este desfazer-se em cacos. À medida que a brincadeira ia decorrendo claro que a concentração inicial ia esmorecendo pois o esforço que algumas tinham que fazer para evitar a queda do cântaro, provocava a risota geral abrandando a pré-disposição para conseguir controlar a recepção do cântaro visto que os lançamentos sucessivos também iam sendo cada vez mais trapalhões. 



Aquela que não conseguisse apanhar o cântaro vendo-o escaqueirar-se aos seus pés era motivo de chacota de todo o grupo com as amigas em risota geral a apanharem os cacos do chão colocando-os sobre a cabeça da causadora do cântaro escaqueirado. Enquanto colocavam cacos e estes voltavam a cair desfazendo-se em pedaços cada vez mais pequenos uma rapariga ia buscar outro cântaro iniciando-se mais um... «fúm...fafáfúm». 

Tantos «funsfafásfúms» quantos os cântaros que durante o ano foram sendo inutilizados para o dia-a-dia e guardados para esta brincadeira de Carnaval. Com o sistema de água canalizada, implementada em Montalvão, depois de 1963, os cântaros de "ir à fonte" começaram a rarear mantendo-se nas cozinhas um que era "abastecido" pela água da torneira ou recebia água quando se ia a determinado lugar com alguma nascente da qual se gostava, em particular. Mas geralmente vinha de carro (machos ou mulas), carroça (burros ou burras) ou no dorso de um destes animais.



Os rapazes catchôpos», em montalvanês) também tinham a sua brincadeira predileta. Mas essa fica para amanhã. Aqui no sítio do costume com mais "Costumes montalvanenses"!
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