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12 agosto 2019

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O Último Soldado

12 agosto 2019 1 Comentários

Há precisamente cem anos chegou a Portugal o último dos montalvanenses (de freguesia pois nasceu na Salavessa) que combateu na Grande Guerra: Símplicio Valente.



NOTA: Este texto é uma homenagem a todos os que foram obrigados a participar em guerras inúteis. Todas as guerras são inúteis e ridículas. É que quem as inventa, cria, implementa, desenvolve e planeia, não participa nelas. Manda os inocentes participar e morrer. Assim é fácil ser herói à custa do sacrifício de quem nada pode fazer para nelas não participar. É obrigado a fazê-las, a «ir à guerra». Participa para matar evitando ser morto. Não participando é mandado prender pelos que as fazem e executado por deserção.



Em cima, a imagem "limpa" e garbosa que nos impingem da guerra. Em baixo, as imagens reais que nos oferecem e as que escondem. Morte de inocentes que nunca são heróis. São obrigados a ser cobardes que matam seres iguais para não serem mortos. Até podem ter sido grandes amigos antes de se iniciarem os conflitos e serem mobilizados, que os «mandantes de guerras» conseguem à força separar em campos antagónicos.


Entre a "pose para a fotografia" numa trincheira em França e a morte poucos minutos depois era uma questão de sorte e azar. Estar no sítio certo à hora certa ou estar no sítio errado à hora errada!




A participação na Grande Guerra contada por quem a estudou (Luís Almeida Martins) num texto publicado na revista «Visão História» n.º 53, em junho de 2019, nas páginas 86 e 87)
«Se a transformação de Portugal em país beligerante não implicava forçosamente que soldados nossos fossem combater para uma das frentes principais da guerra (coisa que, como já vimos, os próprios britânicos não desejavam) a verdade é que os magalas de farda cinzenta (na gíria, «caixões de chumbo») seguiriam mesmo para a frente ocidental. Como é habitual em situações de guerra, o governo do Partido Democrático seria logo sucedido por um de «União Sagrada» liderado pelo «evolucionista» António José de Almeida. Começaram assim a ser mobilizados jovens camponeses de norte a sul do País. A maioria eram analfabetos, nunca tinham saído da sua aldeia e desconheciam os motivos porque iriam combater. À transformação destes homens em soldados prováveis chamou-se «Milagre de Tancos». O Corpo Expedicionário Português (CEP) assim constituído chegaria a englobar 55 mil homens. Mas terá mesmo havido o tal «milagre»?
Quando, em janeiro de 1917, os primeiros «folgadinhos» (gíria irónica para os magalas) desembarcaram em França, rapidamente chegaram à conclusão de que qualquer semelhança entre a «guerra de Tancos» e a verdadeira não passava de coincidência. E os ingleses descobriram, com espanto, que os seus aliados meridionais nunca tinham visto uma metralhadora Lewis, a arma que mais iriam usar nas trincheiras. Foi por isso necessário dar-lhes outra vez instrução.
No fatídico dia 9 de abril de 1918, o mito do «Milagre de Tancos» ruiu definitivamente, quando o CEP foi destroçado durante a ofensiva que os alemães batizaram de Operação Georgette e a que os portugueses chamaram Batalha de La Lys.» O CEP mobilizou 55 083 homens para a Flandres sendo o número e baixas de 7 384 entre mortos (2 160) e feridos (5224) além de 6 678 prisioneiros, alguns deles morreriam. Outros morreriam em Portugal como resultados de feridas e sequelas. Só em «La Lys» foram mortos, feridos e feitos prisioneiros, 6 983 militares. Uma razia.


«Os restos esfarrapados do CEP - ou seja os lãnzudos (gíria para soldados) que tinham tido a «sorte» de não serem capturados pelos «boches» (gíria para soldados alemães) - tentaram sorrir ao infortúnio com boa cara, mas era difícil. Integrados em unidades britânicas, arrastaram-se pelas trincheiras e pelas estradas enlameadas durante sete meses, até ao fim do conflito, de «muchingona» (machine gun) em punho, convivendo monossolabicamente com os «bifes» (de BEF, British Expeditionary Force), abrindo latas de um novo «fiel amigo» chamado corned beef, treinando expressões curiosas como all right, apurando a técnica do «cavanço» (enfiar-se pelo chão era muitas vezes uma maneira de fugir ao problema no meio dos bombardeamentos, e a palavra pegou), aturando «fretes» (tiros de artilharia» aos alemães e sonhando com a «retangueira», ou seja, a retaguarda. Quando eram forçados pelos ingleses a saltar da «Travesssa do Matadouro» (a trincheira) e a fazer raides na terra de ninguém (entre duas trincheiras inimigas) iam à «Avenida Afonso Costa» (Chefe de Governo). De regresso a Portugal, vulgarizariam as expressões «camones» (de come on) e «bifes» (de BEF, como vimos) para designar os ingleses.»



Comentando o texto anterior percebe-se que para fazer uma guerra de trincheiras os políticos portugueses fazendo entrar à pressa soldados recorreram ao interior do País Rural, a quem sabia manejar enxadas, pás e picaretas. Movimentar terras e suster taludes. Olhem os alfacinhas ou tripeiros e outros citadinos a fazê-lo. Em vez de morrerem gaseados ou baleados sufocavam soterrados nas valas que faziam em vez de serem protegidos pelas trincheiras. Lisboetas e portuenses a cavarem? Cavavam era da guerra para fora! Não foi por acaso que o CEP - Corpo Expedicionário Português também ficou conhecido por "Carneiros Exportados de Portugal".

As condições de transporte dos magalas portugueses foi deplorável. Por pouco não ocorreram tragédias e os soldados chegavam tão "moídos" depois de uma viagem de três dias (em vez das três horas para que os barcos estavam preparados) que tinham de ficar a recuperar em aldeias francesas antes de entrarem na guerra


















MONTALVÃO/SALAVESSA

A lista é extensa mas está disponível.


Símplicio Valente nasceu em 6 de fevereiro de 1893, pelas três horas da manhã, na Salavessa, partindo para França, com 24 anos, em 24 de Março de 1917. Depois de ferido em 3 de novembro de 1917 foi internado, seguindo-se outros períodos de internamento chegando a Portugal, nove meses depois do armistício (11 de novembro de 1918). Chegou a Lisboa, em 12 de agosto de 1919, há precisamente um século. 




Entre todos - pelo que se sabe - tombou em França apenas um dos montalvanenses (de freguesia pois nasceu na Salavessa) que combateram na Grande Guerra, Joaquim Carrilho nascido em 24 de março de 1895, pelas três horas da manhã. Partiu para França em 20 de janeiro de 1917, com 21 anos e foi morto em 8 de março de 1918, a 16 dias de completar 22 anos. Uma tragédia para a Salavessa e toda a freguesia de Montalvão. Mas principalmente para o seu pai (Manuel Louro Pires) e mãe (Maria de Mattos).



Foi sepultado no cemitério local de "La Touret". 



E depois do conflito terminar, trasladado para o «Cemitério Português», em Richebourg (França) onde estão centenas de soldados - as placas têm nome mas em 1917 e 1918 era, para muitos, impossível saber a quem correspondiam os cadáveres - que nunca regressarão à Pátria pela qual nem combateram pois o território português, desde as Invasões Francesas, no início do século XIX, nunca foi atacado por quem (País) quer que seja.



Entre muitos artistas que publicaram obras, em todas as Artes, contra o que é a guerra, qualquer guerra, avulta esta magnífica pintura "A Face da Guerra", de Salvador Dali.


A homenagem deste blogue a todos os que morreram - de todos os países, etnias e desde sempre, desde a pré-história - em todos as guerras, pois todas elas foram, são e serão estúpidas e idiotas.




NOTA FINAL (ACERCA DE EQUÍVOCOS):
Ao ler o pequeno (96 páginas) mas excelente livro acerca dos combatentes da freguesia de Montalvão na Grande Guerra há uma afirmação intrigante mas que tanto pode ser verdadeira como estar equivocada.



A afirmação está escrita entre as páginas 21 e 22 que se publicam:



É "estranho" que Martins Barata, em 1969, não soubesse que tinha morrido um soldado nascido na Salavessa quando no início dos Anos 70 lembro-me dos "veteranos da aldeia" que se sentavam no escalão da Igreja de Misericórdia dizerem precisamente isso. De todos houve um da Salavessa que nunca regressou, ficando com sepultura em França. Se sabiam isso em 1972 ou 1973 como não se sabia em 1969?

Martins Barata escreveu, de facto, isso, como se comprova (se tal fosse necessário) pois o livro atrás citado seria suficiente.



A dúvida é a que realidade estaria ele a referir-se. Aos soldados da freguesia ou apenas aos de Montalvão? Mais se adensa quando no livro que serve de base para fazer o texto de hoje há inexactidão quanto ao nascimento de alguns dos soldados como se prova. Quer o infortunado Joaquim Carrilho, que o último a chegar, e que neste texto se assinala o centenário dessa efeméride, não são naturais de Montalvão mas da Salavessa como comprovam os assentos de da paróquia (batizados em Montalvão mas com os pais a residirem na Salavessa):







Quando no citado livro há fichas de soldados corretas:


Manoel Matias nasceu de facto na Salavessa (tal como Joaquim Carrilho e Simplício Valente).





José d'Albuquerque nasceu na rua da Costa (tudo indica), em Montalvão



Se Martins Barata (como acredito) se referia a que nenhum montalvanense morreu na Grande Guerra estava correto. Se era uma referência aos soldados de toda a freguesia (o que não acredito pois até nos Anos 70 se falava que um da Salavessa ficara em França) estava equivocado.
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10 agosto 2019

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Montalvão 1940

10 agosto 2019 0 Comentários
A FREGUESIA DE MONTALVÃO DEVE TER ATINGIDO O MÁXIMO DE POPULAÇÃO POR VOLTA DE 1945 A 1947.



O máximo que pode ter justificação certificada pelo I.N.E. (Instituto Nacional de Estatística) é o obtido no VIII Recenseamento Geral da População, pela meia-noite, em 12 de dezembro de 1940, com 2 672 habitantes residentes na freguesia mas o facto de dez anos depois, em 1950, ter apenas diminuído 23 pessoas indica que continuou a crescer bem para lá de 1940. Depois foi sempre a minguar e assim continuará. Será que um dia, lá para 2050, restará um montalvanense onde já viveram quase três mil? Com pouco mais de um século de intervalo? 



A análise ao quadro com os resultados dos Recenseamentos e a previsão para 2021 feita por um demógrafo possibilita interpretações várias que num dia destes, num Futuro próximo, será feita. Até porque é possível recuar até ao século XVIII (1758) sabendo até onde estava dispersa a população por cinco "Montes" (Salavessa, do Pombo, do Amaro Fernandes, do Pégo do Bispo e do Rollo)  além da sede de concelho na vila de Montalvão. Curiosamente em 1940 aparece já o «Santo André» e é muito reduzida a população dispersa, mesmo assim quase toda no «Monte do Pombo» prestes a ficar desabitado.


No Recenseamento de 1940 houve 62 habitantes que pela meia-noite de 12 de dezembro não estavam na freguesia daí o registo de 2 610 presentes em 2 672 residentes; NOTAS: Fogos = edifícios para habitação; V - Varões/Homens; F - Fêmeas/Mulheres; VF - Totais
Para o que der e vier. Qualquer análise sociológica terá de contar com a demografia bem com o modo como a população ativa estava distribuída. É fundamental para perceber o porquê da localização e importância de determinadas espécies vegetais (Ciclo das Árvores, Arbustos e Cereais, em publicação neste blogue), bem como os registos eleitorais e distribuição dos votos (Ciclos Eleitorais, em publicação neste blogue) após o 25 de abril de 1974. 

Durante centenas de anos (até à abolição, no século XVIII - efetivamente já em XIX - dos morgadios, o que em linguagem simplificadora, queria dizer que o filho varão herdava todos os bens) foi possível manter reduzido, em "meia-dúzia" o número de famílias que detinham praticamente 90 por cento dos terrenos agrícolas da freguesia. Depois começou a aumentar o número de Lavradores («ricos» em montalvanês) se bem que através do cruzamento de descendentes nos casamentos permitisse conservar reduzida a dispersão das propriedades. Uma divisão do território por meia-dúzia de "fiéis escudeiros" que remonta à fundação de Montalvão mantendo-se 600 anos!

A pressão demográfica, em 1940, era gigantesca para terrenos tão pobres, dos mais pobres de Portugal e num território isolado, entre o rio Tejo e o rio Sever. Mesmo em meados do século XX uma dúzia de famílias detinha 80 por cento dos terrenos agrícolas, desfazendo-se de alguns para pagar dívidas permitindo aos artesãos e aos tarefeiros com parelhas adquirirem propriedades rurais, nos sempre apetecíveis cabeços de areia, mesmo longe da povoação, onde o Olival "era mel". 

E se o território da freguesia de Montalvão é enorme! Enormíssimo. É uma das maiores freguesias de Portugal em superfície ocupada. Tendo em conta o ordenamento administrativo antes de 2013, ou seja, antes da criação das uniões de freguesias, Montalvão era a maior freguesia do concelho de Nisa (eram 10, na atualidade são sete), a nona (em 87, na atualidade são 69 freguesias) no distrito de Portalegre e a 101.ª maior (em 4 260, na atualidade são 3 091) em todo o País. Montalvão tem maior superfície que 79 concelhos dos 308 que formam Portugal! A freguesia de Montalvão ocupa uma área de 12 416,9 hectares, ou seja, o equivalente a 13 mil campos de Futebol de Onze. Apesar de um espaço tão gigantesco, é a freguesia rural portuguesa com a maior percentagem (87 por cento) de solos do tipo E - os piores - em termos de aptidão agrícola. 



Montalvão em meados do século XX. Uma dúzia de famílias com posse de 80 por cento do território tendo mais de seis centenas de montalvanenses dependentes diretos (assalariados rurais) - além dos que destes dependiam: mulheres e filhos pequenos - do trabalho que os «ricos» podiam disponibilizar. Infelizmente é um trabalho que está por fazer. Uma «Monografia (Histórica e Geográfica) da Freguesia de Montalvão». Como sabiamente alguém disse um dia (em comparação com Lavradores de localidades vizinhas):

«Em Montalvão até os ricos eram pobres». Sendo assim os pobres que deles dependiam... eram pobríssimos!

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01 agosto 2019

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Padre Manuel Godinho

01 agosto 2019 0 Comentários
É CONSIDERADO O MONTALVANENSE MAIS ILUSTRE DE TODOS OS MONTALVANENSES. E COM TODA A JUSTIÇA!


E desde a fundação de Montalvão há mais de 700 anos já houve, bem, mais de meio milhão. Alguns sobreviveram escassas horas...


Infelizmente a placa toponímica no Largo da Igreja (que até são duas igrejas) não parece estar certa por má interpretação das noticias. «Nasceu pelos anos de 1630» (ou seja, entre 1630 e 1639) mas depois é inequívoco que tinha 78 anos quando faleceu, na vila de Loures, arredores de Lisboa, em 1712. Se tem nascido em 1630 teria 81 ou 82 anos. Mas até há data certa para o nascimento: 5 de dezembro de 1633  

O documento manuscrito fundamental para conhecer a biografia (nascimento, percursos e morte) e a bibliografia (obras publicadas) do Padre Manuel Godinho encontra-se depositado no Fundo Geral da Biblioteca Nacional de Portugal. Nas folhas 88 a 90 do manuscrito n.º 419 escrito no século XVIII.

Antes uma curiosidade 
A caligrafia (em 1690, aos 56 anos) do montalvanense mais ilustre entre todos os naturais de Montalvão. Era (ou foi...) assim que o Padre Manuel Godinho, Doutor em Filosofia e Teologia, escrevia ou escreveu!



Referência impressa ao manuscrito reproduzido em cima e aos extratos que se reproduzem abaixo.



Eis os extratos iniciais (folha 88) e finais (folha 90) do referido manuscrito do século XVIII escrito após o seu falecimento em memória da sua vida e obra notável. 



A vida de Manuel Godinho tem tanto de notável como de incerteza visto ter nascido num tempo em que havia pouca informação, muito menos escrita, e ter-lhe acontecido o que aconteceu a muitos montalvanenses. Nascem em Montalvão mas morrem longe da localidade. Mas em todas as três principais - e referências enciclopédicas - da Literatura portuguesa ele além de citado é elogiado. Justamente. 



Há até quem coloque em questão que tenha nascido em Montalvão. Indicam Lisboa. in DICIONÁRIO BIBLIOGRÁFICO PORTUGUÊS de Inocêncio Francisco da Silva; Tomo V; Página 442 (excerto); Imprensa Nacional; Lisboa;1860





Há quem conteste a data de nascimento em 1630 ou pelos anos 30 de 1600 e indique 5 de Dezembro de 1633. In HISTÓRIA DA LITERATURA PORTUGUESA ILUSTRADA de Albino Forjaz de Sampaio; Volume 3; página 219 (excerto); Livraria Bertrand; Lisboa; 1929 a 1932   




Parece não haver dúvidas é que faleceu, aos 78 anos, em Loures, a 25 de Fevereiro de 1712. In BIBLIOTECA LUSITANA de Diogo Barbosa Machado; Tomo III; página 274 (excerto); Lisboa; 1741 - 1759




O que não escasseiam são referências à sua vasta (e importante) obra literária. Por agora vejamos algumas informações biográficas. Deixemos para 5 de dezembro de 2020, na comemoração dos 387 anos do seu nascimento, as apreciações que vários autores consagrados portugueses tecem acerca da sua vasta obra. São quase uma dezena de estudiosos que justificam, bem e com pormenor, o carácter inovador da escrita e pensamento alicerçado do autor. E para 25 de fevereiro de 2020, a assinalar os 308 anos do seu falecimento, a apreciação que um  montalvanense fará neste blogue da única obra literária que leu e estudou, nos Anos 80, do seu conterrâneo, tendo em consideração as quatro edições (1665, 1842, 1944 e 1974) cada uma com vicissitudes muito particulares. O livro foi publicado, pela primeira vez em 1665: «Relação do Novo Caminho Que Fez por Terra e Mar Vindo da Índia para Portugal no Ano de 1663». Uma recensão crítica da obra mais conhecida e conceituada do montalvanense Padre Manuel Godinho. Um estudo datado do ano letivo 1984/85 numa cadeira de 4.º ano: «Geografia das Regiões Tropicais». Mais que estudar foi um prazer um montalvanense, em Lisboa, conhecer a principal e mais conceituada obra de outro montalvanense, escrita em Lisboa, há...    320 anos, tendo em conta 1664 e 1984! Uma opinião de montalvanense (do século XX/XXI) para montalvanense (do século XVII/XVIII). 




Importância internacional
Manuel Godinho foi dos poucos escritores portugueses nascidos e publicados no século XVII que teve reconhecimento no estrangeiro. E no caso do montalvanense Manuel Godinho logo em França que nesse tempo era a suprema glória para qualquer escritor ter nome em Paris e arredores. Tal é confirmado no «Prefácio» da segunda edição (a de 1842) da sua principal obra, como se anexou no documento acima publicado neste blogue.

BIOGRAFIA DO ESCRITOR MONTALVANENSE MANUEL GODINHO (PADRE)

Apenas 20 efemérides (sem a preocupação de serem as mais importantes na sua longa vida)



1633 - 0 anos - 5 de dezembro - Nascimento em Montalvão; 



1634 - 0 anos - 23 de abril - Batizado na Igreja Matriz;

1645 - 11 anos - 3 de junho - Admitido em Coimbra para o Noviciado na Companhia de Jesus. NOTA: pode ter sido em 1649 (15 anos) que é a versão publicada in «História da Literatura Portuguesa Ilustrada»;

1655 - 21 anos - data (ainda) desconhecida - Partiu para a Índia em missão da «Companhia de Jesus» ao tempo em que governava o vice-rei Dom António de Melo e Castro;


A viagem de ida e de regresso do Padre Manuel Godinho tendo em conta (na ida) o percurso habitual, no século XVII, em 1655, das «Naus da Carreira da Índia» de madeira com navegação à vela e de regresso, em 1663, um misto mar/terra/mar como está descrito no seu mais famoso (e interessante) livro publicado em 1665. Interessante é constatar que sendo Manuel Godinho o primeiro montalvanense a estar na Índia, pelo que se sabe, o segundo montalvanense esteve lá - Nova Goa/Pangim, Pondá, Aguada, Mapuçá, por exemplo - precisamente 300 anos depois (1957/1958) fazendo dois percursos, ida e volta, exclusivamente marítimos, já em navios de metal, motorizados a combustível, mas com percursos muito semelhantes o que foi notável: na ida - Paquete «Timor» pelo Cabo da Boa Esperança - e no regresso pelo Canal do Suez no navio misto «Carvalho Araújo» . Ambos foram para a Índia pelo Oceano Atlântico e regressaram à Pátria pelo Mar Mediterrâneo 

1662 - 28 anos - 15 de dezembro - Embarcou em Baçaim (Índia) rumo a Portugal, a mando do vice-rei Dom António de Melo e Castro, em missão secreta de grande importância e responsabilidade que consistiu em fazer chegar ao rei de Portugal (Dom Afonso VI) determinadas informações, respeitantes ao acordo celebrado entre os reinos de Portugal e Inglaterra, aquando do casamento de Dona Catarina de Bragança com Carlos II; 

1663 - 29 anos - 25 de outubro - Chega a Cascais (Portugal) depois de ter embarcado em Rochela (França) importante porto marítimo a Norte de Bordéus, a 10 de setembro de 1663. As peripécias desta longa, proveitosa e aventurosa viagem foram por ele escritas, narradas, comentadas e descritas na sua obra-prima: «Relação do Novo Caminho Que Fez por Terra e Mar Vindo da Índia para Portugal no Ano de 1663» publicado dois anos depois; 



1664 - 30 anos - Publicação do livro (pelo que se conhece a sua estreia literária) «Viva Jesus. Cartas Espirituais do Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;NOTA. O livro foi publicado sem o nome do autor (Manuel Godinho) que é o "Amigo" do subtítulo « Com suas notas observadas por um seu Amigo; 


1665 - 31 anos - 16 de junho - Obtenção da última licença do Santo Ofício para a publicação do livro: «Relação do...»

1667 - 33 anos - (dia - ainda - desconhecido) de maio - Deixou a «Companhia de Jesus» por desavença com o Padre Geral, João Paulo Oliva quando este queria obrigá-lo a partir, de novo, para a Índia, mesmo sabendo que o Padre Manuel Godinho, estava impedido de embarcar por decreto real. El-rei Dom Afonso VI decretou que lhe fosse concedida a maior Igreja vaga no Padroado. Quando vagou a de Loures, o montalvanense tornou-se seu Padre. Foi, ainda, prior de São Nicolau (em Santarém); beneficiado na paróquia de São Nicolau (em Lisboa); protonotário apostólico e comissário do Santo Ofício in «Biblioteca Lusitana» (4 volumes; Lisboa; 1741-1759; da autoria de Diogo Barbosa Machado;



1683 - 50 anos - Publicação do livro «Horário Evangélico, Demonstrador de Quarenta Horas Dadas pelos Evangelistas, com Outras Tantas Meditações Sacramentais Dadas para Elas no Jubileu e Laus Perenne que a Santidade do Papa Inocêncio XI Concedeu a Esta Cidade de Lisboa»; Miguel Deslandes; Lisboa; 




1684 - 50 anos - Publicação do livro «Notícias Singulares de Algumas Cousas Sucedidas em Constantinopla depois da Derrota do Seu Exército sobre Viena, Enviadas de Constantinopla a Um Cavaleiro Maltês»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTAS: 1. Há um engano quando em vez de "Derrota" se grafa "Rota" (basta ler o livro para perceber); 2. O livro foi publicado sem o nome do autor (Manuel Godinho);


Escritor conceituado num País que nunca lhes deu importância (nem a escritores, nem a pintores, escultores ou a músicos "que sabem mesmo de música e não de melodias" - a não ser por interesse político momentâneo ou post mortem - Manuel Godinho teve muitas das suas obras com segundas e terceiras edições nos cem anos seguintes ao seu falecimento

1687 - 53 anos - Publicação do livro «Vida, Virtudes e Morte com Opinião de Santidade do Venerável Padre Fr. António das Chagas, Fundador do Seminário de Missionários Apostólicos em Varatojo»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTA1: Diogo Barbosa Machado cita outro título «Vida, Virtudes e Morte do V.º Padre Fr. António das Chagas Franciscano»; NOTA2: em 1728 foi novamente impressa e acrescentada com «Umas Elegias e Devoções do mesmo Venerando Padre»; Miguel Deslandes; Lisboa; NOTA3: novamente impressa, em 1762, como «Oferecida ao Augustissimo Sacramento do Altar»; Francisco Borges de Sousa; Lisboa    



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Sermão do Glorioso Santo António de Lisboa Que Prégou na Igreja de Santa Marinha de Lisboa»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Primeira Parte das Obras Espirituais do Espiritual e Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1688 - 54 anos - Publicação do livro «Segunda Parte das Obras Espirituais do Espiritual e Venerável Padre Frei António das Chagas»; Miguel Deslandes; Lisboa;



1690 - 56 anos - Publicação do livro «Sermões Genvinos e Praticas Espirituais do Venerável Padre Frei António das Chagas»;  Miguel Deslandes; Lisboa;


1692 - 58 anos - Publicação do livro «Sermão do Glorioso Santo António de Lisboa Que Prégou na Igreja de Santa Marinha de Lisboa»; João Antunes; Coimbra;

1701 - 67 anos - Publicação do livro «Novena da Mãe e Senhora da Piedade para Conseguir por sua Intercessão o que For mais Conforme à Vontade Divina»; Miguel Deslandes; Lisboa; 

1712 - 78 anos - 25 de fevereiro - Falecimento em Loures. Sepultado no interior da Igreja de Santa Maria (Matriz de Loures). Curiosamente é atribuída à Ordem dos Cavaleiros do Templo/Templários a construção da primitiva igreja no século XIII destruída aquando do terramoto de 1 de Novembro de 1755.


O Padre Manoel Barbosa está documentado em todas as mais importantes obras de História e de Literatura publicadas em Portugal desde o século XVII. A obra «Relação do...» é um dos mais conceituados relatos de viagens na Literatura de Portugal, a par de «Peregrinação» de Fernão Mendes Pinto. 



ORGULHO

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21 julho 2019

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O Melhor Queijo do Mundo e Arredores

21 julho 2019 0 Comentários
O MONTE QUEIMADO É, QUASE DE CERTEZA, A EVOLUÇÃO DE UM MONTE ROMANO.


Como dizia o Ti Têxêra havendo 20 queijarias em Montalvão, 19 eram muito iguais e depois havia a do Mont'Quêmédo!



Bem localizada (clicar) próximo da Estrada Nacional 359 entre Nisa e Montalvão ou de Montalvão a Nisa, a Herdade do Monte Queimado é de paragem obrigatória para quem tem bom gosto... gostando de queijo.



Não se pode dizer que seja um "queijo fácil", mais pelo odor que pelo sabor. Ama-se ou odeia-se.


Em cima: continuação da Herdade do Monte Queimado (1). Em baixo: continuidade no prédio rústico 36 (em cima) com o nome: Tapada do Monte Queimado 

As instalações construídas na Herdade do Monte Queimado na linha de festos (cumeada que divide duas freguesias: Montalvão e São Simão) correspondendo, a entrada, ao caminho municipal alcatroado que liga a estrada nacional, Nisa/Montalvão a São Simão ou Pé da Serra. A Herdade do Monte Queimado desenvolve-se para Norte e Oeste

O «Monte Queimado» é uma das maiores propriedades da freguesia de Montalvão. Com rebanhos com cerca de 200 cabeças, entre gado ovino e caprino. Deve estar na percentagem de cada leite, entre a ovelha e a cabra, para além do pasto - mas essa podia ser também a receita de queijarias junto (e vizinhas) da propriedade - o segredo da altíssima qualidade deste queijo único no Mundo.



Para comer, aproveitando o que ele tem de melhor, é "um quarto de pão de trigo" para uma "unha de queijo".

Ninguém devia poder morrer sem antes ter provado o queijo do Monte Queimado. 



NOTA: Quando o tema for a Festa de Santo André (30 de Novembro) este blogue fará referência ao Ti Têxêra que nascido nesse subúrbio pobre - pé descalço e galinhas pelas ruas - a norte da grande aldeia e casado, também, para uma casa no «Monte Santo André» acabou por viver numa das melhores casas - "tirando" as dos Lavradores (ou «ricos» em montalvanês) - existentes em Montalvão, na rua de São João ao Arrabalde. Um homem invulgar para os padrões montalvanenses porque foi um empreendedor - o que é pouco comum em Montalvão - mesmo sem frequentar a Escola Primária. Ou como me dizia um montalvanense numa das minhas últimas deslocações a Montalvão enquanto eu contemplava a sua última morada na aldeia: «Nessa casa viveu um homem analfabeto que matou a fome a muita gente letrada da Vila dando-lhes trabalho, daqui até à Beira, ao seu lado e do filho enquanto eles também trabalhavam!»





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