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10 agosto 2019

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Montalvão 1940

10 agosto 2019 0 Comentários
A FREGUESIA DE MONTALVÃO DEVE TER ATINGIDO O MÁXIMO DE POPULAÇÃO POR VOLTA DE 1945 A 1947.



O máximo que pode ter justificação certificada pelo I.N.E. (Instituto Nacional de Estatística) é o obtido no VIII Recenseamento Geral da População, pela meia-noite, em 12 de dezembro de 1940, com 2 672 habitantes residentes na freguesia mas o facto de dez anos depois, em 1950, ter apenas diminuído 23 pessoas indica que continuou a crescer bem para lá de 1940. Depois foi sempre a minguar e assim continuará. Será que um dia, lá para 2050, restará um montalvanense onde já viveram quase três mil? Com pouco mais de um século de intervalo? 



A análise ao quadro com os resultados dos Recenseamentos e a previsão para 2021 feita por um demógrafo possibilita interpretações várias que num dia destes, num Futuro próximo, será feita. Até porque é possível recuar até ao século XVIII (1758) sabendo até onde estava dispersa a população por cinco "Montes" (Salavessa, do Pombo, do Amaro Fernandes, do Pégo do Bispo e do Rollo)  além da sede de concelho na vila de Montalvão. Curiosamente em 1940 aparece já o «Santo André» e é muito reduzida a população dispersa, mesmo assim quase toda no «Monte do Pombo» prestes a ficar desabitado.


No Recenseamento de 1940 houve 62 habitantes que pela meia-noite de 12 de dezembro não estavam na freguesia daí o registo de 2 610 presentes em 2 672 residentes; NOTAS: Fogos = edifícios para habitação; V - Varões/Homens; F - Fêmeas/Mulheres; VF - Totais
Para o que der e vier. Qualquer análise sociológica terá de contar com a demografia bem com o modo como a população ativa estava distribuída. É fundamental para perceber o porquê da localização e importância de determinadas espécies vegetais (Ciclo das Árvores, Arbustos e Cereais, em publicação neste blogue), bem como os registos eleitorais e distribuição dos votos (Ciclos Eleitorais, em publicação neste blogue) após o 25 de abril de 1974. 

Durante centenas de anos (até à abolição, no século XVIII - efetivamente já em XIX - dos morgadios, o que em linguagem simplificadora, queria dizer que o filho varão herdava todos os bens) foi possível manter reduzido, em "meia-dúzia" o número de famílias que detinham praticamente 90 por cento dos terrenos agrícolas da freguesia. Depois começou a aumentar o número de Lavradores («ricos» em montalvanês) se bem que através do cruzamento de descendentes nos casamentos permitisse conservar reduzida a dispersão das propriedades. Uma divisão do território por meia-dúzia de "fiéis escudeiros" que remonta à fundação de Montalvão mantendo-se 600 anos!

A pressão demográfica, em 1940, era gigantesca para terrenos tão pobres, dos mais pobres de Portugal e num território isolado, entre o rio Tejo e o rio Sever. Mesmo em meados do século XX uma dúzia de famílias detinha 80 por cento dos terrenos agrícolas, desfazendo-se de alguns para pagar dívidas permitindo aos artesãos e aos tarefeiros com parelhas adquirirem propriedades rurais, nos sempre apetecíveis cabeços de areia, mesmo longe da povoação, onde o Olival "era mel". 

E se o território da freguesia de Montalvão é enorme! Enormíssimo. É uma das maiores freguesias de Portugal em superfície ocupada. Tendo em conta o ordenamento administrativo antes de 2013, ou seja, antes da criação das uniões de freguesias, Montalvão era a maior freguesia do concelho de Nisa (eram 10, na atualidade são sete), a nona (em 87, na atualidade são 69 freguesias) no distrito de Portalegre e a 101.ª maior (em 4 260, na atualidade são 3 091) em todo o País. Montalvão tem maior superfície que 79 concelhos dos 308 que formam Portugal! A freguesia de Montalvão ocupa uma área de 12 416,9 hectares, ou seja, o equivalente a 13 mil campos de Futebol de Onze. Apesar de um espaço tão gigantesco, é a freguesia rural portuguesa com a maior percentagem (87 por cento) de solos do tipo E - os piores - em termos de aptidão agrícola. 



Montalvão em meados do século XX. Uma dúzia de famílias com posse de 80 por cento do território tendo mais de seis centenas de montalvanenses dependentes diretos (assalariados rurais) - além dos que destes dependiam: mulheres e filhos pequenos - do trabalho que os «ricos» podiam disponibilizar. Infelizmente é um trabalho que está por fazer. Uma «Monografia (Histórica e Geográfica) da Freguesia de Montalvão». Como sabiamente alguém disse um dia (em comparação com Lavradores de localidades vizinhas):

«Em Montalvão até os ricos eram pobres». Sendo assim os pobres que deles dependiam... eram pobríssimos!

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