O ABASTECIMENTO DE ÁGUA CANALIZADA, EM MONTALVÃO, FOI UMA ODISSEIA QUE MERECE SER CONTADA.
Precisamente há 60 anos e um mês, no 1.º de novembro de 1964, a água começou a correr do Depósito para as habitações, dos poucos que já tinham contadores instalados nas suas casas. Depois os contratos para terem água canalizada foram aumentando e cada vez mais metros cúbitos de água canalizada foi distribuído pelas habitações. Antes a água já corria para os fontenários públicos, desde 20 de setembro desse ano, o "Ano da Água Montalvanense", ou seja, 1964.
Já o século XX passava de metade
Quando na Câmara Municipal de Nisa foi decidido estabelecer as condições para as quatro maiores localidades do concelho terem água canalizada, pois a sede do Município já tinha esse serviço instalado. Montalvão estava em declíneo demográfico desde meados dos Anos 40, o tempo da grande necessidade de ter facilidade no acesso à água passara, mas àgua em casa é um bem sempre atual.
Os contadores
O Município de Nisa passava por dificuldades económicas, com dificuldades financeiras acrescidas. Nem o Mercado Municipal que estava "a meio" conseguia ser concluído, quanto mais comprar os "contadores da água" para depois alugar a quem fizesse contrato para receber a água canalizada. O Ministério das Finanças, após insistência do edil de Nisa, montalvanense nado e criado (clicar) acedeu num empréstimo tornado viável, em 10 de outubro de 1961.
Havia Depósito, mas água nem vê-la... muito menos bebê-la
Primeiro foi a incapacidade em encontrar no mercado português uma "bomba de aspiração da água" que tivesse potência para transpor cerca de 100 metros, em altitude, em 40 metros.
Depois foi a montagem e eletrificação da estação elevatória que teria de ter potência reforçada, havendo que aumentar a potência da energia recebida na "cabine", utilizando uma linguagem mais comum e menos técnica.
Água nos "Marcos Fontenários"
Finalmente a água canalizada correu em Montalvão. Nos fontenários construídos para ceder água gratuita a todos, tal qual a das fontes, poços e chafarizes desde há séculos. Só que em 1964 dentro da povoação ou dos dois núcleos populacionais adjacentes: sítio do Bernardino e ex-Monte de Santo André.
De cima para baixo: Chafariz na Praça da República (quatro bicas), na rua do Cabo/Corredoura, no Sítio do Bernardino, no Monte do Santo André e na Fonte Carreira |
Água canalizada nas habitações
Finalmente após tantas décadas a sonhar com água ao domicílio eis que ela chegou mesmo. Algumas habitações (poucas) já estavam preparadas (com uma torneira) para a sua chegada. Depois mais montalvanenses foram aderindo e a rede tornou-se geral, exceto em algumas habitações já abandonadas (poucas) que nunca a tiveram, com destaque para o Santo André. Era uma alegria quem estava na diáspora, desde a Grande Lisboa, a outras cidades, pricipalmente no litoral de Portugal e na emigração regressar, mesmo temporariamente, a Montalvão e poder abrir a torneira e ver correr a água tão desejada e nunca vista enquanto se vivia em Montalvão.
Na maior parte das habitações ter água era ter uma torneira atrás da porta de entrada e saída
Pois poupava-se em pagar "muito cano" pela casa "adentro". É que havia água, mas não havia saneamento, ou seja, sistema de esgotos.
Para haver saneamento
Seria necessário esperar mais uns anos. Só em 1967 e 1968 seriam instaladas as condutas e feita a ligação aos dois locais de despejo: a Sul e a Norte, pois Montalvão é isso mesmo: um Monte bem definido com duas encostas quase escarpas!
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