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30 setembro 2021

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Depósito da Água (Parte II)

30 setembro 2021 0 Comentários

A ÁGUA CANALIZADA CHEGOU MUITO TARDE A MONTALVÃO MAS...CHEGOU.


Se a energia elétrica foi inaugurada em 1948, a água canalizada e o saneamento (esgotos) apenas nos Anos 60 serviram a população de Montalvão.


Foi já quando Montalvão estava a sofrer uma "sangria demográfica" perdendo mais de mil habitantes em duas décadas - meados dos Anos 40 para meados dos Anos 60 - que a meio da década de 60 os montalvanenses tiveram a possibilidade de ter água canalizada e saneamento nas suas habitações. 




O "Depósito da Água" 

Foi construído no início dos Anos 60 num sistema que abrangeu quatro povoações: Montalvão, Alpalhão, Amieira (do Tejo) e Tolosa. O facto da Amieira ficar numa encosta e "fundão" não teve necessidade de ter um Depósito Elevatório mas de "gravidade". 




A Câmara Municipal de Nisa teve necessidade de pedir ajuda ao Ministério das Finanças para implementar a rede de água canalizada nas quatro povoações e teve esse financiamento autorizado em 10 de outubro de 1961.


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Mas em 1965 ainda havia muita dificuldade em conseguir que Montalvão tivesse água canalizada e rede de esgotos.


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A água canalizada

Que significava, no início da possibilidade de a ter na habitação, uma singela torneira praticamente junto à porta de serventia entre a casa e a rua, junto ao contador. Poupava-se no cano de ligação à rede e na despesa em "rasgar" o chão e a parede para instalar a água no domicílio. Raras casas tinham água no segundo piso quando não eram habitações térreas e as cozinhas estavam no segundo piso junto aos telhados. Mas foi um enorme avanço permitindo menos uma preocupação: ter água em casa, fundamental para saciar a sede, confecionar refeições e permitir a higiene, pessoal e da casa. Não se perdeu, no entanto, o ancestral hábito de ter um cântaro com água de uma das fontes habituais ou chafarizes preferidos. Agora em exclusivo para beber, geralmente colocado nas cozinhas, com um testo de barro a tapar a boca do cântaro e um púcaro, de latão ou alumínio, por cima.




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O estabelecimento da rede de distribuição de água permitiu colocar torneiras em quatro locais, fornecendo água de graça a quem necessitasse. Estes chafarizes públicos, muito utilizados de início foram depois sendo abandonados pois ter água em casa já não era apenas ter uma torneira, mas ter as habitações equipadas com casas de banho e lava-loiças nas cozinhas. Na atualidade são testemunhos do que foi a "aventura da água" em Montalvão.


De cima para baixo: Chafariz na Praça da República (quatro bicas), na rua do Cabo/Corredoura, no Sítio do Bernardino, no Monte do Santo André e na Fonte Carreira


A rede de esgotos

Ao esventrar as ruas para instalar a rede de água canalizada instalaram-se também os coletores de esgotos. Poucas habitações tiveram em simultâneo água e saneamento, mesmo que reduzido a uma "pia de despejos". Quando havia que estabelecer prioridades era a água que tomava a primazia. Então em casas com quintal ou nos extremos da povoação continuou a ser o espaço público o local escolhido para fazer os despejos, com destaque para a "Serventia", o "Levél" e as múltiplas azinhagas que rodeiam Montalvão. Colocar uma simples pia era muito mais complexo que uma torneira, pois tinha que ficar num local interior do piso térreo sendo necessário retirar as pesadas lajes de xisto que davam forma ao chão das habitações. Muitos metros de conduta pelo chão e levantar e recolocar as lajes. Foi trabalhoso e provocava desarranjo na habitação. Em algumas habitações passou-se mais de dez anos entre "ter água" e "ter pia" tanto que já nem era uma pia mas fazia-se a casa de banho, improvisando-se um pequeno espaço pois era novo em casas que não tinham sido concebidas para as ter. Foram mais de 600 anos sem ter eletricidade (início em 1948) e água/esgoto (início em 1966). 



A "carga" excessiva sobre o Depósito

O reservatório de água é grande mas nos meses de Verão, já com hábitos instalados de utilizar muito a água canalizada, eram frequentes as roturas de fornecimento pois juntavam-se duas situações antagónicas: aumento exponencial da população (férias), das necessidades de mais água (calor e secura) e menor fornecimento de água (diminuição do vigor nas nascentes). Havia dias "com torneiras secas" em finais dos Anos 70 e início da década seguinte. E aconselhado o racionamento.




A água da Póvoa e Meadas em Montalvão

A conduta de água tem origem a sul da Póvoa e Meadas (concelho de Castelo de Vide) estando instalada junto à azinhaga do São Silvestre, lado Oeste. Área generosa em água - em quantidade e qualidade (terrenos graníticos/areia) - bem diferente da generalidade da água de Montalvão que é gerada em terrenos de xisto/barro. É em Póvoa e Meadas que se extrai e canaliza a água para o Depósito em Montalvão. Sempre de assinalar e nunca esquecer. 





Assim se foi fazendo Montalvão

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