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07 novembro 2020

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Morujo Júlio 76

07 novembro 2020 1 Comentários

O GRANDE ATLETA MONTALVANENSE COMPLETA 76 ANOS, NESTE DIA 7 DE NOVEMBRO DE 2020.



Declaração de interesses: vi Morujo Júlio correr mais de duas dezenas de vezes, ao vivo e a cores, no corta-mato (campeonatos regionais, nacionais e "Corta-mato dos Dez"), em estrada (Estafeta Cascais - Lisboa) e nas pistas (campeonatos regionais e nacionais, além de outras competições). Vi-o no Vale do Jamor e noutros terrenos acidentados nos arredores de Lisboa (do Campo Grande aos terrenos junto ao estádio da Luz), na Marginal, particularmente em Paço d'Arcos e em muitas pistas: estádio Nacional, José Alvalade, estádio Universitário, Restelo e FNAT/Inatel (atual 1.º de Maio). Penso que nunca o vi correr na pista sintética do SL Benfica. Nunca o vi correr em pista coberta (pavilhão do estádio universitário). Não fui ver as competições para o ver. Fui ver as competições para ver o Benfica vencer. Infelizmente celebrei poucas vitórias do Benfica frente à fortíssima equipa do SCP. "Torcia" pelo Benfica frente a ele, mas...torcia por ele (por ser de Montalvão) frente aos seus colegas de clube: Carlos Lopes e Fernando Mamede. Repito. Vi-o correr mais de duas dezenas de vezes, por vezes passar a um palmo de onde estava nas competições de corta-mato e estrada.


NOTA INICIAL: Esperemos que em 2024, aquando dos seus 80 anos, os blogues tenham maior capacidade que atualmente... Já colocar "tanto peso" em digitalizações foi como correr uns quantos quilómetros! Estatísticas e informações retiradas do portal do jornalista Manuel Arons de Carvalho (clicar).


É muito complexo fazer corresponder na atualidade os edifícios ao que eram há 60/80 anos pois neste caso, um prédio (o n.º 46) resultou da aglutinação de duas casas, onde ele nasceu mais à esquerda (depois da Xá Quetéra) e outro mais à direita da Xá Rosalina. Eram casas de um piso, muito diferentes da atual, em altura, largura e fisionomia (sem varanda)

Em 7 de Novembro de 1944 (terça-feira) nasceu na rua da Barca, José Morujo Júlio, filho único. Deixou Montalvão aos seis meses de idade, vivendo em Lisboa até aos seis anos. Regressou com os pais a Montalvão, onde entre os seis e os dez anos fez a instrução primária na «Escola Nova» e o exame da 4.ª classe como habitualmente em Nisa. Filho de pai Benfiquista cedo revelou inclinação para o Sporting Clube de Portugal. Em Montalvão não revelou especial aptidão para as corridas, embora fosse imbatível no jogo da "barra do lenço", em Montalvão denominado "Tirar a Bandeira», jogado muitas vezes no Adro. Era temível.



Depois de concluída a Instrução Primária veio definitivamente para Lisboa, alistando-se, como voluntário na Marinha de Guerra, aos 17 anos, em março de 1962. Em Vila Franca de Xira começou a revelar aptidão para correr rápido e aguentar o esforço muito tempo. Colocado na unidade do «Corpo de Marinheiros» junto ao Alfeite (margem sul de Lisboa) vence com classe um "cross entre marinheiros portugueses e americanos" de um porta-aviões ancorado no estuário do rio Tejo. Mas é em Lisboa, no Arquivo da Marinha, em Alcântara, que muda a sua vida. Observado a correr pelo sogro do antigo futebolista do Sporting CP, José Travassos, é convidado a fazer um teste de mil metros sob a observação do técnico João Coutinho que vê nele capacidades atléticas pouco vulgares. Em final de 1963 passa a ser atleta do Sporting CP onde ficará até 1975. Com marcas de grande qualidade, sagrando-se campeão de Portugal (nove vezes), recordista nacional (sete vezes), em pista coberta (seis vezes) além de contribuir para títulos coletivos em corta-mato e pista. E o que mais se verá!

Campeonato Nacional de Corta-Mato (1970): da esquerda para a direita: Anacleto Pinto (Académico FC, de Viseu), Morujo Júlio (segundo lugar) e Carlos Lopes (vencedor) 




RECORDES NACIONAIS


RECORDES NACIONAIS (PISTA COBERTA)

CAMPEÃO DE PORTUGAL


TÍTULOS COLECTIVOS 
Estafeta Cascais-Lisboa (1971): Fernando Mamede, Américo Barros, Carlos Lopes, Armando Aldegalega e MORUJO JÚLIO


Antes (júnior)

Com muita força e capacidade de sofrimento até ao limite utilizando as suas características de abnegação e resistência só treinos não chegavam. Era necessário competir para poder perceber como controlar uma prova e conseguir perceber os momentos decisivos para a vencer. Logo no início de 1964 participa nos sucessivos campeonatos, na categoria de Principiantes e depois de Juniores numa temporada dominada pelo Benfica. Em 1965, compete em juniores e estreia-se pelos seniores conquistando os primeiros títulos coletivos. Começou por ser conhecido por José Júlio!


mourujo

Durante (sénior)



Depois (treinador e despedida)

Seguiu-se um período como treinador do clube da linha de Cascais, AD Oeiras onde desenvolveu trabalho meritório e ainda chegou a competir, tendo como melhor resultado o segundo lugar no "Campeonato Regional de Fundo" (30 quilómetros), em 1977.



Atividade profissional e comercial

Ainda como atleta do Sporting CP trabalhava tarde/noite no Bairro Alto - nos jornais «Record» e «Diário Popular» - quer passando crónicas de jornalistas, quer fazendo ele notícias acerca do Atletismo e do seu clube. Treinava de tarde. Tornou-se também o representante da marca japonesa (Tiger) de sapatilhas desportivas: ASICS - Anima Sano In Corpore Sano (alma sã em corpo são) que tanto sucesso teve em Portugal. Além do emprego numa famosa e histórica loja de material de caça, a H. Montez.



Depois de deixar o Atletismo tem-se dedicado ao seu emprego na loja. É nesta que eu me encontro com ele. E foi nesta que estivemos a "montalvanar" (falar de Montalvão) acerca dele e que ele fez as escolhas daquelas que considerava as dez competições "que mais o marcaram" e que estão publicadas neste texto.



Passa muitos fins de semana em Montalvão numa casa recuperada ao fundo da rua das Almas que era do Ti Júan Brás - a dez metros do local onde nasci - "por baixo" do antigo lagar de azeite (antes deste ser instalado na Corredoura) e que foi carpintaria do meu avô materno. Era uma pequeníssima casa de um piso, adquirida no início dos anos 70 do século XX, que ele transformou por completo no dealbar deste século XXI.



NOTA FINAL: Tenho 281 digitalizações de artigos de jornal onde se destaca o seu nome. Calculo que tendo em conta que existiam três jornais desportivos - «Mundo Desportivo», «A Bola» e «Record» - cada um com umas 500 citações dele mais os restantes jornais a circular em Portugal com mais de 1000 no conjunto, Morujo Júlio deve estar citado quase 3000 vezes na Imprensa desportiva e generalista portuguesa. Não fiz pesquisa particular acerca dele. Enquanto fazia a História do Atletismo do Sport Lisboa e Benfica aproveitei para digitalizar também a informação que estivesse relacionada com ele por saber que era natural de Montalvão. Como um blogue não pode ter muitas digitalizações, pois o "peso" torna isso impossível pedi-lhe para escolher o que considerava os dez momentos mais importantes. Ele fez a escolha. Nem sempre correspondem a vitórias, mas no desporto é assim. Contam as vitórias para nós, espectadores, e os momentos e circunstâncias para quem compete. Respeitei a decisão dele que é soberana. Obrigado Morujo Júlio.



1 comentários blogger
  1. Acabei de deixar um comentário em que falava do Serra Mourato, filho da minha escola na Marinha de Guerra Portuguesa, e vim aqui esbarrar com outro filho da escola, sem saber que ele era também um montalvenense, o Morujo Júlio. Como ele fez a recruta em Vila Franca, só me vim a cruzar com ele nos convívioa anuais que, por acaso, eram organizados por ele e mais dois camaradas. Tanto ele como eu, chegaremos aos 80 no próximo ano, eu em Março e ele em Novembro, e ... que Deus nos conserve!

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