-->

Páginas

03 novembro 2020

Textual description of firstImageUrl

Os Curandeiros

03 novembro 2020 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE "CURADORES DE MALEITAS" EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Senhô Zé Barbêre.

Com barbearia na rua do Outeiro junto à Praça (da República, depois de 5 de outubro de 1910) o Senhô Zé Barbêre era o "Ai! Valha-me Deus" para a população da freguesia de Montalvão que chegou a estar próxima de três mil pessoas, em meados dos Anos 50 (2 649 no Recenseamento Geral da População de 1950 mas continuou a aumentar ainda mais uns anos para ser de 2 264 no "Censo de 1960"). 

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Quando as pessoas tinham uma dor de dentes lá iam em correria pedir, por favor tire-me este desconforto, ao Senhô Zé Barbêre.

Quando se torcia alguma perna ou braço era ao Senhô Zé Barbêre, que alguém ou alguns, pegavam no sofredor e entregavam-no mazelado em casa dele. Esperavam e eis que viam regressar um outro ser como que ressuscitado do sofrimento.

Quando se tinha um dor de barriga era ir a correr ao Senhô Zé Barbêre, o mais breve possível, para estar em conforto, o mais tempo possível.

Quando se tinha uma dor de cabeça, com permanência ou frequentemente, só havia uma solução. As "mézinhas" do Senhô Zé Barbêre faziam "milagres" em pouco tempo.

Quando se partia algum osso, eram as talas que tinha, e o modo como as colocava, com ligaduras bem compostas e mãos ágeis e habilidosas que permitiam ao enfermo ter confiança na recuperação rápida e sem mazelas para o futuro.

Quando havia feridas com gravidade, que não podiam ser curadas a esfregar a pele arrepiada, pois mostravam carne exposta e tendões a desfiar, era o Senhô Zé Barbêre que sabia o que fazer e como fazer. Quem estava ferido acreditava que depois de passar por ele deixara de estar ferido ou tão ferido...


Numa população com quase três mil pessoas, tão isolada, havia sempre alguém a quem era necessário recorrer pois não havia médicos, enfermeiros ou farmacêuticos. O Senhô Zé Barbêre não era nada disto e era tudo. Para servir todos. Os montalvanenses expiavam nele as dores do corpo e, por vezes, até as da mente. Ele sabia conversar e era convincente. Dava a tranquilidade que se desejava e procurava. 



Indicar com precisão algumas das habitações com 60/80 anos de diferença é tarefa muitas vezes impossível pois, entretanto, houve edifícios vizinhos que se aglutinaram para deles resultar um como também houve o processo contrário, ou seja, edifícios que foram divididos por motivos vários, entre eles processos de "partilhas" (heranças).




A barbearia/curadoria era a "primeira casa baixa" à esquerda, na atualidade estão duas casas aglutinadas, a dele e a do vizinho debaixo, com barra ocre.

Era de trato fino, palavras meigas e certeiras que davam descanso, ajeitavam a alma intranquila e curavam emoções descontroladas.


Foi um sobrinho dele, casado para a Salavessa, que herdou o seu jeito, curiosidade, confiança e sabedoria. Montalvão passou a ir à Salavessa.

Problemas emocionais mais graves era no confessionário perante o Senhô Padre.



Eis um montalvanense pelo qual havia tanta estima, consideração, confiança, apego, reconhecimento e apreço que sendo do Povo (e popular) era como se fosse dos «Riques», em montalvanês, o nome dos Lavradores-Proprietários. Era Senhor e não era Ti. Senhor José Barbeiro, o mui nobre e leal para os montalvanenses, Senhô Zé Barbêre.

Próxima "paragem": Os Regedores
0 comentários blogger

Enviar um comentário