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18 fevereiro 2021

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Os Espingardeiros

18 fevereiro 2021 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE ESPINGARDEIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



No auge demográfico e social de Montalvão no século XX (Anos 40 e 50), houve o Ti Juân e Jaquim Mourato, pai e filho, a morar na rua de «Sam Poidre». 

Em Montalvão sempre houve alguma * abundância de caça - perdizes, lebres, coelhos, rolas e outra "passarada" - além de batidas a lobos e raposas quando ameaçavam o gado doméstico - e em tempos mais recuados até meados do século XIX - a linces, javalis, veados e corsas. 

* alguma pois foi escasseando até aos Anos 60 do século XX devido à ocupação de, praticamente, todo o espaço rural.

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)




Atividade minuciosa, perigosa mas importante para um povoado que tinha de ser quase auto-suficiente. O que não era cultivado, criado ou elaborado, em Montalvão, restava comprar fora, nas feiras de Nisa e aproveitar os vendedores ambulantes que se lembravam de passar por Montalvão.


Na freguesia montalvanense, ainda se faziam batidas (caçadas) a javalis bem "dentro do século XX" pois até aos Anos 30 havia alguns terrenos com mato, por arrotear, principalmente nas vertentes mais abruptas (Barreiras) dos rios Sever e Tejo, bem como nas três principais ribeiras: Sam Seman (São Simão), Fevêlo (Fivenco) e «Feguêra Dôuda» (Ficalho). 


A população era de 1 819 pessoas (1900) mas de 2 672 montalvanenses (incluindo Salavessa e Monte do Pombo) em 1940, calculando-se cerca de 3 mil em meados dos Anos 40 quando se inicia o declínio demográfico, com 2 649 habitantes em 1950. No auge demográfico só as «Barrêras» quase na vertical junto à foz, com o rio Tejo, desses quatro cursos de água não tinham ocupação agrícola, nem que fosse uma «olevêrinha».   





Foi uma atividade restrita e que pela sua minúcia ia passando de pai para filho, geração após geração. Os últimos espingardeiros viviam na rua de São Pedro, lado sul, praticamente no "enfiamento" da «Ruínha de Baixo" que ligava a rua Direita à rua de São Pedro. Em Montalvão nunca houve "travessas" isso é um modismo (mal...) importado de Lisboa. A «Ruínha de Cima» ligava a rua do Cabo à rua de São Pedro, tendo na do Cabo a taberna do Sam Seman e do outro quase o início da azinhaga das Bruxas (agora da Casa do Povo). Das Bruxas, por ser um "entroncamento perfeito", ou seja, com quatro caminhos. A azinhaga do «Sam Poidro» ligava depois com a das Bruxas num "cotovelo" onde estava a famosa "Fonte Sourissa" (onde muita gente se suicidou, afogando-se). Só a rede das azinhagas «ao redor da Vila» e as suas estórias dão para um texto à parte.



Os espingardeiros por serem únicos e lidarem com pólvora eram gente respeitada e de quando em vez tinham a visita da "Guarda" que antes de haver Posto da GNR, no «Burnáldine», inaugurado em 16 de maio de 1946, vinham em parelha, em muares, de Nisa percorrendo a Salavessa e o Pé da Serra antes de regressarem a Nisa mostrando a existência do Poder Central e inteirando-se das ocorrências com o Regedor. 





Era assim a vida e vivência dos montalvanenses até começarem a debandar do povoado. Havia de tudo, mas tudo em quantidades reduzidas. Uma família de espingardeiros chegava (e sobrava) para uma freguesia com quase três mil habitantes em meados dos Anos 50.


Próxima "paragem": Os Pedreiros






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