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27 junho 2020

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Rua do Hospital

27 junho 2020 0 Comentários
DURANTE SÉCULOS FOI O NOME DA ATUAL TRAVESSA DA PRAÇA.



Na toponímia de Montalvão nunca existiu o conceito de "Travessa". O mais próximo é «Ruínha». E há duas: a de Baixo (entre a rua Direita e a rua de São Pedro) e a de Cima (entre a rua do Cabo - continuação da rua Direita para Oeste, pois "cabo" é extremo ou ponta no Mundo Rural - e a rua de São Pedro) mesmo assim não evitando três quarteirões enormes entre as duas: a de São Pedro e a do Outeiro/Direita/Cabo.


Igreja da Misericórdia na atualidade (setembro de 2014). À esquerda (a Sul) a rua do Hospital (atual travessa da Praça) e à direita (a Norte) a rua do Outeiro


Com a construção da Igreja Misericórdia - em meados do século XVI - e do Hospital, é provável que surgissem dois novos arruamentos que antes não existiam: a rua do Outeiro e a rua do Hospital. 



Mesmo quando, em Lisboa, se decidiu fazer um inventário dos estragos que o terramoto do 1.º de novembro de 1755 provocou no país, quem responde de Montalvão é inequívoco quanto às questões n.º «11 - Se tem Conventos, e de que Religiosos?», n.º «12 - Se tem Hospital, e por quem he administrado?», n.º «13 - Se tem Casa de Misericordia, e qual fosse a sua origem?» e n.º «14 - E o que houver de notavel em qualquer destas cousas.» O Vigário Frei António Nunes de Mendonça escreve de Montalvão, em 24 de abril de 1758, de forma esclarecedora como respostas n.ºs 10, 11 e 12:




Na resposta n.º 10: «Naõ tem convento algum de Frades, nem Mosteiro de Religiosas».

A pormenorizada resposta n.º 11 - «Tem um hospital, que foi albergaria cuja se anexou à Misericordia desta Villa por provisaõ dos Senhores Reis antigos; e este hospital administra duas capelas, huma que lhe deixou Frey Pedro Carrilho coadjutor, que foi desta Igreja com obrigaçaõ de meio annal de missas por sua alma em cada hum ano; e mais que sobrasse de suas rendas se gastasse com os pobres do mesmo hospital; outra, que lhe deixou Soror Mariana dos Santos religiosa agostinha descalça do convento dos Grilos de Lisboa, e natural desta Villa, com pensaõ de três festas cada hum ano de sermaõ, e missa contada, cujas capelas administra o provedor e mais irmaõs da Misericordia, e tem de renda o hospital com estas Capellas cento e trinta mil reys.»».


Na resposta n.º 12: «Tem casa de Misericordia e esta hé de Padroado Real com os mesmos privilégios que tem a Misericordia de Abrantes e tem de rendas proprias cada ano, quarenta mil reys e está proximo a Igreja Matriz».


A atual travessa da Praça (já com paralelos) durante séculos «rua do Hospital» (em ponedros) que ligava a «rua da Igreja» (atual largo da Igreja/largo D. Manuel Godinho) à «Praça» que depois do 5 de outubro de 1910 passou a designar-se «Praça da República» 

A «rua do Hospital» sendo muito estreita (implantar um novo quarteirão com a Igreja e a albergaria/hospedaria/hospital "obrigou" a que assim fosse) e pouco extensa nunca teve grande expressão na demografia montalvanense, mas em 1910, por exemplo, ainda morreram dois montalvanenses, com 62 e 84 anos, no Hospital - cujo acesso se fazia pela atual «travessa da Praça» - além de um "anjinho" com três meses numa das poucas casas de habitação nela existentes. Como ficou registado para a eternidade:



Mas, com tanto tempo de existência e tanto nascimento, morte e casamento há dezenas de referências à «rua do Hospital». Eis dois exemplos de nascimentos, em anos de "números redondos", para 1900 e 1910, com os pais a morarem, como escreveu o senhor padre Virgílio, na «rua do Hospital»:



"Travessa" é um modismo importado para Montalvão, muito frequente na toponímia de Lisboa, por exemplo, pois não consta dos registos de Montalvão até à decisão em colocar placas toponímicas nos arruamentos montalvanenses.



Assim se foi fazendo Montalvão

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