Planta magnífica esteve no imaginário dos montalvanenses durante séculos.
Chegou ao território atual da freguesia de Montalvão muito antes deste existir como povoado - até mesmo haver atividade pré-histórica no território da atual freguesia - pois é uma espécie autóctone (natural deste clima e solos desde que há flora no Planeta).
Com a actividade humana foi ocupando a maior parte dos terrenos da freguesia longe do povoado substituído por oliveiras/olivais nas propriedades junto de Montalvão. Entre tapadas e herdades o sobreiro é a Árvore-Rei. Se há mais exemplares de oliveiras - estas podem coexistir juntas, estão alinhadas e mais próximo umas das outras fazendo dos olivais núcleos contínuos - o Montado ocupa vastas áreas com os sobreiros dispersos, afastados mas "espraiando-se" por inúmeros quilómetros quadrados.
Adaptação do portal "Brigada da Floresta" (clicar) e "Guia Ilustrado de 25 árvores de Lisboa" (clicar) |
Com a actividade humana foi ocupando a maior parte dos terrenos da freguesia longe do povoado substituído por oliveiras/olivais nas propriedades junto de Montalvão. Entre tapadas e herdades o sobreiro é a Árvore-Rei. Se há mais exemplares de oliveiras - estas podem coexistir juntas, estão alinhadas e mais próximo umas das outras fazendo dos olivais núcleos contínuos - o Montado ocupa vastas áreas com os sobreiros dispersos, afastados mas "espraiando-se" por inúmeros quilómetros quadrados.
O Sobreiro é tão virtuoso que tudo dele se aproveita.
1. A sua frondosa sombra e proteção todo o ano destaque para a frescura do Verão, pois a folha é persistente renovando-se pela idade e não pela estação do ano;
2. A casca (cortiça) retirada a cada nove anos, no Verão, depois do sobreiro atingir os 25 anos. Boa fonte de rendimento, ainda permite fazer utensílios para alimentação naqueles nós nos troncos que tão jeito fazem para transportar conduto, beber água ou fazer um gaspacho («gaspatche» em montalvanês);
3. Os frutos (lande) boa fonte de alimento para o gado porcino (porcos e javalis) imprópria para consumo humano devido à sua amargura;
4. A madeira é muito dura e compacta para ser trabalhada, mas é de excelência, desfeita em "cavacas" para ser queimada como aquecimento ou para cozinhar. O Ti Zé Caratana (principal carpinteiro de Montalvão, ou como ele "justificava", teria de ser carpinteiro ou não se chamasse José, como José era o carpinteiro pai de Cristo) utilizava um robusto tronco achatado de sobreiro para fazer de cadeira e banca de trabalho.
Considerado o sobreiro mais velho de Portugal com 235 anos |
Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Sobreiro" com quatro publicações por ano, utilizando um nobre sobreiro de Montalvão.
A. Verão - Início da frutificação e crescimento da lande. Descortiçamento (publicado em 3 de agosto de 2019);
Aproveitando as elevadas temperaturas de Verão - quanto mais elevadas, menos sofre o sobreiro - é a época de retirar a cortiça. Empilha-se na propriedade onde é retirada das árvores, deposita-se para secar, pesar menos (perdendo líquido) para depois facilitar o transporte.
B. Outono - Amadurecimento e apanha da lande (publicado em 30 de dezembro de 2019);
A Lande bem diferente em tamanho (mais pequenas), sabor (mais amargas) e utilização (para alimentação dos porcos) em relação às bolotas das azinheiras |
C. Inverno - Inflorescências e floramentos que polinizados darão a lande do novo ano. As folhas tenras e comestíveis que cresceram nos últimos meses desde que os dias têm também crescido, ou seja, desde o Solstício de Inverno (publicado em 4 de maio de 2020);
D. Primavera - A pequena e verde lande a crescer (a publicar em 30 de maio de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.
A primeira cortiça é a "falca" (aos 25 anos) depois da "secundeira" (aos 34 anos) e finalmente a cortiça (aos 43 anos). Dependendo da qualidade e espessura dos ramos do sobreiro vai-se sempre retirando "falca" e "secundeira" em direção ao topo da copa. Se um sobreiro durar cerca de 200/220 anos foi-lhe retirada cortiça 23/24 vezes.
Uma homenagem à Árvore que deu trabalho a milhares de montalvanenses durante 700 anos. E matou a sede a outros tantos.
Quem é que não gosta de levar o farnel num tarro («ferrado» em montalvanês) ou beber num couche («coutche» em montalvanês)? Beber como os deuses!
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