Planta exigente fez parte da vida - mais do imaginário - dos montalvanenses durante séculos.
Planta originária da Ásia Central desenvolveu-se por todas as regiões com clima temperado do Hemisfério Norte com destaque para a Europa, principalmente no Sul junto do Mar Mediterrâneo.
Arbusto-trepadeira muito importante desde o final da Idade do último degelo "matou a fome e sede" a muitos europeus, desenvolvendo-se em áreas isoladas. Esta "domesticação" permitiu ao longo de séculos desenvolver sub-espécies que são hoje as variedades de uvas e vinho.
Na Bacia do Mar Mediterrâneo a parreira (ou videira) tem as melhores condições para crescer e multiplicar-se com inúmeras variedades que depois permitem cruzar as mesmas produzindo uvas com sabores diversificados e vinhos de alta qualidade e tão diferentes que, por vezes, nem parecem ser obtidos do mesmo arbusto, em latim, Vitis Vinifera L. Pode vinho e uvas não parecerem provir da mesma espécie mas vêm. A parreira acaba por estar para a Flora como os cães para a Fauna. Ambos seres vivos manipulados pelo Ser Humano durante milénios.
Associada ao Cristianismo - azeite, pão e vinho - cedo começou a ser "domesticada" criando-se inúmeras variedades.
É um arbustro-trepadeira muito exigente em trabalho (poda) além de necessitar de estar constantemente a ser desparasitada (sulfatagem) para além da localização - encostas com muita exposição ao Sol - em vastas encostas soalheiras. E estas escasseiam na freguesia de Montalvão.
O Alentejo é terra de cereal (pão), azeite e cortiça. E bolotas para porcos. Montalvão é uma espécie «de Alentejo do Alentejo».
Apenas os Lavradores («os ricos» em montalvanês) tinham possibilidade de fazer vinho para consumo próprio. Que se saiba só havia duas vinhas - ou seja com número de parreiras e produção de cachos de uvas - para fazer vinho. A "Vinha do Senhor Alberto» lá para as Naves/Dourados («Dourédes» em montalvanês) e as parreiras na encosta ensolarada da Cereijeira («Cerinjêra» em montalvanês) quando era do senhor Jaquim Roberto, antes deste ter necessidades financeiras que o obrigou a vender a enorme propriedade em parcelas compradas por uma dúzia de "remediados" montalvanenses.
Os cachos de uvas são colhidos em Setembro - geralmente depois das festas de Nossa Senhora dos Remédos («Senhô'Drumédes» em montalvanês) - consumidas às refeições ou os cachos pendurados nos tetos dos sobrados para se transformarem em passas.
A Parreira é uma planta que oferece múltiplas utilizações.
1. Os seus frutos em cacho são apetitosos para serem consumidos diariamente, em bagos, as uvas;
2. Outra utilização é extrair a polpa dos bagos fermentando o sumo da uva para produção de vinho;
3. O mosto - peles, polpa e graínhas (bago dos cachos de uvas) com engaços moído (mais complexos como se pode ler (clicar) - produzia a aguardente;
4. Os cachos de uvas também podem ser utilizados noutras épocas do anos, no Inverno, Primavera e Verão como passas.
Quem quiser saber mais (clicar).
Este blogue irá acompanhar o "Ciclo do Parreira" com quatro publicações por ano, utilizando uma nobre parreira de Montalvão.
A. Verão - Início da frutificação e crescimento das uvas (publicado em 10 de setembro de 2019);
C. Inverno - Recuperação do arbusto durante os dias de Sol mais escasso com o desenvolvimento das folhas que permitirão o aparecimento dos cachos (publicar hoje, em 15 de maio de 2020 * tardio devido ao confinamento provocado pela COVID-19);
D. Primavera - Inflorescências e floramentos (a publicar em 5 de junho de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.
D. Primavera - Inflorescências e floramentos (a publicar em 5 de junho de 2020). Ficando em definitivo como texto permanente neste blogue.
Uma homenagem ao arbusto que, escasseando na freguesia, deu alegria (por vezes em excesso) - como uvas, vinho, aguardente ou passas - a milhares de montalvanenses durante 700 anos.
Próxima paragem, a fechar esta primeira fase dos «Ciclos Agrícolas», num dia destes, no Futuro próximo. A Figueira: a árvore-mística para os montalvanenses: multi-presente dos quintais às tapadas mais longínquas, a árvore da folha que tapou Adão e Eva e o tronco que segurou a corda com que Judas traidor se enforcou. A Figueira que, por isso, tem frutos sem dar flor!
Próxima paragem, a fechar esta primeira fase dos «Ciclos Agrícolas», num dia destes, no Futuro próximo. A Figueira: a árvore-mística para os montalvanenses: multi-presente dos quintais às tapadas mais longínquas, a árvore da folha que tapou Adão e Eva e o tronco que segurou a corda com que Judas traidor se enforcou. A Figueira que, por isso, tem frutos sem dar flor!
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