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18 dezembro 2019

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Vamos à Póvoa

18 dezembro 2019 0 Comentários
PÓVOA E MEADAS É UM POVOADO MUITO MAIS RECENTE QUE MONTALVÃO.



A estrada (outrora caminho) que a liga a Montalvão é, no entanto, muito mais antigo. Tão antigo quanto Montalvão pois era a ligação de Montalvão a Castelo de Vide e deste a Castelo Branco por Montalvão via Lomba da Barca, onde se atravessava o rio Tejo. 


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A atual povoação de Póvoa e Meadas resultou da construção de edifícios nesse caminho que ligava Castelo Branco a Castelo de Vide. 

Não há aqui, neste blogue, qualquer interesse em fazer a história de Póvoa e Meadas. Só para fazer o enquadramento, pois para Montalvão o local onde se edificou, foi durante mais de um século, uma passagem.



"As Meadas", essas sim, são praticamente contemporâneas de Montalvão - uns anos, poucos, mais recentes - embora fossem um lugarejo quando comparadas com Montalvão. As Meadas resultam de um grande latifúndio romano que por sua vez têm origem numa ocupação ancestral (alguns dos menires e construções mais majestosas da Ibéria localizam-se no concelho de Castelo de Vide com a freguesia de Póvoa e Meadas, em destaque) mas com fraca densidade populacional. Aliás, toda a freguesia de Póvoa e Meadas é um conjunto de grandes latifúndios de origem romana a que depois se juntou um conjunto de habitações, construídas junto ao caminho que unia Montalvão a Castelo de Vide e este a Castelo Branco. 



As Meadas tiveram Foral, em 1348, mas Póvoa e Meadas só o vai ter em 1511, por isso é provável que a tentativa de povoamento ordenado pelo Poder Real (Dom Fernando) - daí o termo Póvoa - tenha ocorrido durante o século XV, nunca antes de 1426, talvez muito depois. Há notícias de um lugarejo, em 1435, mas percebe-se que «As Meadas», mesmo pouco povoadas, eram "mais importantes" que «A Póvoa». 



No Numeramento de 1527 («Cadastro da População do Reino») a "Póvoa" tinha 63 moradores (famílias, edifícios ou fogos) não tendo mais no seu termo (concelho). Montalvão tinha 153 moradores e mais 28 "em casaes apartados" (edifícios isolados ou juntos mas afastados do principal povoado). Tendo em conta o coeficiente de 4,5 pessoas por "fogos" utilizado pelos demógrafos, um concelho com 815 habitantes, tendo 689 pessoas no aglomerado principal, em Montalvão. Em "Póvoa e Meadas" (todo o concelho) habitavam 284 pessoas. O concelho de Montalvão era quase três vezes mais povoado, embora fosse também, 1.6 superior em superfície (quase o dobro).

A análise importante em relação tudo o que está escrito é a relativização do mesmo assunto. Quando se escreve "estrada entre Montalvão e a Póvoa e Meadas" é uma simplificação, pois ela foi construída no caminho antiquíssimo (século XIII) entre Montalvão e Castelo de Vide. Nesse caminho, no século XV, surgem edifícios ao longo do mesmo para serem habitados por famílias que beneficiaram da "doação" de terras para haver repovoamento num espaço demasiado vasto para estar desertificado em pessoas.

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Para instalar um aglomerado populacional (minorando a desertificação humana) junto do ancestral caminho, entre Montalvão e Castelo de Vide, a localização da Póvoa é "perfeita". É o sítio onde há maior abundância, em quantidade e qualidade, de água superficial e subterrânea, pois a ribeira da Ameixoeira corre paralela ao caminho. Bem diferente do que ocorria em "As Meadas", típico Povoado Romano em área agrícola adversa. quanto à localização de «Póvoa e Meadas» não é por acaso que a água canalizada em Montalvão é extraída junto à Póvoa e Meadas, seguindo em canalização subterrânea (curiosamente paralela à azinhaga - por ser em linha reta) até ao «Depósito»)

Como era comum em todo o espaço, português ou mundial, havia sempre - pelo menos dois - caminhos alternativos no espaço rural ou periurbano. Um de todo o ano utilizando a linha de festos (topos ou cumeadas) organizado entre sub-bacias hidrográficas, por isso permitindo a utilização mesmo de Inverno ou o transporte de veículos de tração animal (carros (mulas/éguas e machos/cavalos), carroças (burros e burras) e carretas (vacas e bois). Era um percurso mais longo, mas mais seguro e perene. Depois havia uma alternativa mais rápida, por "montes e vales" utilizando e atravessando linhas de água. Algumas vezes impraticáveis em dias/semanas de forte invernia mas geralmente possível de utilizar todo o ano, por pessoas ou um animal sem estar atrelado a um veículo. O caminho entre Montalvão e a Póvoa e Meadas não foi exceção.


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A estrada em macadame (depois alcatroada) foi construída no caminho que ligava Montalvão a Castelo de Vide e depois ficou com Póvoa e Meadas de permeio. O caminho foi organizado na linha de festos ou topos - por isso segue pela linha com marcos geodésicos («talefes» em montalvanês) como Boto e Atalaia I - que divide as sub-bacias hidrográficas do rio Tejo (para a esquerda) das sub-bacias hidrográficas do rio Sever (para a direita), com destaque para a da ribeira de São João que nasce junto à judiaria de Castelo de Vide. A Fonte Ferrenha (na azinhaga de Montalvão para Castelo de Vide/Póvoa e Meadas/São Silvestre é uma das nascentes do ribeiro de Fivenco ou Fevêlo

A cartografia não deixa margem para dúvidas quanto ao caminho habitual. Era o mais direto e rápido. A azinhaga pela Fonte Ferranha e o São Silvestre.




O caminho começou a ser transformado em estrada de macadame de Montalvão para a Póvoa e Meadas. Numa primeira fase até à divisão (ao marco geodésico do Boto, em montalvanês "talefe") entre o caminho (pela linha de festos ou topos entre as duas sub-bacias hidrográficas) e a azinhaga (pela Fonte Ferranha e São Silvestre).

    
A estrada de macadame (depois alcatroada) seguiu pelo caminho dos topos por ser menos oneroso (evitava viadutos, em particular uma ponte rodoviária por cima do ribeiro de Fivenco e Fonte Ferranha), seguro (menos declives) apesar de mais longo. A estrada, entre 1934 e 1938, ficou concluída em macadame.



O Município de Castelo de Vide (a estrada era municipal) fez um pequeno troço em macadame até ao limite do concelho (também freguesia de Póvoa e Meadas). 




Clicar para página integral da publicação arquivada na Hemeroteca cda Câmara Municipal de Lisboa (aqui)

Mais tarde, final dos anos 30, o Município de Nisa, terminou a ligação entre o marco geodésico do Boto e o limite do concelho (também freguesia de Montalvão) ligando os dois troços iniciais, do lado de Montalvão e do lado de Póvoa e Meadas.


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Agora é utilizar a estrada (antigo caminho) enquanto for possível. A azinhaga já era...

NOTA: Triste é querer ir à Fonte Ferrenha ou ao São Silvestre e ter que ir "quase à Póvoa e Meadas" pelo facto dos caçadores e o desleixo de quem tem mandado no executivo da Junta de Freguesia o terem permitido. Uns e os Outros... Uns (caçadores) por terem tomado conta da ancestral azinhaga para Castelo de Vide, Póvoa e Meadas, São Silvestre e Fonte Ferrenha e outros (autarcas) por a terem abandonado, estando intransitável. Há uns dois anos era impossível a sua utilização, entretanto pode ter havido modificações que só quem anda por aqueles lados saberá, embora não acredite embora gostasse de estar enganado! Pois é... já fica longe... não é útil... quase na Póvoa!
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