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11 dezembro 2019

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Os Ferreiros

11 dezembro 2019 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE FERREIROS EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.



Só conheci o último ferreiro de Montalvão. No apogeu demográfico e social, entre os Anos 40 e a década de 50, houve o Ti Mané Calvanista da rua do Arrabalde, o Ti António Jaquim na rua de São Pedro e ainda o Ti Juan Drumédes da rua da Barca (antes, na mudança dos Anos 40 para 50, no ano de 1950, ferrava na oficina de carpintaria do pai na rua das Almas). Este foi o último ferreiro de Montalvão. De todos eles, o mais novo a começar o ofício e, por isso, o último a terminar.

(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)



Os ferreiros eram fundamentais pois além de fazerem toda a espécie de ferragens, desde pás, a forquilhas, arados, enxadas e trincos, complementavam muito do que os carpinteiros faziam e necessitavam de juntar saberes pois as rodas eram ferradas e raro era o utensílio em ferro que não tinha o cabo ou a pega em madeira. 



Só recordo um. O Ti Juan Drumédes com oficina na rua da Barca. Conheci-o bem.




O ÚLTIMO FERREIRO DE MONTALVÃO

Com pai carpinteiro foi mandado aprender ofício
Para ajudar a compor a carpintaria no que falta fizesse
Mais umas rodas de carroça, mais uns aros à volta delas
O primogénito soube seguir bem depressa de aprendiz a Mestre
E passou a vida a malhar o ferro, à volta da bigorna 
Com martelo ritmado aproveitando o ferro em brasa saído da forja



Encaixados ou em soldadura das suas mãos e cabeça floresceram
Portas e janelas que foram mudando as que seu pai fizera em madeira aos repelões
Trincos, ferrolhos e linguetas numa cornucópia de saberes e utilidades
Portões e cercaduras bem urdidas que ainda povoam as ruas de Montalvão



E o tempo foi passando e o trabalho escasseando
A idade também passou e em final de ferraria soube terminar como inovador 




Fez do ferro filigrana
Da soldadura versos em rima
Da composição gotas de artista
Dos recortes traço de retratista
Da harmonia a matéria prima
Sonetos de espiga com pragana



Dobrou o frio metal em lava com sabor a néctar   
Transformou pedaços de ferro em pétalas de poesia
Podia ter feito mais. Muito mais. Mas fez as suficientes. E mais que pensar fazer... 

Fez!



Conheci bem o último ferreiro de Montalvão. E gostei



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