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19 novembro 2019

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Os Alfaiates

19 novembro 2019 0 Comentários
HOUVE DEZENAS DE ALFAIATES EM SETE SÉCULOS MONTALVANENSES.


No apogeu demográfico e social do povoado, anos 40 e 50, houve o Ti Juan Cabrêra na rua Direita, o Ti Zé Patrício e o Ti Xico no rua de São Pedro, o Ti Zé Maria no Arrabalde, e até duas alfaiatas, a Xá Albertina na rua da Costa e a Xá Mariana na ruínha da Praça. Conheci bem dois Alfaiates (e Barbeiros) de Montalvão. E ainda havia as Costureiras para as senhoras da Vila.

(clicar em cima da imagem para obter melhor visualização)



Os Alfaiates também eram Barbeiros. Nem todos. O Ti Zé Maria, o Ti Xico e o Ti Zé Patrício eram. Havia que alargar o "negócio" que era à míngua e a Barbearia sempre permitia amealhar mais uns tostões.


  
Os Alfaiates eram dos artesãos mais folgazões que havia no povoado. Era fácil ter histórias com eles, apesar de não ter barba, nem me fazerem fatos. Tenho estórias com dois deles. 




A do Ti Xico que até era o que via mais vezes, por ficar do outro lado da rua onde vivia em Montalvão, é simples. Um dia alguém entendeu que devia de cortar o cabelo que era bem grande. Talvez fosse ideia da minha avó materna. Lá atravessei a rua para levar um corte radical. Quando cheguei a Lisboa diziam-me que tinha o cabelo cortado à tigela! Mentira. Modernices dos manientos que viviam na Capital do Império! O certo é que depois disso com o Ti Xico passou a ser Bom Dia, Boa Tarde ou Boa Noite conforme a hora em que nos cruzávamos. O Ti Xico tocava banjo lindamente. Transportava-me para o Paraíso.



Com o Ti Zé Maria a estória foi de outro quilate. No Arrabalde, lusco-fusco, vejo um ferro com brasas a brilhar como estrelas incandescentes qual peça de fantasia. Peço licença - ser neto do Ti Zé Caratana a isso obrigava - para entrar e espigadote de Lisboa, questiono. 


- Isso é algum utensílio com poderes mágicos de um «filme americano de fição científica»?

Ao que ele respondeu. «É sim senhor! Olha ali para a tua esquerda. O que vês?»

Respondi: «Uma peça de pano!»


Ele voltou: «Agora olha para a tua direita. O que vês?»

Respondi. «Um fato completo!»


Ele terminou a conversa, rematando: «Como vês este utensílio espacial de fantasia faz magia!»


Era assim que se crescia em Montalvão


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