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21 novembro 2019

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Estradas: Montalvão Sem Nisa (Século XX)

21 novembro 2019 0 Comentários
ERA UMA VEZ MONTALVÃO E NISA FICOU DE FORA!





1809
As ligações são muito difusas. Existem mas percebe-se que apenas as principais localidades têm caminhos largos. Entre localidades maiores e menores restam caminhos estreitos (trilhos) muitas vezes impraticáveis em invernias agrestes. O "drama" é que durante um século praticamente não há cartografia geral. Há mais localizada à volta das principais cidades (capitais de distrito) e entre estas. O "vazio" está sempre em vias de poder deixar de o ser com o avolumar do interesse em investigar e descobrir. Até lá...


(clicar em cima desta e de quase todas as imagens permite melhor visualização das mesmas)





1901
A estrada que liga Alferrarede a Montalvão, a Nacional n.º 359 começou de "mansinho". Ei-la em 1901. Por Mouriscas até Mação. Interrupção. De Nisa para Montalvão ficou curto, pouco depois da Ribeira de Nisa lá no topo da cumeada onde estava a «Casa dos Cantoneiros» Mas importante pois neste ponto há uma encruzilhada mesmo com caminhos de "terra batida": para Sul (Nisa); para Leste (Póvoa e Meadas); para Norte (Montalvão e Salavessa - pelos Barros ou Barreiros Vermelhos); e para Oeste (Pé da Serra e desvio para a Salavessa). Montalvão uma ilha rodeada de terra!




Há muito que se exigia
A estrada tinha que ligar Montalvão à «rede nacional» e não ficar um caminho de "terra batida" entre o Monte Queimado e Montalvão. Nasceria, mais tarde, a variante n.º 3. Mas... demorou!


1918
A estrada que liga Alferrarede a Montalvão, a Nacional n.º 359 continuou aos "soluços". Ei-la em 1918. Por Mouriscas até Mação e já em Furtado. Interrupção. Pequeno troço entre Amieira e Vila Flor. Interrupção. Bom "avanço" de Nisa a Montalvão, ficando pouco depois do ribeiro de Fivenco ou Fevêlo (em montalvanês) nos Barros ou Barreiros Vermelhos que era a via principal, por ser a mais segura e para tração animal - embora não a mais curta (esta era pela Corredoura) - entre Montalvão e a Salavessa. Nos Anos 70 era possível encontrar montalvanenses com 75/80 anos que se lembravam do "macadame da estrada de Nisa só chegar à ponte do ribeiro de Fevêlo". Montalvão planeada em ser ligada a Nisa, por piso duro, na principal carta existente em Portugal, a editada pela Vacuum Oil, em 1918. 



Mas também em edição "oficial" na Carta Corográfica de Portugal






1950
A estrada que liga Alferrarede a Montalvão, a Nacional n.º 359 praticamente concluída uns... cem anos depois. Ei-la em 1950. Por Mouriscas até à Amieira. Interrupção mas previsão de ligação, por Vila Flor, para lá da Falagueira em Monte Claro. De Nisa para Montalvão estava concluída, embora como variante 3. A ideia seria fazer a ligação entre Alferrarede (Abrantes) e Portalegre, por Póvoa e Meadas, Beirã e Santo António das Areias. Não "saiu do papel" certamente por habilidade em ligar Nisa a Póvoa e Meadas pelos muros das barragens do Poio (inaugurada em 1932) e, embora quase 30 anos depois, a da Póvoa (inaugurada em 1928) com estradas em macadame a do Poio e já em alcatrão a da Póvoa. Solução mais simples e... barata. As linhas de água estavam ultrapassadas por elas próprias. Montalvão deixou de ser uma ilha rodeada de terra!



Em 1937 entre Nisa e Montalvão a estrada de macadame (piso duro) estava concluída. Seguiram-se pormenores, entre eles o alcatroamento.  Depois o que houve foi a construção de vias rodoviárias mais importantes que a EN 359 envolventes às ligações para Montalvão (ver NOTA FINAL)


1969
A estrada que pretendia ligar Alferrarede a Portalegre, a Nacional n.º 359 deixa de fazer sentido pois o troço entre Montalvão (com mais rigor cumeada atrás da "ex-Casa dos Cantoneiros") e a Beirã não será construído. 

A tracejado o troço entre a estrada Nisa/Montalvão para a Beirã (via Póvoa e Meadas) que nunca passou do papel

A Estrada Nacional n.º 359 vai ter inúmeras variantes. Quatro (mas vão ser mais...) Ei-la em 1969.  Por Mouriscas até Envendos e depois a findar na Amieira. Interrupção. Seguia-se o troço de ligação a Nisa pelo Monte Claro. Depois a habitual e ancestral ligação a Montalvão, pela variante 3. No outro extremo o troço Portalegre para a Beirã com a variante 4 que ligará a Beirã à Fadagosa pela Herdade do Pereiro. 




1979
A estrada que liga Alferrarede (subúrbio de Abrantes) a Montalvão, a Nacional n.º 359 com ligação a sul de Envendos para a margem do rio Tejo onde havia uma "barcaça" (o símbolo (\\) no mapa é esse...) para transporte de automóveis e outros veículos de tração animal/pessoas para a Amieira. Ei-la em 1979. Por Mouriscas, Mação, Envendos, Amieira e Vila Flor. Depois a ligação que, prevista, nunca foi construída, entre Vila Flor, Albarrol e Monte Claro. Daqui até à «ex-Casa dos Cantoneiros». Depois a variante 3 para Montalvão, pois a EN 359 nunca foi construída na ligação à Beirã por Póvoa e Meadas numa ligação a Leste da «ex-Casa dos Cantoneiros». E o troço - Portalegre à Beirã - que tinha começado do outro lado, pois a estrada (EN 359 era, no "papel" era uma ligação, Portalegre - Alferrarede - Portalegre). Mais uma variante, a 4, da Beirã à Fadagosa.






1989
A estrada que liga Alferrarede a Montalvão (desde Nisa variante 3), a Nacional n.º 359 com duas alternativas a sul de Envendos com a construção da barragem do Fratel (inaugurada em 1973 e posterior utilização para atravessar o rio Tejo). Ei-la em 1989. Por Mação até Envendos e depois a findar na Amieira ou a alternativa pela barragem do Fratel e ligação a Nisa pelo Monte Claro. A ligação a Montalvão há muito que estava concluída. No outro extremo, a EN 359 que ligará Portalegre à Fadagosa (variante 4 desde a Beirã), por Santo António das Areias, Beirã e Herdade do Pereiro.




1999
O Novo «Plano Rodoviário Nacional» tudo vai modificar com a previsão da construção de uma via rápida com separador central entre a A1 e o IP2, paralela ao rio Tejo "decalcando" a EN 359 mas forçando passagens a cortar acidentes de terreno, com viadutos ou esventrar elevações, impossível de fazer no século XIX. A Nacional n.º 359 degradada como quase sempre esteve por ser incipiente desde a origem cumpre: Alferrarede - Mouriscas - Mação - Furtado - Envendos - Amieira ou Gardete/Fratel (variante 7) - Monte Claro - Nisa - Montalvão (variante 3 desde a "ex-Casa dos Cantoneiros"). Interrupção que nunca passou de projeto. Depois o outro extremo, pela Beirã (desta a variante 4 da Herdade do Pereiro à Fadagosa) - Santo António das Areias - Portalegre.  



2019
Na atualidade as estradas deixaram de ter interesse em estarem numeradas. A ex-SCUT (ex-Sem Custos para o UTilizador) ou A-23/IP-6/E 806 (Autoestrada 23/Itinerário Principal 6/Estrada Europeia 806) "abafou" a centenária EN 359 - Alferrarede para Montalvão, embora variante 3 depois da cumeada (limite da freguesia de Montalvão para as duas freguesias de Nisa (para Oeste) e para a freguesia de Póvoa e Meadas (para Leste). A tal interrupção que nunca passou de projeto. Depois a variante 4, pela Beirã - Barretos - Santo António das Areias - Portalegre. 
     


Custou... mas foi!

NOTA 1: Quando a Estrada Nacional n.º 359 foi pensada e iniciada (meados do século XIX) fazia todo o sentido pois Montalvão, bem como toda a região do concelho de Nisa tinha ligações muitos fortes a Abrantes, desde militares a eclesiásticas, como se escreverá um dia destes neste blogue. Quando a EN 359 foi concluída, em final dos anos 30, já fazia pouco sentido. Mas isso só significou que o País evoluiu noutro sentido cem anos depois. Quando terminou a construção do troço final, em macadame, até ao início da rua de São João/Arrabalde estava já, em execução, pelo Município de Nisa, desde 1934, a transformação do antigo caminho (piso mole em terra batida por séculos de utilização) entre Montalvão e a Póvoa e Meadas em estrada municipal (mais estreita) em piso duro (macadame) para ligar com o troço que o Município de Castelo de Vide já tinha construído até à "fronteira" entre os dois concelhos que coincidem com a "fronteira" entre as duas freguesias: Montalvão e Póvoa e Meadas;
 
NOTA 2: A localização de Montalvão (sede de Concelho e depois de Freguesia) num extremo, permite-lhe ter uma posição de charneira rodoviária que aumentou com a construção da barragem de Cedillo. Tem mais três estradas em piso duro (alcatroado): 
Ligação a Póvoa e Meadas e desta a Castelo de Vide;
Ligação à Salavessa, o segundo (agora apenas "outro") grande aglomerado populacional da freguesia;
Ligação a Espanha (tem dias, de vez em quando...) pela Barragem de Cedillo por uma variante circular que evita a passagem pelo centro da povoação e que tem muito para contar pois foi pensada nos anos 60 - para evitar a circulação de veículos pesados para permitir a construção da barragem - mas apenas executada nos Anos 90! 

"Pano para mangas" para num dia destes (aproveitando o frio e a chuva que apareceu por Portugal) escrever acerca delas!
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