As estradas chegaram tarde. Utilizavam-se os caminhos e as azinhagas (caminhos murados), ou seja, via pública entre propriedades privadas delimitadas por muros construídos com pequenas lajes de xisto e ponedos.
Em 1901, quanto a estradas, Montalvão continuava uma ilha rodeada de terra! |
Antes das estradas e até mesmo depois delas pois não havia meios - principalmente automóveis - para lhes dar uso constante e necessário, os montalvanenses tiveram nos correios, depois telégrafo e a seguir telefone a possibilidade de quebrar - nem que fosse em sentimento - esse isolamento. Sabe-se que em 24 de abril de 1758, como sede de concelho, Montalvão não tendo correio era servido por Portalegre: enviava correio às quintas-feiras e recebia aos sábados. Depois passou a ser servido por Nisa e finalmente passou a ter correio na localidade. Mas esta história, com datas precisas e concretas, tal como a do telégrafo e do telefone fica para outro dia.
Em 1888 com a construção da ponte rodoviária (e pedonal), sobre o rio Tejo, nas Portas de Ródão, houve um avanço importante nas ligações pelo Interior de Portugal entre o Norte e o Sul e vice-versa, como é óbvio.
O correio "acelerou" com a possibilidade de fazer chegar uma carta ou encomenda entre Montalvão e Castelo Branco em menos de 24 horas. Montalvão (estação de 5.ª categoria) recebia a mala de correio de Nisa, diariamente, ao meio-dia (tinha saído de Nisa cinco horas antes pelas sete da manhã) e expedia para Nisa duas horas depois - era almoçar e regressar - pelas 14 horas.
Nisa (estação de 4.ª categoria) expedia para Montalvão às sete da manhã (depois de cinco horas de caminho chegava ao meio-dia) e recebia de Montalvão às sete da tarde (cinco horas depois de ter saído, pelas duas da tarde).
Castelo Branco (estação de 1.ª categoria) recebia a mala postal de Nisa às 11:30 da manhã (depois de seis horas e meia de caminho, pois saía de Nisa às cinco da manhã) e enviava às duas da tarde para Nisa (onde chegava às oito e um quarto da tarde, depois de seis horas e um quarto de caminho).
Resumindo e concluindo
O que fosse expedido de Montalvão para Castelo Branco, saía às duas da tarde da localidade para chegar a Castelo Branco no dia seguinte às onze e meia da manhã (21 horas e meia depois). De Castelo Branco para Montalvão era despachar até às duas da tarde para chegar no dia seguinte pelo meio-dia (22 horas depois).
Uma "rede de comunicações" engenhosa e radicular que permitia chegar aos lugares mais recônditos mesmo sem estradas.
Por caminhos e azinhagas...
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