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09 outubro 2019

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A Azinhaga Que Nunca Chegou a Rua

09 outubro 2019 0 Comentários
QUANDO SE TENTA COMPREENDER A EVOLUÇÃO DA REDE VIÁRIA E MALHA URBANA DE MONTALVÃO, PENSA-SE NUMA QUESTÃO METAFÍSICA.
Levantamento do cadastro rústico em 1953

Se Montalvão não tem começado a perder população nos Anos 50 mas, pelo contrário, se tem continuado a crescer para além dos três mil habitantes até aos quatro mil montalvanenses, cresceria para onde? A necessidade de construir mais casas seria premente. Havendo que construir mais 100 ou 150 casas onde seriam estas construídas? Nunca se saberá! Não foi necessário fazê-las. Mas não custa (até dá satisfação imaginar). Acredito que a Corredoura, bem como a rua da Porta de Baixo e a de São João, principalmente a rua das Traseiras/Cabine, talvez a rua das Almas e de Ferro que continuariam a preencher-se de casas cada vez mais afastadas do centro da aldeia. Mas o que parece mais lógico por estar mais central, ligando a rua das Traseiras (depois prolongada para a da Cabine) à rua de Ferro e paralela à rua da Costa seria a azinhaga dos Touris ou Touriles passar a ser uma rua.



A expansão para sul em direcção ao sítio do Bernardino («Bôrnádim» em montalvavês) também parece viável mas é mais aceitável ser possível no final do século XX e início de XXI, com o aumento da quantidade individual de transporte automóvel e de materiais de construção em betão que nas condições existentes em Montalvão nos Anos 50 e 60. Quanto mais perto do centro da aldeia, melhor. A acessibilidade às lojas, casas dos Lavradores e artesãos era muito mais rápida e cómoda vivendo perto do núcleo central que nos extremos.



Quando se conversava com os montalvanenses que tinham 60/70 anos nos Anos 60/70, ou seja, com a idade do século XX estes lembravam-se bem da necessidade que houve em fazer casas nos quintais da rua Direita para o lado da rua de São Pedro que deve ter sido a última rua a ser formada, quer do lado norte (casas nos antigos quintais das casas da rua Direita, lado sul), quer do lado sul da rua de São Pedro pouco depois da casa do "Pátio" em direcção à Ramalhoa (onde foi construído o edifício da Casa do Povo). 

Os decanos da aldeia nos Anos 60/70, muitos deles nascidos em final do século XIX até diziam que para lá do «Pátio» havia a "azinhaga para o São Pedro" que levava à Ermida e para lá da «Casa do doutor Mário» começava o "Caminho da Salavessa" que passava pela Ermida do Espírito Santo e pela de Santo António.



Pelos Censos de 1940 e 1950 houve - mesmo com uma diminuição de população - a construção de mais seis casas, passando de 477 para 483. É provável que algumas dessas casas fossem construídas na Corredoura ou na rua de São Pedro, colocando a Ermida de São Pedro e a do Espírito Santo, mas principalmente a de São Pedro, dentro da localidade.
No Recenseamento de 1940 houve 62 habitantes que pela meia-noite de 12 de dezembro não estavam na freguesia daí o registo de 2 610 presentes em 2 672 residentes; NOTAS: Fogos = edifícios para habitação; V - Varões/Homens; F - Fêmeas/Mulheres; VF - Totais

O núcleo de casas entre a azinhaga das Bruxas (depois da Casa do Povo) e a azinhaga do São Pedro foi construído entre final dos Anos 20 e o início da década de 30. A rua de São Pedro foi-se consolidando até à Ramalhoa nos primeiros vinte anos do século XX e depois da Ramalhoa nos seguintes.  


A capela de São Pedro ficava fora da povoação (era uma ermida) e a do Espírito Santo também, estando esta praticamente a desaparecer. Ambas estiveram séculos para lá dos limites da Vila.





Aquando do inventário dos danos provocados pelo terramoto, no 1.º de novembro de 1775, a descrição (arquivada na Torre do Tombo, em Lisboa) que Vigário Frei António Nunes de Mendonça faz, em 24 de abril de 1758, a pedido do Poder Central, em Lisboa (original e tradução) é inequívoca:


«13 - As Ermidas, quem dentro da Villa, hé sómente a de Sam Marcos, que tem altar próprio, que tem Irmandade, e nada de renda; tem outro altar de Sam Joaõ Baptista; outro de Santa Maria Madalena, que não tem Irmandade nem renda = Fora da Villa tem Igreja do Espírito Santo, que tem Mordomos, e algumas rendas = Tem mais a Igreja de Sam Pedro, quem Mordomos, e alguma renda = ...»
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