A FREGUESIA DE MONTALVÃO ATINGIU O APOGEU DEMOGRÁFICO, DESDE A SUA ORIGEM, POR VOLTA DE 1947 E O PICO DA ESTRUTURAÇÃO SOCIAL E FUNCIONAL DURANTE OS ANOS 50.
Os Recenseamentos Demográficos realizando-se a cada dez anos não permitem saber quando foi atingido o maior número de habitantes na freguesia mas deve ter sido aproximadamente de 2 750/2 800 pessoas em meados dos Anos 40. O crescimento na década anterior, em média, 17 pessoas por ano - o maior registado desde sempre - segue a tendência geral do País. Apesar da pobreza endémica a melhoria das condições de saúde - principalmente com a redução da mortalidade infantil e da taxa de mortalidade global - permitiu que sobrevivessem mais crianças e adiar alguns anos os óbitos, com ligeiro aumento da esperança média de vida.
A uma maior pressão demográfica a freguesia "respondeu" com o topo da organização social estruturando as funções que no interior do principal núcleo populacional (Montalvão) respondiam às necessidades dos montalvanenses. Assim em meados dos Anos 50 foi conseguido o maior número de população ativa não agrícola a servir a esmagadora atividade económica - lavradores e empregados destes - que faziam de Montalvão um núcleo exemplar do Mundo Rural Português a Sul do rio Tejo. Um aglomerado urbano linear, contínuo sobrepovoado - quase cinco membros por família, em média, a habitar em 483 casas - com um vasto território agrícola ao redor, pouco fértil, mas com dimensão para garantir um mínimo aceitável de condições no limite da sobrevivência.
Com quase três mil habitantes (mais de dois mil em Montalvão juntando-lhe o Monte de Santo André e o sítio do Bernardino) num espaço tão reduzido, a necessidade de servir condignamente as necessidades da vida da população, permitiu atingir uma maior funcionalidade dentro da povoação. Nunca antes Montalvão tivera tanta oferta mas também rapidamente ela irá desaparecer com o contínuo esvaziamento demográfico, para a área de Lisboa e depois para a emigração. Os artesãos que floresceram, por terem muita procura nos Anos 40 e 50, não se vão renovar - as filhas e os filhos não seguirão a profissão dos pais - pelo menos no aglomerado populacional de origem que tendo cada vez menos procura vão envelhecendo (sem renovação geracional) e "fechado portas".
O topo demográfico e o auge social de um dos aglomerados populacionais mais impressionantes - em dimensão e organização - do interior português começava a desertificar-se e a desarticular-se socialmente incapaz de garantir melhores condições de vida aos seus habitantes.
A energia eléctrica (1948) com a instalação da "Cabine" (na rua das Traseiras com a azinhaga dos Touris ou Touriles), o edifício novo da Escola Primária (1949) substituindo a casa alugada na rua da Barca, o «Cemitério Novo» afastado do povoado, inaugurado simbolicamente, em 1 de novembro de 1951, libertando de sepulturas a cerca murada do Castelo ou «Cemitério Velho», o edifício novo da «Casa do Povo», inaugurado em 10 de setembro de 1952, no "Tchon" da Ramalhoa - rua de São Pedro - que fora organizada com espaço para servir a população, em 3 de maio de 1942 (numa casa alugada, na rua Direita em "frente à taberna do Jaime"), o «Depósito» erguido em 1959 mas só utilizado mais tarde no início dos Anos 60 com distribuição de água domiciliária (uma torneira atrás da porta de entrada) e o saneamento básico (apenas uma pia, no piso térreo, na maior parte das casas) em final desta década e, em pleno funcionamento, no início dos Anos 70 chegaram tarde demais! Ainda a tempo para quem ficou mas... Os montalvanenses começavam a desertificar o povoado.
Mas isso são outras histórias, embora dignas de serem contadas
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