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29 setembro 2023

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Notícias da Minha Terra

29 setembro 2023 0 Comentários

NÃO SE PODE DIZER QUE MONTALVÃO TEVE UM JORNAL, MAS PODE-SE CONSIDERAR QUE MONTALVÃO QUASE TEVE UM JORNAL. 


O jornal "Notícias da Minha Terra» não era de Montalvão, a Sede era em Castelo de Vide, mas ao número 33 (15 de maio de 1962) passou a ter em todos, ou quase todos, os números notícias de Montalvão.



A iniciativa de editar um jornal do Norte do Alto Alentejo foi excelente, inteligente e oportuna

Com o abandono demográfico, para os países do centro da Europa (com a França em destaque, na emigração) e para as cidades do Litoral (com os arredores de Lisboa, a receberem grande parte, do êxodo rural) fazia todo o sentido aproveitar o facto de ainda existirem párocos em quase todas as paróquias, mas cada vez menos paroquianos para informarem os que ficavam e os que partiam das ocorrências nas localidades. Além disso os que partiam para locais onde podiam deixar de ter o apego religioso que tinham nas localidades onde desde criança conviviam com o catolicismo como fazendo parte da sua vida - a Igreja Matriz de Montalvão manteve sempre as portas abertas desde a sua fundação até início dos Anos 70 do século XX - eram 24 horas por dia, 365 ou 366 dias por ano durante séculos. Quando alguém estava em dificuldades sendo crente (quase todos eram) fraqueava a porta e tinha o espaço à sua disposição para rezar, agradecer, pedir ou oferecer. Era assim em terras isoladas que pouco ofereciam a não ser saber que a igreja podia reconfortar quem sentia que podia ser ajudado. O jornal sendo feito por párocos continuava a oferecer essa ligação, mesmo a quem estava mais isolado ou sentia-se menos reconfortado. Também foi criado com esse propósito.  

 


As assinaturas cresceram rapidamente

Pois quem estava afastado da sua paróquia de nascimento ou onde habitara nos primeiros anos de vida - até ao afastamento para longe, por motivos profissionais ou particulares - era a forma de o receber a centenas ou milhares de quilómetros de distância. Foi assim que tomei conhecimento dele, lendo-o de ponta-a-ponta, mesmo nas referências a outras localidades. Como os meus pais o assinaram ainda antes de saber ler, mas foram-no juntando e colecionando, quando aprendi a ler entretinha-me a ler números atrasados, depois de ler o último número/edição que chegava à nossa morada e enquanto não chegavam as novidades do número seguinte. Pode-se dizer que foi um precioso auxiliar em "afinar" a minha leitura, desde os seis/sete anos, por isso sempre tive (e tenho) um enorme respeito e consideração por este jornal tão simples, mas tão significativo na minha infância e inicio da adolescência. Um jornal é por norma uma fonte noticiosa efémera que se esgota rapidamente, mas juntando-os e conservando-os torna-se um repositório e fonte histórica importante, pois há ocorrências que ficam datadas.   

 


O «Notícias da Minha Terra» nasceu em 1961 e terminaria em 1985, durando 25 anos, mas houve várias alterações

Menos no pequeno formato que se manteve inalterado: 43 centímetros por 30 centímetros cada página. Como geralmente eram quatro representava um retângulo de 86 centímetros por 60 centímetros, lido dos dois lados.  Por vezes havia uma folha solta, ou seja, o jornal tinha seis páginas: 86 x 60 + 43 x 30. Raramente duas folhas - oito páginas. Entre o n.º 1 (15 de janeiro de 1961) e o número 331 (15 de janeiro de 1975) era quinzenal (quinzenário) com saída a 1 e 15; depois entre o 332 (10 de fevereiro de 1975) e o 397 (20 de fevereiro de 1979) com saída a 1 e 20 de cada mês; e entre o número 398 (15 de março de 1979) e o 464 (novembro de 1985) passou a mensal (mensário), com saída a 15 de cada mês. 



O jornal começou por ser  para as paróquias/freguesias do concelho de Castelo de Vide, Marvão e três freguesias/paróquias do concelho de Portalegre, mas depressa passou para o concelho de Nisa

Com as suas nove freguesias/paróquias e até informação de quase todo o Norte e Nordeste Alentejano.





Havia de tudo...

Desde notícias triviais, até drama, tragédia, comédia e farsa. Era o que havia! E havia de tudo...



EFEMÉRIDES


Há 40 anos - 1983 - aconteceu...

Atrasos inqualificáveis que nem sequer permitiram lançar "a primeira pedra" no edifício para o Mercado de Montalvão. Que seria erguido e ainda lá está embora sem Mercado.



Há 50 anos - 1973 - aconteceu...

Os "festeiros" apresentaram as contas das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios.



Há 60 anos - 1963 - aconteceu...

Preparativos para mais uma edição das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios de que há notícias em final do século XIX, mas deve levar mais de 200 anos de realização ininterrupta.



Assim se foi fazendo, embora nos Anos 60, 70 e 80 seja mais... desfazendo Montalvão.



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