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25 outubro 2023

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Manuel Godinho: Chega a Portugal

25 outubro 2023 0 Comentários

HÁ 360 ANOS O MAIS ILUSTRE MONTALVANENSE REALIZOU A VIAGEM QUE LHE PERMITIU ESCREVER O LIVRO QUE LHE DEU O "PASSE" PARA A IMORTALIDADE.




Depois de deixar a Índia (Baçaim) em 15 de dezembro de 1662 aporta em Cascais, há 360 anos, em 25 de outubro de 1663.

Pia batismal da Igreja Matriz de Montalvão onde foi batizado, em 23 de Abril de 1634

Nasceu em Montalvão, em 5 de dezembro de 1633, há 390 anos, mas aos 15 anos, em 3 de junho de 1649, ingressou na Companhia de Jesus, em Coimbra, onde fez um percurso notável de aprendizagem, com erudição (vastos conhecimentos de um série infindável de saberes) e cultura (capacidade de observação, análise das situações e sentido crítico perante a realidade) que ficou para a posteridade no livro que em boa-hora decidiu escrever e publicar. 


Em 1655, com pouco mais de vinte anos, seguiu como missionário para «as Índias» onde Portugal assegurara desde a célebre viagem de Vasco da Gama (1498) importantes conquistas comerciais e presença em algumas localidades que permitiam o comércio.

A viagem de ida e de regresso do Padre Manuel Godinho tendo em conta (na ida) o percurso habitual, no século XVII, em 1655, das «Naus da Carreira da Índia» de madeira com navegação à vela e de regresso, em 1663, um misto mar/terra/mar como está descrito no seu mais famoso (e interessante) livro publicado em 1665. 

Tornou-se homem de confiança do vice-rei António de Melo e Castro que viu nele o português com qualidades e condições para viajar disfarçado, por uma rota improvável a ter que ser desbravada por ele, num percurso feito em grande extensão por terra e depois pelo Mar Mediterrâneo (em vez de viajar pela rota instituída por oceano) numa missão secreta que o vice-rei consideraria fundamental para assegurar que Portugal continuaria a ter na Índia uma posição sustentável face ao crescente poderio dos ingleses. Não se sabe ao certo - ou não fosse uma missão secreta - o que tornou tão imperioso fazer o padre Manuel Godinho retornar a Portugal, escondido de tudo e todos expondo-se a "mil perigos", no final de 1662, ou seja sete anos depois de ter chegado a esse território ultramarino. Consta que o vice-rei Melo e Castro considerava desastroso Portugal ceder a importante praça de Bombaim - localização estratégica para manter as restantes praças - a Inglaterra, como foi decidido em 1661, integrando-a no dote de casamento de D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra. 


Em 1665 publicaria o livro a relatar essa viagem que fez por uma rota improvisada visto a viagem ser secreta. Uma obra notável que teve várias edições. A penúltima em 1944 e a última em 1974. Espero que em 2025 (360 anos da publicação da 1.ª edição) seja publicada a 5.ª edição, depois de 1665, 1842, 1944 e 1974. Eis um exemplar digitalizado da 2.ª edição (clicar) ou nesta (clicar).


A missão, iniciada em Baçaim, acabou por ter sucesso - Manuel Godinho conseguiu chegar a Lisboa, desembarcando em Cascais - mas se os objetivos eram os que se supõe serem fracassou totalmente pois Bombaim foi entregue aos ingleses. Entretanto o montalvanense viu-se envolvido nas intrigas políticas e religiosas da época. De provável herói a indesejado foi um pequeno passo. Incompatibilizou-se com o padre geral da Companhia de Jesus, João Paulo Oliva e impedido de regressar à Índia por se temer pela sua segurança tendo em conta que para os ingleses era «persona non grata» valeu a Manuel Godinho ser respeitado e considerado pelo rei D. Afonso VI, com 23 anos (dez anos mais novo que o padre Manuel Godinho) e por sua mãe D. Luísa de Gusmão para não cair em desgraça. Em 1667, apenas quatro anos depois de chegar de tão importante missão e dois anos depois da autorização para publicar o livro que relata a viagem, abandonou a Companhia de Jesus. Foi "desterrado", em maio do mesmo ano, para Loures, então uma paróquia rural periférica, embora importante, mas nos arredores da capital. Tinha pouco mais de 33 anos. Por lá ficou quase 45 anos. Faleceu a 25 de fevereiro de 1712, aos 78 anos e em Loures foi sepultado, há 311 anos.


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