O GENIAL POETA GUERRA JUNQUEIRO FOI TRAÇO DE UNIÃO ENTRE GERAÇÕES DE MONTALVANENSES.
Nunca deve ter estado, sequer próximo, de Montalvão... mas não ia ele a Montalvão tinham que ir os montalvanenses até ele. Os de Montalvão e de todo o Portugal. Isto porque alguns dos muitos textos que escreveu fizeram parte dos livros de leitura durante um século.
Guerra Junqueiro faleceu em 1923, ou seja, há cem anos pois estamos em 2023. Nasceu em Freixo de Espada à Cinta (15 de setembro de 1850) e morreu em Lisboa, aos 72 anos (7 de julho de 1923). Foi um dos mais ilustres portugueses do seu tempo, mas seria também o tempo a apagar a sua popularidade. Teve um dos maiores cortejos fúnebres que se realizaram em Portugal, está sepultado no Panteão Nacional, mas é na atualidade uma figura esquecida. E muitos portugueses ainda têm decorados alguns dos seus escritos quando frequentaram o Ensino Primário. Muitos sem saberem que são da autoria de Guerra Junqueiro. O funeral teve honras de folhetim apresentado antes de filmes e peças de teatro exibidas em Lisboa e Porto (Cinemateca - Ficha).
Guerra Junqueiro foi estudando e avançando no grau de ensino e de localidade, terminando por habitar em Lisboa. Iniciou-se na escrita em jornais e depois a editar livros. Em 1892 foi publicado "Os Simples" com recolha de poemas feitos durante alguns anos. Foi deste livro que, depois, os autores dos «Livros Escolares da Instrução Primária» escolheram "A Moleirinha" que passaria a clássico pois integrou anos a fio os livros escolares independentemente dos anos e dos autores.
Dos quatro avós - dois avôs e duas avós - que todos têm só o meu avô materno estava alfabetizado com a quarta classe. Foi num livro semelhante ao do "Método Castilho" que fez os quatro anos da "Escola Primária", em Montalvão. Tinha o livro sempre por perto na carpintaria "O Lagar" na rua das Almas, embora 60 anos depois - quando vi o livro - este já estivesse "destrambelhado" com umas folhas para ali e outras para acolá, mas lembro-me que tinha "A Moleirinha" pois o meu - quase seis décadas depois do livro dele - também tinha essa lição. No do meu avô era muito maior o que deu para perceber que ao meu já só tinha chegado um excerto de "A Moleirinha".
Ao contrário daquilo que se pensa nunca houve um "Livro Único". Chegaram a coexistir cinco livros para a mesma classe aprovados por estarem dentro dos critérios definidos pelo Ministério da Instrução. Geralmente eram dois, um adotado para Sul e outro para Norte, escritos por professores primários mais a Sul e outros mais a Norte, abordando temáticas mais relacionadas com o Sul ou com o Norte.
Os livros tinham era muitas reedições (com ligeiras alterações), mantendo-se muitos anos. Passavam de irmão para irmão, para primos e até de pais para filhos, o que era extraordinário. Ficava-se com a ideia que era "livro único" mas tal nunca correspondeu à realidade.
Em Montalvão, durante muitos anos, desde os Anos 30 até início da década de 50 - e não acredito que se soubesse que um dos autores era montalvanense - os livros de leitura foram os "das meninas a ler".
A geração dos Anos 30 e 40 - filhos do Ti Zé Caratana, por exemplo - já teve uma leitura auxiliada por uma ilustração, mas sempre o mesmo:
A geração dos Anos 50 - sobrinhos do Ti Zé Caratana, por exemplo - já deparou com uma ilustração mais nítida.
A geração dos Anos 60 e 70 - neto do Ti Zé Caratana, por exemplo - já teve uma leitura mais didática, mas sempre o mesmo:
Mas Guerra Junqueiro teve muitos outros textos publicados nos Livros de Leitura da 3.ª e 4.ª classes, como este, cheio de ternura:
Assim se foi fazendo (e desfazendo) Montalvão
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