O MEL DA SALAVESSA É COMO TER O SOL DENTRO DE UM FRASCO.
Só que a lava é perfumada como se fosse lavanda. E é pois o rosmaninho (Lavandula stoechas) domina como néctar convertido pelas abelhas em mel.
NOTA: Agradecimento muito especial, pois a Salavessa sempre ficou para mim, distante, aos ilustres salavessenses: José Henriques, Luís Duarte Silva e Luís Mário Bento. Para este texto, tal como no anterior (clicar).
Desde que há documentos escritos que há referências ao mel de Montalvão (clicar para texto onde se faz referência ao mel montalvanense em... 1758). Muito antes do território ser povoado já as abelhas tinham muito por onde fazer mel.
Os solos esqueléticos permitiram que crescessem mais pequenas plantas (como o rosmaninho) e arbustos (como a esteva/xara e giesta) que árvores. O esforço gigantesco de uma população repartida por várias gerações em sobreviver da agricultura em terrenos impróprios para ela. Só com técnicas agrícolas engenhosas e muito sacrifício diário tornou isso possível até meados do século XX.
São terrenos sem aptidão para a agricultura, pois não têm espessura nem matéria orgânica que a suporte. Sempre com humidade insuficiente e nas encostas a sofrer de terrenos sujeitos a ter água a escorrer em vez de se infiltar pois a rocha está logo por baixo quando não à superfície, como é vulgar.
A pressão demográfica crescente desde o século XVIII até ao auge nos Anos 40 do século XX obrigou a cultivar tudo o que estivesse disponível mesmo que o rendimento fosse à míngua. Um anel de olival à volta da Salavessa e outro exterior de montado com sobreiros e uma bolsa de azinheiras onde sobreviviam melhor que os sobreiros (estes necessitam de mais humidade, principalmente no ar). Nas encostas as searas que davam mais trabalho que grão. Junto às linhas de água mais olival para aproveitar a humidade do solo e a área aplanada proporcionada pelos cursos de água. Variedade só na área a Sudeste (na cumeada entre os dois grandes ribeiros) onde deixa de haver solos de barro de xisto e passa a cascalho e arcoses. A riqueza da Salavessa - com água, hortas e variedade alimentar - em relação a Montalvão e, certamente, a razão de se ter conseguido organizar um povoado - habitação permanente e continuada desde muito cedo na história do território montalvanense - diferenciando-se da grande "Vila" de Montalvão.
Há apiários (alpendres para colocar colmeias ou cortiços) com mais de um século de existência.
A desertificação humana com o abandono dos terrenos agrícolas fez com que as plantas que outrora viram reduzir o seu espaço voltassem a ocupá-lo. Olivais e montado sem tratamento com arados e charruas libertou o espaço para o regresso do rosmaninho, xaras e giestas, entre carquejas, gamões, trevisco e muitas outras espécies autóctones.
São lençóis com quilómetros quadrados ao dispor do instinto obreiro e meticuloso dos enxames das abelhas e do mel.
Novos apiários resultantes da evolução tecnológica aproveitando os declives expostos a Sul por onde corre o Sol durante a maior parte do Dia.
Ainda há cortiços... belos a relembrar os tempos de outrora que trouxeram fama ao mel da Salavessa.
E modernas colmeias com outra capacidade e rapidez para delas extrair os bens preciosos - mel, cera, geleia, etc. - produzido pelas laboriosas abelhas.
Longa vida às colmeias, enxames e apicultores da Salavessa. Garantia de termos o Sol perfumado e delicioso em cada casa. Em todas as casas.
Tudo muito bem explicado. Não há mel como em Salavessa!!!
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